Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: PROIBIDO PARA MENORES - Bulas

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO

Date: ter., 20 de jun. de 2023

Subject: bulas

PROIBIDO PARA MENORES

Elas são extensas, na maioria das vezes. Ao desdobrá-las, o papel faz um barulhinho diferente. E, então, você começa a imersão em um mundo desconhecido, cheio de informações, ignoradas por uma parte dos envolvidos. Que afirmam, nunca as lerão. Para uma outra parte, na qual me incluo, impossível não conhecer o que dizem. Hábito ruim? Não sei. Mas não resta dúvida que é uma leitura perigosa, portadora de conflitos, indecisões, fugas, exílios e efeitos colaterais graves.

Assim se constituem as bulas. Se você é alérgico, é obrigatória a leitura. Se toma outros remédios, também. O fato é que entre a prescrição de remédios e seus efeitos esperados, existem alguns aspectos a considerar, entre eles: a especificidade de cada um de nós e sua história medicamentosa e a extensão dos conhecimentos médicos sobre a química dos medicamentos. Há muita complexidade envolvida, portanto. Um exemplo simples: os anti-hipertensivos. Deuses sejam louvados se você se dá muito bem com o que está usando! O que me passaram recentemente avisa que não devo usá-lo quando tiver: alergia, angioedema, estreitamento de válvula cardíaca aórtica, pressão baixa grave (se fosse este o caso, estaria tomando um anti-hipertensivo?), insuficiência cardíaca, diabetes, problemas renais e do fígado. E mais, uma longa relação de medicamentos com os quais deve ficar atenta por causa das interações. E um alerta quanto a evitar tomar suco de laranja ou toranja.

Remédio liberado para ser usado e você se depara com os efeitos colaterais. A coisa piora muito: broncoespasmo, reações cutâneas graves, tonturas e desmaios, ataque cardíaco (opa, não era para ele evitar isto?), pâncreas inflamado, icterícia. Nas reações COMUNS (1% a 10% dos pacientes): tontura, tosse e edema, dor de cabeça, sonolência, percepção de alteração do paladar, dormência ou sensação de formigamento nos membros, vertigem, distúrbio da visão, zumbido, palpitação, dor abdominal, constipação, diarreia, dispepsia, erupções, vermelhidão da pele, inchaço nos tornozelos, câimbras musculares, cansaço e fraqueza. Sinto dizer que existem ainda muito mais reações, do grupo das incomuns, porém bem sérias; entre outras, as relacionadas ao sangue, a impotência sexual e até aumento das mamas nos homens.

Medicamentos salvam vidas, mas não sei como a indústria poderia fazê-los menos perigosos. Talvez utilizando plantas, de forma mais natural? Francamente, fico meio desanimada. Quando meus filhos eram pequenos eu calculava a dose que os médicos passavam, baseada na relação miligramas, peso e gravidade do caso. E se havia diferenças na dosagem para mais eu procurava obter informações do médico. Se o remédio poderia causar alergia, a primeira dose era menor para esperar os efeitos. Continuaria atenta a isto se me fosse permitido. Em relação a mim, não prescindo destas informações. Elas são sérias e focadas nos efeitos colaterais porque as empresas não querem sofrer processos se algo der errado.

Os médicos podem alegar que efeitos deste tipo somente atingem uma parcela pequena dos pacientes. E os benefícios são muitos. E, de fato, sempre encontro pessoas que zombam do meu medo e dizem nada sentir de efeitos colaterais, além de se recusarem a ler a bula. Embora seja como um filme de terror, incluindo um suspense estressante, não consigo tomar nenhum remédio sem ler a referida. E Freud está proibido de ser utilizado para explicar qualquer coisa. Não quando eu me sinto inchada, meio tonta, com dor de cabeça ou tosse. E outras coisitas mais. (luiza).

 

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