Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 



Pobres criaturas - REYNALDO Domingos FERREIRA

De: Reynaldo Ferreira
Date: qua., 7 de fev. de 2024
Subject: Fwd: "Não estou preocupado que o filme seja mal interpretado, estou fazendo o que amo": Pobres Criaturas pode não ser compreendido por todos, mas elenco o defende - Notícias de cinema - AdoroCinema

UM FILME MAJESTOSO, "POBRES CRIATURAS ", MAS ANTES DE TUDO PERTURBADOR

REPASSANDO: "Não estou preocupado que o filme seja mal interpretado, estou fazendo o que amo": Pobres Criaturas pode não ser compreendido por todos, mas elenco o defende - Notícias de cinema - AdoroCinema

Sim, perturbador, porque ningúem, ao assistir a "Pobres Criaturas " - que pode não ser compreendido por todos, como afirma Yorgos Lanthimos, o seu realizador -, consegue, a meu ver, ficar indiferente, tanto à sua implícita mensagem moral, como à estética visual e interpretativa. Do ponto de vista moral porque o argumento, desenvolvido por Lanthimos, comporta, antes de tudo, uma abordagem crítica em relação à sociedade, dita, no filme, polida, em que nós, pobres criaturas, sob vários aspectos, vivemos e, muita vez, nos submetemos às suas convenções, deixando, ou reprimindo, muitas das nossas aspirações pessoais. Mas a película comporta também a mesma compreensão daquilo, que diz, um de seus principais personagens, que, no mundo atual, não existem condições para um cientista, nem para homem comum ter sentimentos. A época do romantismo - como, por exemplo, o do lamento de um fado português, executado numa sequência belíssima do filme - já se foi. Não existe mais.
A própria sacralização do casamento, como já havia sido, por sinal, negativada por Luís de Camões, numa peça teatral, que o levou à condenação, em seu tempo,é também, no filme, abordada.


A vida conjugal, para Lanthimos, é difícil, muito difícil, de ser aturada.
Do ponto de vista estético, a película tem uma linguagem surrealista, de apreciáveis efeitos visuais, para, naturalmente, atenuar as diversas, sérias, questões tocadas pelo roteiro, trabalhado também por Lanthimos e por outros dois, seus colaboradores.
Do ponto de vista interpretativo, a atriz Emma Stone nos presenteia com uma interpretação memorável, excepcional, tanto do ponto de vista da expressão corporal, como o da interiorização de sua personagem, que vai sofrendo diversas mutações atraves dos tempos e das condições que, como qualquer indivíduo, enfrenta, na vida. Mas todo o elenco responde de forma magistral às características de seus personagens. Willem Dafoe, como sempre, agora,no papel do cientista, está soberbo, em sua interpreteção; Mark Ruffalo, que é também um ator experiente, além de cinesta, produtor e roteirista, esbanja competência. Mas a grande surpresa do filme é, sem duvida, a meu ver, o reaparecimento de Hanna Schygulla, já idosa, a memorável atriz polaca-alemã, de "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1974) ", e de "Lili Marlene " (1981), ambos os filmes de Rainer Fassbinder. Entre os mais novos atores, destacam-se Margaret Qualley, Ramy youssef, Christopher Abbott e Jerrod Carmichael.
Enfim, "Pobres Criaturas" é um grande, magnífico espetáculo, que mereceu certamente as onze indicações, que obteve, ao Oscar deste ano. Reynaldo Domingos Ferreira

https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-1000063894/

 

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