RUSSIFICAÇÃO
ou
PUTINIZAÇÃO
Aylê-Salassié
Filgueiras
Quintão*
Tem louco
pra tudo.
Vladimir
Putin acaba
de anunciar
, num
encontro
chamado de International
Artic Forum,
o domínio
russo sobre
o território
da
Groenlândia,
que,
legitimamente,
pertence à
Dinamarca.
Em sua fala,
ele anexava
praticamente
a
Groenlândia,
a maior ilha
do mundo
(2,1 milhões
de
quilômetros
quadrados) à
Federação
Russa, numa
clara
respostas às
intenções de
Donald
Trump, dos
Estados
Unidos, de
também
ocupar o
território.
Putin tem um
projeto
chamado de
Rota do
Ártico,
similar à
tal Rota da
Seda, dos
chineses,
que, segundo
ele, já está
sendo
executado, e
que dá volta
à terra
atravessando
o Polo
Ártico.
Sai de
Murmansk, no
extremo
norte da
Rússia,
divisa com a
Finlândia
(eles estão
preocupados),
passa pelo
estreito de
Bering, ao
lado do
Alasca, e
chega a
Vladivostok,
maior porto
da Rússia no
Oceano
Pacífico,
onde vai
encontrar-se
com a
ferrovia
Transiberiana
(7,6 mil
quilômetros
de
extensão).
Por meio
dela a tal
Rota do
Ártico
atinge
Moscou e São
Petersburgo.
Dizendo-se
preocupado -
talvez para
não assustar
- , com o
meio
ambiente na
majestosa
ilha do
Ártico, ele
parece
visualizar
um grande
negócio no
derretimento
do gelo no
polo
Ártico.
O cidadão ou
a empresa
que quiser
se instalar
lá na
Groenlândia,
terá do
governo
russo
financiamentos
hipotecários
- juros
baixos e
financiamentos
a longo
prazo -,
incentivos
fiscais ,
apoio
tecnológico
e segurança
através de
um super
projeto
militar, que
envolve
navios
quebra gelo
equipados
com
tecnologias
que "só os
russos têm"
, submarinos
e navios
nucleares,
com virtudes
únicas no
mundo que
também "Só
nós temos",
declara.
De Stalin a
Putin, o
estilo não
muda. Foi
assim
anunciando,
previamente,
a
"possibilidade"
do envio de
tropas
militares
para dirimir
questões
nacionais
soberanas,
que ele
ocupou a
Geórgia, a
Chechênia, a
Criméia,
alguns
territórios
chineses e
agora tenta
se apropriar
da Ucrânia.
Sem
consultar a
Dinamarca,
ele já tem
data para
concretizar
seus
projetos de
ocupação :
"Até 2030" .
É corajoso!
Em uma
entrevista
concedida
pouco antes
a alguns
jornalistas,
ele teve a
ousadia de
revelar
abertamente
os quatro
governantes
estrangeiros
em quem não
confia:
"Scholz, da
Alemanha; o
Macron, da
França;
Albanese,
da
Austrália; e
o "amigo"
Donald
Trump", bem
como todos
que estão
fornecendo
apoio
militar para
a defesa da
Ucrânia.
A Rota do
Ártico se
estende ao
longo da
costa norte
da Rússia.
Será
interligada
por uma rede
de portos ,
aeroportos,
rodovias e
ferrovias .
Ele teria
tomado como
pressuposto
projeções de
cientistas
indicando o
aumento da
temperatura
do oceano,
que
provocaria
um degelo
amplo na
região,
elevando o
nível dos
oceanos, e
abrindo
caminho para
navios .
Prega que
os negócios
vão
mudar-se do
Sul para o
Norte,
gerando
novas
tendências
para o
comércio
internacional,
já na
próxima
década. Não
descarta a
possibilidade
de haver
uma espécie
de "rota
interna" que
liga a
Rússia ao
Canadá.
Na sua fala
no Fórum do
Ártico,
Putim
enumerou
quase 50
grandes e
sofisticados
projetos
para a
região. Em
nenhum
momento
falou de
valores e
custos
financeiros,
mas informou
que vários
países
estão
interessados
em ter
presença na
Groenlândia,
entre eles a
China e os
Emirados
árabes. O
consolo
contra as
mega
projeções
ufanistas
de Putin é
que seu
projeto,
que se
insere numa
pretensão
expansionista
dos russos
(ou dele),
tem ares de
fantasia, e
a aparência
de um PAC -
Programa de
Ação
Coordenada,
do Brasil,
com a
diferença de
que não
conta com as
tais
"emendas
parlamentares"
para se
realizar.
Ao longo do
tempo, os
russos vêm
ocupando
nações
vizinhas
soberanas e
até
diferentes
partes do
território
chinês,
inclusive a
região da
costa do
Pacífico
de
Hǎishēnwǎi
que, em
chinês,
significa
"pequena
vila de
pescadores",
e que os
russos
expansionistas
apelidaram
de
Vladivostok
, em russo
Владивосто́к
:"governar
para o
Leste". Os
russos
fizeram do
pequeno
porto de
pescadores
dos chineses
a maior
cidade
portuária da
Federação
Russa no
oceano
Pacífico,
habitada
hoje por
600 a 800
mil pessoas
. Detalhe:
metade dessa
população
são
trabalhadores
chineses.
Pode ainda
dar
problemas.
Nos Estados
Unidos, o
Governo
Trump, sob a
crítica
severa tanto
do Partido
Democrata
quanto dos
Republicanos,
também
fantasia
seu projeto
de expansão
planetária ,
proclamando,
da mesma
forma, os
EUA como o
mais forte e
o mais
desenvolvido
país do
mundo . E,
assim,
continua a
ameaçar
vizinhos
como o
Canadá e o
México,
países
aliados
seus, com a
suspensão de
privilégios
tarifários,
atormentando
ainda outro
companheiro
, como a
Dinamarca,
com a
história de
comprar ou
ocupar a
Groenlândia.
A narrativa
de Putin
inclui a
informação
de que os
norte-americanos
( e russos
também)
nunca
tiveram
interesse em
ocupar o
quase
continente
congelado.
Aos poucos,
com a
descoberta
de petróleo,
gás ,
minerais,
terras raras
e outros ,
eles vão
sendo
despertados
para a
ocupação e
exploração
do
território
groelandês.
Os
norte-americanos
já têm uma
base militar
no Ártico,
que pretende
reforçar,
diante das
insinuações
de Putin.
Os russos
também.
Mas,
australianos
e chineses
já estão
lá, com
projetos de
exploração
mineral e
até com base
militar .
Embora com
uma
população
pouco maior
que 100 mil
habitantes.
A
Groenlândia
é um
território
autônomo da
Dinamarca:
tem seu
próprio
governo,
parlamento e
moeda da
coroa
dinamarquesa.
A Dinamarca
é
responsável
pela sua
defesa e as
relações
exteriores.
A autonomia,
conquistada
em 1979, e
ampliada em
2008, após
referendos,
destaca a
busca por
sua
identidade e
independência.
Embora faça
parte,
geográfica,
do
continente
norte-americano,
ela está
política e
culturalmente
associada à
Europa . Tem
a extensão
de 2.166.000
quilômetros
quadrados,
13
localidades
com mais de
1000
habitantes.
As
principais
cidades são
Nuuk,
Sisimiut e
Ilulissat.
Os pequenos
aglomerados
populacionais
vivem
praticamente
isolados,
carentes de
tudo.
Enquanto
tudo isso
acontece,
nosso
Presidente,
Lula da
Silva,
esquivando-se
de ajudar a
Ucrânia,
depois de
provocar um
desarranjo
político e
econômico
interno,
viaja
tranquilo
para o Japão
e o Vietnam
com a Janja.
Diz-se
preocupado
com o
cenário
político do
mundo. Em
sua
companhia
encontram-se
os recém
eleitos
presidentes
do Senado,
Davi
Alcolumbre,
e da Câmara,
Hugo Motta.
Não sei se
alguém do
Supremo
Tribunal (
Tirando os
protagonistas
principais
da votação
do tal
"projeto da
anistia").
O avião
presidencial
está cheio
de
"políticos
jabutis" e
empresários
oportunistas.
No Vietnam,
foi-se
vender carne
dos irmãos
Batista ,
que está
sobrando por
aqui por
causa dos
preços
dolarizados,
e convidar o
primeiro
ministro
Pham Minh
Chinh para
participar
do BRICS
(Brasil,
Rússia,
Índia, China
e África do
Sul e mais
um grupo à
reboco).
Pelo visto,
Lula não
chegou a
Secretário-Geral
da ONU, mas
, por um
regime de
alternância
introduzido
na
organização,
imaginariamente
terceiro
mundista ,
ele é hoje
seu
presidente.
Enfim, não
se sabe
dizer se
Putin tenta
, entre
seus
admiradores,
ser o mais
ousado, se é
um
cara-de-pau,
que ameaça o
mundo com
narrativas ,
diz que faz
- "não faz"
: não tem
dinheiro -
ou se é um
anjo
apocalíptico
que veio
para iniciar
a
desconstrução
do planeta.
Ele parece
aspirar um
papel na
História,
que pode nem
existir
depois de
aventuras
como essas.
* Jornalista,
professor