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A Gente Somos Inútil – J R GUZZO – Revista Oeste
- 27 JUN 2025
Considere por alguns instantes os fatos
apresentados a seguir — podem servir, pelo
menos, para mostrar exatamente em que lugar do
mapa você está.
Jatos B-2 Spirit dos Estados Unidos decolaram de
sua base no meio do território americano, voaram
11 mil quilômetros sem ser notados por nenhum
sistema de radar e socaram em cima das centrais
nucleares mais bem protegidas do Irã 12 bombas
que atravessam 60 metros de concreto e
transformam em farinha de rosca tudo o que está
embaixo. Não existe no Brasil nenhuma construção
capaz de ficar de pé depois de um bombardeio
desses.
Os dois B-2 que detonaram as usinas nucleares do
Irã tiveram o apoio de 125 outros aviões
americanos — mais do que toda a frota de táxi
aéreo a que está reduzida hoje a Força Aérea
Brasileira.
Agiram na mesma operação submarinos que
dispararam mísseis contra os alvos, porta-aviões
prontos a prestar ajuda aos bombardeiros e os
sistemas de comunicações por satélite mais
avançados do mundo — esses mesmos, de Elon Musk,
que o consórcio Lula-STF declarou inimigo
internacional número 1 do Brasil. Cada bicho
desses custa mais de US$ 2 bilhões. Os Estados
Unidos têm 28 — prontos para decolar a qualquer
minuto para qualquer lugar do mundo.
Mais alguma coisa? Os dois B-2 acabaram num
único bombardeio com uma guerra de 12 dias entre
Israel e o Irã, que há 40 anos ameaça eliminar o
Estado judeu com suas bombas atômicas em
construção. Os iranianos estavam levando mais
uma surra de Israel. Mas o presidente Donald
Trump achou mais prudente acabar logo com a
história, autorizou o bombardeio-monstro, e o
Irã pediu arrego na hora; foi soltar as bombas e
veio o cessar-fogo.
É pouco provável que os aiatolás voltem a
perturbar Israel com suas ameaças de ataque
nuclear. Se voltarem, vão ter de encarar os B-2
mais uma vez.
Isso se chama força — força que vem de um
dispositivo militar de verdade, sem equivalentes
reais no mundo de hoje, e capaz não apenas de
defender o território americano, mas de impor a
ordem dos Estados Unidos a regimes de
malfeitores internacionais, como é o do Irã. É a
capacidade concreta de encerrar guerras com uma
única operação militar bem controlada.
É o direito de ser respeitado para valer por
todas as nações do mundo. China e Rússia
entendem isso muito bem. Ficam a favor do Irã no
falatório da ONU, mas não mandam um cartucho, e
muito menos um soldado, para ajudar os aliados
no campo de combate.
A Rússia não consegue ganhar uma guerra na
Ucrânia, país que tem o tamanho de Minas Gerais
e um PIB dez vezes menor que o do Brasil. Por
que iria se sentir capaz de enfrentar as forças
armadas americanas? A China não faz guerras a
não ser em defesa do seu território — há 5 mil
anos. Os países mais fortes da Europa ficam ali
no meio da tabela, evitando a zona do
rebaixamento, mas sem chance de disputar
realmente o campeonato.
O resto não existe, e o Brasil, do ponto de
vista militar, existe menos ainda. Eis aí o
lugar do mapa em que estamos — em lugar nenhum.
Um país militarmente nulo é também politicamente
nulo, e é isso — um país nulo para quem fala
sério de política internacional — que o Brasil é
na vida real.
Todo mundo com alguma coisa na cabeça sabe que é
assim, mas Lula, a esquerda e os jornalistas
acham que não é — e o resultado dessa ilusão
mal-intencionada é que o nosso país, nos dois
últimos anos e meio, está sempre no lugar
errado, na hora errada e pelo motivo errado em
tudo o que acontece no mundo. A “diplomacia” de
Lula imagina que o Brasil é algo que não é. Aí
fica impossível acertar.
No caso da guerra Israel-Irã, mais uma vez, foi
um desastre com perda total. O Brasil, por culpa
direta de Lula, ficou como o anão que grita de
longe contra o gigante, no anonimato e na
distância da multidão — e depois volta a pé para
casa, sem que ninguém tenha sequer notado os
barulhos que fez. Não é apenas a humilhação de
se ver condenado, de novo, à posição do idiota
perfeito da América Latina. É a estupidez crassa
de ficar do lado que perde, sempre. No caso, ao
fechar com o Irã contra Israel, tudo o que
conseguiu foi proclamar-se como um aliado das
piores ditaduras do mundo, da selvageria cívica
e dos regimes chefiados por criminosos de
guerra.
Não é uma posição que interessa a um país sem
força militar nenhuma, sem luz própria, sem
autoridade moral de qualquer tipo — e incapaz
não só de mostrar poder real, como também de se
fazer respeitar perante o mundo. O Brasil de
Lula se exclui, sem ganho nenhum, do círculo dos
bem-sucedidos. É onde deveria estar. Não há
maneira mais eficaz de defender os interesses
nacionais brasileiros do que andar na companhia
dos Estados Unidos e da luz do seu progresso.
Em vez disso, Lula quer o Brasil na treva do
Hamas, dos terroristas do Iêmen e dos
narcoestados.
Lula chamou ação militar de Israel de
“genocídio” em viagem à França. Uma potência
capaz de fazer o que os Estados Unidos acabam de
fazer no Irã tem de ser a prioridade para a
diplomacia de países interessados em defender os
interesses objetivos das suas populações.
Entenda-se bem com quem faz voar os B-2; a
partir daí, cuide do resto.
Mas o presidente tem uma fantasia estúpida: a de
que o Brasil faz um grande negócio querendo ser
inimigo dos Estados Unidos. Pior ainda, tem a
arrogância sem limites de ignorar que o povo
brasileiro, em massa, gosta dos Estados Unidos,
e não do seu “Sul Global”. Para onde o cidadão
deste país quer imigrar: para o Texas ou para a
China?
Outra pergunta que vem ao caso, e já há muito
tempo, é a seguinte: diante de mais essa aula de
poderio, competência e superioridade militares
dos Estados Unidos, para que servem, afinal, as
Forças Armadas do Brasil? Ou, mais precisamente:
faz algum sentido gastar R$ 135 bilhões por ano
(como em 2025) para manter Exército, Aeronáutica
e Marinha, tais como são hoje no mundo das
realidades? Qual é o retorno prático dessa
despesa toda? E como uma estrutura militar desse
tamanho ajudaria o Brasil em alguma coisa? Temos
orçamento militar, mas não temos Forças Armadas.
É ruim.
Forças Armadas, basicamente, servem para duas
coisas. Uma é atacar países estrangeiros que
ameacem o território nacional. Aí, graças a
Deus, estamos com sorte; os nossos militares não
querem atacar ninguém, porque não há ninguém
para atacar. A outra função é defender o Brasil
de ataque inimigo. Aí, de novo graças a Deus,
estamos bem, porque não há ninguém querendo nos
atacar — e se houvesse seria um problema
daqueles, porque as Forças Armadas brasileiras
não conseguiriam defender o Brasil de um rasante
de galinha paraguaia. Se não servem para atacar
nem para defender, para o que poderiam servir?
Os militares brasileiros perderam seu combate
contra os traficantes de drogas nas fronteiras e
nos portos — o Brasil, nos últimos anos,
tornou-se um dos maiores portões de entrada e
saída de narcóticos do mundo. Isso é trabalho da
polícia? Com certeza, mas também é certo que
fronteiras por onde passam livremente toneladas
de drogas não são mais fronteiras; são apenas
terra sem lei em que qualquer um faz o que quer,
e onde militar não manda nada. É a mesma coisa
com o contrabando de armas pesadas para o crime
organizado. Os bandidos passam por lá como quem
atravessa a rua.
As Forças Armadas, por impotência, permitem que
as facções criminosas mantenham territórios
soberanos dentro do Brasil, como se fossem um
invasor estrangeiro.
Em operações de natureza estritamente militar, o
nível de performance é o mesmo desastre. Na
última vez em que se ouviu falar em defesa do
território nacional houve menção de que o
Exército iria levar tanques de guerra para a
fronteira com a Venezuela. Revelou-se então que
os tanques disponíveis estavam no Rio Grande do
Sul — e levariam 35 dias para chegar à possível
zona de ação. O que os combatentes que arrasam o
sistema nuclear do Irã em 11 horas diriam de uma
coisa dessas?
A Força Aérea não tem combustível, peças de
reposição nem pilotos; seria eliminada no solo,
antes de decolar com um único avião. Ao mesmo
tempo, é hoje uma piada nacional por levar Janja
até a Rússia, sozinha num avião com 200 assentos
— e ficar voando de cima para baixo para
transportar, com dinheiro do pagador de
impostos, o primeiro picareta que tirar do bolso
uma carteirinha de autoridade.
A Marinha está gastando o seu dinheiro num
projeto de submarinos nucleares que já dura mais
de 45 anos; ainda não rolou o submarino. A
última operação militar do Exército foi prender
e entregar para a polícia senhoras idosas,
crianças e cidadãos indefesos que protestavam na
frente de quartéis de Brasília.
Se é inútil como força de defesa, a tropa
brasileira consegue ser mais inútil ainda para
cumprir a única função legal que lhe restaria:
zelar pelo respeito à Constituição, segundo
regras expressamente previstas em lei, caso as
instituições falhem nessa tarefa. É tudo o que
as Forças Armadas não fazem no Brasil de hoje.
O consórcio STF-Lula transforma o Brasil, a cada
dia mais, num Estado policial totalitário,
anárquico e fatalmente corrupto. Faz uma
política interna de ruína. Faz uma política
externa vizinha à traição. Anula diariamente as
leis e a Constituição Federal. Os militares
baixam cada vez mais a cabeça.
Não apenas ficam no come e dorme, gastando R$
135 bi por ano sem produzir um único parafuso,
mas se tornaram cúmplices ativos do regime de
exceção que está aí. Se encolhem como coelhos
assustados a cada vez que o ministro Alexandre
de Moraes passa por perto. Deixam clara, dia
após dia, a sua compulsão por concordar com
qualquer coisa que venha de Lula, Janja, STF,
STJ, PGR, AGU. Não podem ver um saco petista
passar por perto sem puxar na hora; puxam
primeiro e perguntam depois.
Diante disso tudo, ficam duas perguntas. Os
militares deveriam mudar de atitude? Sim.
Deveriam intervir na política, então? Não.
Não é apenas “não”. É “não, pelo amor de Deus”.
A ideia de que os militares são mais capacitados
para governar o Brasil não é apenas errada; é de
uma pretensão sem limites. Por que os militares
seriam melhores que outros quaisquer? Por que
não os dentistas, ou os cartógrafos? O que se
quer é o contrário. Os militares, em primeiro
lugar, deveriam ser reduzidos ao tamanho real de
sua utilidade para o país. Em seguida, deveriam
abandonar seu papel ativo na sabotagem da ordem
jurídica do Brasil. Fora isso, força armada é
para quem sabe o que fazer com ela. |
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