"Vamos
medir nossas vidas por seu desempenho, não
por sua duração."
Sêneca
Você já sentiu como
se o tempo estivesse te devorando ou que não
tivesse mais tempo para você? É
interessante refletirmos sobre essas
expressões cotidianas, pois o tempo não tem
uma boca para nos devorar, nem é algo que
pode ser possuído. Nesses exemplos, para
além do significado das palavras, o ser
humano utiliza a linguagem simbólica, a qual
comunica uma realidade psicológica, uma
percepção de algo vivenciado, não sendo
limitada pela lógica do pensamento.
Geralmente, sentimos que nos
falta tempo quando nossas atividades diárias
como trabalho, afazeres domésticos, cuidados
com filhos fazem com que sintamos como se
nosso tempo fosse sempre para o outro.
Assim, aguardamos pelo final de semana e
pelas férias para aproveitar os poucos
momentos que são “nossos”. O problema é que
eles são poucos e logo se vão.
Sêneca, filósofo
estoico, dizia que a vida não é curta; o
problema é que não sabemos utilizar bem o
nosso tempo. Paremos
um minuto para refletir sobre isso. Será que
não temos tempo, ou será que estamos
gastando com procrastinações, distrações,
rancores, críticas e discussões que não
agregam? Será que estamos assumindo o
protagonismo de nossas vidas, ou deixando
que situações ou pessoas nos façam gastar
nosso precioso tempo com mau humor, com
preocupações e com chateações? Porque,
em verdade, qual tempo não é nosso?
No curso de filosofia de Nova
Acrópole, aprendemos que há dois tipos de
tempo: o cronológico e o psicológico. O
primeiro é associado com as horas, os
minutos e os segundos. E ele é igual para
todos. Mas há também o psicológico, que é a
forma como percebemos o tempo. Por exemplo,
quanto tempo demora um sinal de trânsito
fechado quando estamos apressados? Da
próxima vez que isso ocorrer, peço que
cronometrem e avaliem se a ansiedade gerada
justifica o tempo decorrido. Ou seja, existe
uma percepção do tempo que está relacionada
a nossos estados de consciência.
E é deste tempo consciência
que gostaria de falar. Na Mitologia Grega, o
deus do Tempo, Chronos, está relacionado ao
mistério do tempo que, ao não ser
compreendido, nos devora, levando tudo
aquilo que é temporal e passageiro. Quando
atuamos de maneira mecânica, deixamos que as
circunstâncias definam onde nossa
consciência se liga, e perdemos tempo. Por
outro lado, quando assumimos nossa
consciência, estando presentes em todos os
momentos, podemos fazer com que cada
acontecimento se torne uma oportunidade de
crescimento. E ao deus do Tempo Oportuno
dá-se o nome de Kayros.
Reivindiquemos nosso tempo
para que ele volte a ser nosso. Saibamos que
o nosso tempo não se mede pela quantidade de
coisas que fazemos, mas pela qualidade com
que fazemos as coisas. Aprendamos
com a tradição a superar nossos desafios
modernos, e a conquistar o tempo e a nós
mesmos, para que possamos desfrutar de todo
esse mistério que se chama Tempo.
Rodrigo
Hitoshi
Aluno e professor da Nova
Acrópole
Planaltina/DF
Vídeo: Cronos
e Kairos: Símbolos do tempoNeste
vídeo a professora Renata Peluso nos traz
explicações sobre Cronos, Kairos, símbolos
do tempo na mitologia grega. Junto com
Uranos e Zeus, Cronos e Kairos representam
as diversas formas de lidar com o tempo. Um
tempo mítico que se manifesta no tempo
cronológico e rege nossas vidas desde o
início dos tempos.
Livro: Sobre
a Brevidade da Vida: Edição especial com
prefácio de Lúcia Helena Galvão MayaUma
das obras mais conhecidas de Sêneca é,
também, um ensaio moral que traz poderosas
reflexões acerca da morte, da natureza
humana e da arte de viver. Tido como um dos
mais consagrados textos da filosofia
estoica, foi estruturado em forma de cartas
dirigidas a Paulino e reúne, de maneira
breve e assertiva, as ideias e os
questionamentos de um dos mais célebres
intelectuais de sua época em uma busca
incessante por viver a vida da melhor forma
possível. Seus princípios de sabedoria,
embora escritos há mais de dois mil anos,
continuam proporcionando grandes lições na
atualidade.
Vídeo: Cronos
e Kairos: Símbolos do tempoNeste
vídeo é possível apreciar a 5ª Sinfonia de
Beethoven apresentada pela Orquestra
Filarmônica de Viena, conduzida pelo maestro
Christian Thielemann. A 5ª Sinfonia de
Ludwig Van Beethoven, também conhecida por
Sinfonia do Destino, é uma das obras mais
emblemáticas e reconhecidas da música
clássica. Composta entre 1804 e 1808, ela
representa um marco na história da música,
sendo frequentemente associada ao destino e
à superação de adversidades.
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