Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 

De: Reynaldo Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: ter., 22 de jul. de 2025
Subject: Fwd: Mudanças nas regras eleitorais

REPASSANDO: Mudanças nas regras eleitorais

COMO SEMPRE, MUITO BOM ESTE ARTIGO, EM ANEXO, DO PROFESSOR AYLÊ-SALASSIÉ FILGUEIRAS QUINTÃO, SOBRE AS PERSPECTIVAS
DE SE PRESERVAR A INTEGRIDADE DO PROCESSO ELEITORAL E GARANTIR A VONTADE POPULAR, NAS ELEIÇÕES DE 2026. A GRANDE NOVIDADE,
COMO RESSALTA O ARTICULISTA, ADVÉM DO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR 112/2021, PELO QUAL NÃO HAVERÁ MAIS A POSSIBILIDADE DE REELEIÇÃO
PARA PRESIDENTE, GOVERNADORES E PREFEITOS.
O REFERIDO PROJETO, LAMENTAVELMENTE, NÃO ATINGE DEPUTADOS E SENADORES, QUE, MUITAS VEZES, SÃO REELEITOS, INDEFINIDAMENTE,
EMPREGANDO, DURANTE ESSES LONGOS PERÍODOS DE MANDATO, INÚMEROS ASSESSORES FANTASMAS, EM SEUS GABINETES.
É LAMENTÁVEL TAMBÉM QUE O REFERIDO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR NÃO TENHA DADO UM FIM AO VOTO OBRIGATÓRIO.
O ARTICULISTA DESTACA TAMBÉM A PREOCUPAÇÃO DO TSE, DOS JURISTAS E DE ALGUNS POLÍTICOS COM A SEGURANÇA
JURÍDICA DO PLEITO. PARA SE PROTEGER, SEGUNDO ELE, O TSE VEM INVESTINDO EM TECNOLOGIAS DE PONTA,
PROCURANDO, AO MESMO TEMPO, ESTABELECER PARCERIAS COM PLATAFORMAS DIGITAIS DE OUTROS PAÍSES, DAS QUAIS,
COMO SE ACREDITA, PODERÁ SURGIR O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL.
FINALMENTE, O PROFESSOR AYLÊ-SALASSIÉ FILGUEIRAS QUINTÃO COLOCA SUA ESPERANÇA NO FATO DE QUE ESSA
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA PODERÁ, POR EXEMPLO, RECOLOCAR,
PELO MENOS, O SISTEMA JURÍDICO EM SEU DEVIDO LUGAR... JÁ SERIA ALGUMA COISA.
QUE ASSIM SEJA!
AGORA, LEIAM, NA ÍNTEGRA, O ARTIGO:


INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS AMEAÇAM "PATACOADAS"
NA POLÍTICA E REDUTOS ELEITORAIS

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*

Muita água vai passar debaixo da ponte para preservar a integridade do processo eleitoral e garantir a vontade popular nas eleições de 2026. A opinião vem de juristas ligados à Ordem dos Advogados do Brasil. O próximo pleito será protagonizado, ainda, por um eleitorado sem opinião política, representado por 16 milhões de cidadãos analfabetos ou semialfabetizados, um grande número de votos em branco, tecnologias persuasivas, capacidade regulatória frágil , e o uso malicioso da Inteligência Artificial.

O grande ator será o Projeto de Lei Complementar (PLP) 112/2021, pelo qual desaparecerá a reeleição para presidente, governadores e prefeitos. Com ele aprovado, os mandatos executivos serão fixados em cinco anos e as eleições unificadas. Notícias falsas ou informações inverídicas sobre adversários ou concorrentes durante as eleições terão sanções imediatas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .

Visto como o Novo Código Eleitoral devido às profundas alterações, revista para o modelo de eleições no Brasil, poderá entrar em vigor já no pleito presidencial de 2026, ou se o consenso de interesses não considerá-lo oportuno, ter sua vigência adiada para o próximo pleito municipal, em 2028. O PL, em discussão nas diversas instâncias políticas e jurídicas, já foi aprovado na Câmara dos Deputados . Está tramitando no Senado desde 2021 . Procura consolidar toda a legislação eleitoral, tenta regular o uso de inovações tecnológicas, inclusive a Inteligência Artificial. Tudo em um único texto, com centenas de emendas.

O PL torna mais rígida a transparência, a fiscalização e as regras para campanhas eleitorais. Retoma a proibição das reeleições para cargos no Executivo. Propõe-se a consolidar a legislação em vigor, substituindo, num único texto, o atual Código Eleitoral (Lei 4.737/1965), a Lei dos Partidos Políticos ( 9.096/1995), a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997), a Lei de Inelegibilidades (LC 64/1990).
As Fake News e a Propaganda Eleitoral vão estar na mira. A composição dos legislativos deverá contemplar pelo menos 20% de mulheres. O Poder da Justiça e dos juízes eleitorais sofrerá limitações e, ao contrário, as regras para Partidos Políticos serão mais flexíveis. Se existem hoje 30 deles, provavelmente com a entrada em vigor da lei que surgirá do PL 121-21, poderá ter seu número duplicado. Serão estabelecidas condições e normas para as coligações e
limites para a transparência nas Contas Eleitorais. Contudo, as exigências da Ficha Limpa surgirão mais brandas. Pode-se vir a ter de conviver com candidatos corruptos contumazes e criminosos comuns, com atuações na sociedade civil, usados como cabos eleitorais em redutos populistas.

De acordo com os resultados de análises comparadas desenvolvidas em 2023, pelo Tribunal Superior Eleitoral, com o apoio de informações censitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o perfil do eleitorado brasileiro para as eleições de 2024, não será tão diferente nas eleições de 2026. A fragilidade do eleitorado é visível:
5.5 milhões (3,58%) são analfabetos
10.2 milhões (6,5%) sabem ler e escrever
34.9 milhões (22,49%) não concluíram o ensino fundamental
41,9milhões (27,03%) concluíram apenas o ensino fundamental
27,5 milhões (17,7%) concluíram o ensino médio
16.7 milhões (10,75%) tem alguma graduação superior

Dos 220 milhões de brasileiros , pelo menos 160 milhões de cidadãos estarão credenciados para o pleito, embora a soma final dos votantes possa se limitar a 110 milhões, diante de um indigesto cenário polarizado que incomoda os brasileiros. Projeta-se um grande número dos votos em branco, nulos, ou de desinteressados no processo . O voto continua obrigatório e o omisso será, entretanto, multado . Esse estudo é feito sistematicamente pelo TSE, mas tem acesso a eles. Expõe uma quadro de escolaridade dos cidadãos brasileiros , mostrando como os eleitores são presas fáceis de manipuladores.

O Tribunal, os juristas e os políticos de plantão estão preocupados também com a segurança jurídica. Parecem convergir para responsabilizar quaisquer inflexões no pleito aos provedores de conteúdo terceirizados, deixando uma pequena lacuna de liberdade de ação para as redes sociais. Para se proteger , o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem investindo pesado em tecnologias de ponta, procurando estabelecer parcerias com plataformas digitais (Russas, chinesas ou americanas? Mistério...) e treinar pessoal para enfrentar desafios que poderão surgir com o uso generalizado da Inteligência Artificial.

A plataforma da IA domina a cada dia mais competências e o comportamento dos seres humanos , podendo gerar conteúdos bons e maus, fazer diagnósticos, apresentar soluções e indicar caminhos em velocidades inalcançáveis pelos homens , além de identificar tendências , prevenir problemas e ajudar a prever desfechos.

A revolução tecnológica está chegando para recolocar o sistema jurídico em seu devido lugar na distribuição de responsabilidades entre os Poderes. Essa história de politização do Judiciário, de ativismos políticos de ministros e até da avaliação técnica do perfil dos futuros indicados para os tribunais, vai terminar batendo de frente com as inovações tecnológicas, em particular com a Inteligência Artificial. A indicação de nomes para ocupar cargos de primeiro escalão ou funções públicas estratégicas proximamente vão ter de enfrentar sabatinas da Inteligência Artificial.

Essa nova realidade gera a dúvida se alguns dos atuais artificiosos titulares no sistema Jurídico brasileiro conseguiriam driblar a Inteligência Artificial. São padrões que deveriam ser aplicados a pretensos candidatos a cargos eleitoralmente majoritários, aqueles que terão a responsabilidade de tratar pessoalmente da coisa pública - dinheiro, obras, representação do País no exterior . Dos candidatos a esses cargos executivos deveria ser exigido previamente um "programa de Governo" compatível com as carências ou vocações dos entes federativos.

Pouparia a população brasileira, inclusive os letrados, de engolir problemas pessoais ou mentais dos eleitos transferidos para o seio do Estado , em prejuízo da gestão das políticas públicas e da convivência social e comunitária: "nós e eles". Pode demorar um pouco mas, muito provavelmente, quem vai acabar com essa "patacoada" não será o Código Eleitoral, mas a Inteligência Artificial, apoiada nas tendências das novas gerações e bancadas minoritárias, que estão chegando lá. Quatro deputados federais tem menos de 25 anos.
* Jornalista e professor
 

Jornalismo com ética e solidariedade.