Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO - O amor é vida!




De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: seg., 4 de ago. de 2025
Subject: amor

DRÃO!

“Drão, não pense na separação, não desperdice o coração, o verdadeiro amor é vão, estende-se ao infinito, imenso monolito, nossa semeadura.” Parte dos versos do poema dos compositores Gilberto Passos e Gil Moreira - Drão. Como pode o verdadeiro amor ser vão, se constitui a força que nos faz vivos? Nos queima a alma, contorce nosso corpo pelo desejo e nos leva às mais estranhas e profundas paragens? Como desperdiçar o coração infiltrado de sentimentos, infinito no amor que o transporta, carregado de afetos, da vontade da entrega?

“O Amor é como um grão, semente de ilusão e tem de morrer para germinar, fruto da semeadura.” Ilusão? É isto que chamamos de amor? Ele tem de morrer para germinar? No entanto, é na força que nos envolve que ele aparece em toda a sua plenitude. E não tem de morrer. Ele é vida. Sua presença é sinal de que germinou. Já fez sua semeadura. E nos arrasta prometendo que com ele plantaremos alegria e compaixão. Sua semente não é uma ilusão, mas uma possibilidade infinda de que seremos felizes. Completos.

“Quem poderá fazer aquele amor morrer, se o amor é como um grão, morre e nasce trigo, vive e morre pão”. Talvez não seja o amor que morra. Ele realmente é o pão que pode nos alimentar. Nós é que morremos para ele. Nós e nossas circunstâncias. Somos nós que o perdemos por razões que o coração desconhece. Nós deixamos que ele siga. Pelas dificuldades do contato com a realidade do Outro. E com as nossas contradições e imensas expectativas.

O amor permanece estendendo-se ao infinito, imenso monolito, como dizem os dois poetas. O problema é nossa humanidade, nossas experiências de vida, nossa forma de ser, nossa coragem de viver. Muitas vezes perdemos o amor porque tivemos medo. Nos escondemos. Preferimos não experimentar o prazer, a alegria de amar para não sofrer. Como se em amar estivesse explícito o sofrimento. Talvez sim. Mas como viver em plenitude se nos recusamos experimentar?

“O amor é como um grão, tem que morrer pra germinar, plantar nalgum lugar, ressuscitar no chão, nossa semeadura.” Ao nos separarmos de quem amamos o amor parece uma semente de ilusão, que tem de morrer para ressuscitar. Talvez de outra forma. Não seremos nós esta semente de ilusão? Que vemos a vida com as cores que escolhemos? Não permanecerá o amor infinito, mesmo que o deixemos pelo caminho? Talvez precisemos morrer em nossas ilusões e cultivarmos a coragem da entrega para com ele. Sempre que se fizer presente. Pois bendito seja quando chega de mansinho para iluminar nossas vidas. Nem sempre acontece. Mas, se acontecer, que estejamos prontos. Para morrer e germinar, para ressuscitar, sem medo da dor e certos de que se houver um fim, ele sempre pode ressurgir mais adiante. Renovado. (08/2025/luiza)
 

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