Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Reynaldo Domingos Ferreira: AMORES MATERIALISTAS



De: Reynaldo Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: ter., 12 de ago. de 2025
Subject: AMORES MATERIALISTAS
To: Theresa Catharina de Goes Campos <theresa.files@gmail.com>

AMORES MATERIALISTAS

"O amor é o que rasteja pelo chão.
É um cavalo com a perna quebrada,
tentando ficar de pé "
Charles Bukowski, in "Sobre o Amor "

É possível que esses dois versos de Charles Bukowski (1920-1994) possam servir de preâmbulo para um comentário sobre o filme "Amores Materialistas " (2025), de Celine Song, com roteiro, elaborado por ela própria, que versa sobre a situação desesperadora, desde a idade da pedra, tanto para a mulher, como para o homem, de encontrar alguém que os ajude a enfrentar o sofrimento da solidão até a morte.

Lucy - que ganha uma interpretação excepcional de Dakota Johnson - é uma casamenteira, que se envolve num complexo triângulo amoroso, o que pode atingir sua clientela, quando começa a se relacionar com Harry (o irlandês Pedro Pascal, um tanto contrafeito, numa interpretação inexpressiva ), irmão muito rico do noivo de um casal, que ela ajudou a se formar, com sucesso, embora continue a ser cortejada por um ex-namorado John ( interpretado também de forma magnífica por Chris Evans ), um garçom, aspirante a se tornar um ator, compartilha o apartamento com um companheiro de profissão.

Na realidade, Lucy se considera uma agente financeira porque, para ela, o casamento é um contrato comercial, ou também uma agente de necrotério. Caminhando, pela 5a Avenida, em Nova York, ela recebe, pelo celular, o chamado de uma sua cliente, manifestando-se felicíssima pelo homem, que ela lhe apresentou, um advogado, atuante num escritório de grande porte, de 42 anos, forte, viril, que reside num belo apartamento de quase um milhão de dólares, situado na região próxima ao Central Park.

Um pouco mais tarde, ao chegar ao escritório da empresa em que trabalha, Lucy é surpreendida pelos festejos, que seus colegas, na surdina, prepararam para homenageá-la, pelos êxitos iniciais conseguidos em sua profissão de casamenteira. Terminados os festejos, na porta do edifício, John aguarda por ela, a fim de levá-la, em seu modesto carro, para casa e, aproveitando a oportunidade, reiterar-lhe suas juras de amor, não pelo tempo, enquanto dure, como diria Vinicius de Moraes (1913-1980), mas até que a morte os separe. Com frieza, ela recebe as declarações - mas, para descartá-lo - diz-lhe que ele a valoriza em demasia, o que a constrange por não se sentir como tal.

E, de fato, ao chegar sozinha em casa, ou na manhã seguinte, Lucy recebe telefonema de outra cliente, aos prantos, porque foi agredida pelo indivíduo que ela lhe apresentou, usuário de drogas, certamente. Pelo vídeo, que lhe repassa por whatsapp, ela lhe mostra o rosto, cheio de escoriações. Sentindo-se culpada, Lucy procura a chefe de sua seção - o nome da atriz, excelente intérprete, que segue a linha de Bette Davis, em "A Malvada "( 1950), de Joseph L. Mankiewicz, não consta, infelizmente, da ficha técnica disponível -, a qual procura acalmá-la, fazendo longa dissertação sobre a profissão de casamenteira, e afirmando, a propósito que, no caso, se houver punição judicial, ela recai sobre a empresa empregadora, jamais sobre a prestadora de serviço.

Sentindo-se mais tranquila e confortável, Lucy retorna a casa já pensando em reatar o namoro com John, que agora trabalha em dois restaurantes de primeira linha, na região de Wall Street, reside sozinho em um apartamento e sua estreia no teatro já começa a ser anunciada em um dos cartazes da Broadway. É isso aí ! Qual será o final do filme, que vale muito a pena ser visto, também pela fotografia, pela ambientação e pela adequada trilha sonora. RDF

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