Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: O SILÊNCIO DOS INOCENTES!



De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: qua., 27 de ago. de 2025
Subject: inocentes

O SILÊNCIO DOS INOCENTES!

Uma frase colocada no espaço da crônica de Circe Cunha hoje no Correio Braziliense (27/08) me chamou a atenção. É de Martin Luther King e diz: “Nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos”. É para se pensar. Por exemplo: o projeto de proteção às crianças e adolescentes. Alguns deles mofavam nas gavetas do Parlamento há anos. Um assunto dos mais sérios para uma sociedade e que não parece ter sido discutido com o espaço e a ênfase que merecia. Envolvendo os vários segmentos sociais. E mais, somente foi lembrado para discussão no Parlamento depois do vídeo do Felca. Que por 50 minutos mostrou o que faziam com as crianças e adolescentes certos influenciadores. Exibindo-as em poses de adultos e de conteúdo erótico.

O que acontece com as crianças e adolescentes nas redes sociais é um problema novo? Absolutamente. Trata-se de uma forma de exibi-las que já tem bastante tempo. Sem que autoridades responsáveis em suas atribuições nos diversos organismos estaduais, federais, OAB e outros, tomassem qualquer providência. Omissão total. O que determina questões como: a omissão é fruto do próprio interesse indevido nas crianças e adolescentes ou é a acomodação perversa em um cargo sem assumir a responsabilidade das tarefas? Fato que não é de todo incomum no serviço público. Pois nada funciona realmente sem fiscalização. E, ao que parece, fiscalizar ainda é hoje um processo pouco consistente nas empresas estaduais e federais. Talvez falte coragem para assumir os riscos, dentre os quais o de desagradar pessoas em cargo de chefia. Quando a fiscalização revela falhas e omissões.

No entanto, pensar que um problema desta envergadura e repercussão na vida de todos só foi discutido após a denúncia de um influencer! Porque nenhuma autoridade sentiu a necessidade de discutir o problema com seus pares! Uma situação, no mínimo, aterradora. Que fala da alienação, da indiferença, da falta de compromisso. Incluindo Congresso Nacional, STF e Ministérios. Parlamentares que elaboraram projetos deixaram que eles ficassem arquivados. Somente agora discutidos. E estamos tratando de crianças e adolescentes – cuja fragilidade, impotência e incapacidade de decisões mais sérias os levam para mundos estranhos. Além do problema em foco, que é a relação deles com a internet, um mundo sem fronteiras e sem regras. Que pode proporcionar a quem a utiliza uma exibição sem limites. Submetidos a todo tipo de opinião. Para as quais nem sempre estão preparados. Levando ainda em consideração que uma vez dentro das redes sociais, nada do que se diga ou faça será revertido ou apagado. Permanecendo para sempre como um “retrato” do que somos.

Assim, muitos são os problemas discutidos no Congresso Nacional e nas instituições de modo geral. No entanto, pouco se discute sobre a situação das crianças e adolescentes no Brasil. Ricos e pobres. Condições das escolas e do ensino, moradia e vizinhança, identificação de problemas comuns, diagnóstico com determinação das causas. Estudo das soluções. Porque não somente vivemos em um país pobre. Vivemos em um país onde são esparsos os exemplos de honestidade e compromisso. Onde instituições são dirigidas por influência partidária. E onde a classe política se apossa de R$ 53 bilhões anuais do Orçamento Federal para as emendas, soma maior do que a de muitos Ministérios, apenas para promoção pessoal. Para aumentar seu capital político através de nossos impostos. Sem falar de um pouco mais de R$ 100.00 mil mensais como verba de gabinete. Servindo muitas vezes de “rachadinha”, quando o parlamentar se apossa de parte deste dinheiro. Destinado a contratar funcionários, que deveriam ser responsabilidade da Direção das casas, Senado e Câmara Federal. País de uma justiça tardia e controversa. Que segundo notícias, soltou o influencer que usava as crianças e adolescentes com fins sexuais.

“– E se o avião tropicar num passarinho triste? / A mãe teve ternuras e pensou:/ Será que os absurdos não são as maiores virtudes da poesia? / Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso/ Ao sair do sufoco o pai refletiu: / Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças. / E ficou sendo/” do livro Poesia Completa de Manoel de Barros. (08/2025/luiza)
 

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