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LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: PERSPECTIVA PESSOAL!

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: sex., 19 de set. de 2025
Subject: perspectiva
PERSPECTIVA!
Sei que quero escrever. Mas o assunto me foge.
Como muitas coisas atualmente: a força nas
pernas, a clareza dos olhos, a paciência para a
chatice, o sono e outras que não consigo
identificar, mas que existem. E não lembro. O
problema é que continuo com os desejos e a
inquietude para me largar no mundo, descobrindo
coisas novas, me divertindo. Mas, isto não tem
nada a ver com os limites que me impõe a
velhice. Tais como as dores na coluna, a
dependência dos outros para sair, pelo menos
segundo eles mesmos. E outras coisitas mais.
Velhice é velhice, mesmo que não implique em
graves danos à saúde.
Mesmo porque existem certos preconceitos sobre
isto. Para muita gente idosos tem de saber o seu
lugar. Ou seja, o lugar que eles determinaram
como o mais correto. Nada de expansividades,
desejos outros, comportamentos inesperados. Há
um figurino. E para eles seria muito bom se a
ele nós, idosos, nos ativéssemos. No entanto, ao
que parece, os de maior idade estão se sentindo
cada vez mais soltos na vida, mais alegres, mais
em busca da satisfação de seus desejos. É fácil
constatar nas turmas que saem em excursão e
aparecem, por exemplo, nas praias. Nos rostos
sorridentes, nas conversas animadas e tudo o
mais. Certamente, esta parcela dos idosos não
pensa em se ater a nenhum figurino. Ou seja,
satisfazendo a ideia que fazem deles as outras
pessoas. Importa viver a vida da melhor forma
possível. E sem culpas.
Aliás, a culpa parece ser a melhor forma de
controle. No entanto, por todos os deuses, já
não basta ter de carregá-la pela vida e ainda
aceitá-la na velhice? Quando estamos mais pra lá
do que pra cá? Quando as linhas do futuro se
estreitaram; quando o horizonte se reduziu um
bocado e as possibilidades tornaram-se bem
limitadas? Enfim, é preciso viver de forma que
estes condicionantes não interfiram nas nossas
decisões. E nos livremos do peso da culpa. Por
mais que o enorme número de anos vividos nos
tragam lembranças neste sentido.
E, sem dúvida, a velhice pode ser traumatizante.
A depender de suas circunstâncias de vida,
claro! O que não significa que mesmo sem maiores
problemas, ainda possamos nos enredar nas tramas
do pessimismo ou da tristeza por algum aspecto
da existência. O discurso altamente positivo,
floreado, cheio de boas mensagens deve ser
confortador. Ou considerado como meio desligado
da realidade. No entanto, existem de fato
aqueles que sabem viver. Que transcendem
desafios e dificuldades. Neste sentido, sempre
lembro os japoneses de Okinawa e Kagoshima e o
ikigai - a sua razão de viver. O ânimo e a
alegria de seus habitantes, independentes de
idade, se relacionam com sua disposição de
sempre ajudar aos outros, de fazerem exercícios
e de terem uma dieta saudável. Outro aspecto é
que caminham muito e foi a única província
japonesa que seguiu a recomendação governamental
de ingerir menos de 10 gramas de sal por dia.
Lembrando que a dieta saudável inclui os cereais
como base da dieta, principalmente o arroz,
batata doce, peixe três vezes por semana, muitas
verduras e frutas, cerca de três vezes ao dia. E
o segredo de parar de comer quando sentem o
estômago 80% cheio.
Segundo os autores de “Ikigai – o segredo
japonês para uma vida longa e feliz”, a
Organização Mundial da Saúde informa que o Japão
é o país com maior expectativa de vida e de
centenários do mundo. Os homens vivem cerca de
85 anos e as mulheres 87,3. Okinawa ocupa a
primeira posição, “com ampla distância desde
1970.” E recomendam: acrescentar redundâncias em
sua vida; agir cautelosamente em algumas áreas
da vida e correr vários pequenos riscos em
outras; eliminar as coisas que nos tornam
frágeis. Não temer as adversidades porque
carregam um potencial de crescimento. Não
conviver com pessoas tóxicas; não perder tempo
com coisas por obrigação; não dedicar mais do
que 20 minutos ao Facebook. Deixar de comer
snacks entre as refeições; quitar as dívidas e
comer doce apenas uma vez por semana.
Os autores finalizam o livro afirmando: “A vida
é pura imperfeição, como reza o wabi-sabi, e a
passagem do tempo nos mostra que tudo é efêmero,
mas se você tiver um ikegai definido, cada
momento abrigará tantas possibilidades quanto o
infinito.” Ok! Creio que devo ler este livro
mais vezes e com maior atenção. (09/2025/luiza) |
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