“A primavera é o nascimento da vida sobre a terra. É o momento em que tudo floresce e se abre aos benéficos raios do Sol. É o despertar, o cálido alento que começa a se manifestar.” 

Delia Steinberg Guzmán

 

Hoje vi a primavera. É certo que pude vê-la nos anos passados, porém, o viver apressadamente nos faz passar desapercebido das maiores maravilhas da Natureza.

A primavera que hoje vi soltou-se como um hálito sutil e luminoso dentre um conjunto de árvores. Deixei-me levar pela imaginação, e não custou-me nada identificar essa figura resplandecente com os riscos delicados que Botticelli pôde imprimir à sua própria Primavera. E, pelos milagres que ocorrem no mundo da imaginação, a Primavera voltou-se a mim, deixando ensinamentos marcantes ao passar.

Eu me recordo quanto é semelhante o sono e a morte, e como Ela tem o poder para vencer tanto a um como ao outro, onde se crê que já mais nada existe, se levanta o milagre da ressurreição.

Eu me recordo o porquê de velhas tradições relativas ao mistério do Sol: que o primeiro raio do primeiro dia de Primavera (o primeiro dia do ano, na realidade), traz a força especial do novo, do puro e do bom. É o primeiro alento depois de um longo período; é a primeira luz depois de uma obscuridade contínua.

Eu me recordo o valor da Beleza, porém de uma beleza que não é de formas pletóricas, senão de linhas simples e apenas esboçadas: uma beleza primaveril, adolescente, singela e natural. E soube que ela é Primavera, é mulher, é Bela, e todas as mulheres, como suas filhas, deveriam imitá-la em seu gesto mágico de estetismo.

Eu me recordo do sorriso do despertar, que é o mesmo de um garoto quando abre os olhos pela manhã. Ah, o valor de um sorriso neste mundo, que é puro inverno de dor e agressividade...!

Eu me recordo a calidez do gesto bondoso e terno; a possibilidade de brindar ajuda e afeto a quem dele necessite; a possibilidade de não medir-se em generosidade.

Soube então, algo mais sobre o mistério da eternidade: a Beleza, a ternura, a pureza, a generosidade, são elementos da eternidade. A eternidade não é um vazio infinito, triste e frio, onde não se pode fazer nada, senão deixar correr as horas. A eternidade é um constante reviver, um redespertar a cada minuto, um voltar a começar a cada instante.

A Primavera é eterna: uma vez ao ano ela chega à nós e se faz visível em luz e flores, em calidez e som. Porém, basta esta presença para que, durante o resto do ano, guardemos a semente de seu segredo: despertar cada manhã, viver cada dia, aproveitar cada hora e guardar a frescura necessária para renascer cada dia; dar um passo em direção à plenitude que, nas estações do ano, se chama Verão.

Para aqueles que caminham, para quem não pode mais que sonhar com a realização absoluta do Verão, para aqueles que necessitam do apoio do amigo, de uma mão: para todos nós tem chegado a Primavera!

 Delia Steinberg Guzmán

 

                            

    

 

 

Podcast: A Primavera: uma expressão de renovação: Neste episódio, o professor Marcelo Silveira, da Nova Acrópole de Curitiba, conversa sobre a simbologia e os ensinamentos filosóficos da primavera. A estação é apresentada não apenas como uma mudança climática, mas como uma metáfora para ciclos da vida, um convite à renovação e ao florescimento interior.

O professor reflete sobre como as estações influenciam nosso comportamento e a importância de nos harmonizarmos com os ciclos naturais para nos tornarmos mais conscientes de nossa jornada. O inverno, por exemplo, é associado à introspecção e ao recolhimento, sendo um período de preparação para o renascimento que a primavera simboliza. Esse renascimento não se limita à estação; é um estado de consciência que pode ser cultivado a qualquer momento, inspirando-nos a buscar constantemente a renovação de nossos pensamentos e ações. Ao longo da conversa, os elementos práticos são explorados para experimentar a primavera de forma consciente e presente, valorizando seu papel na vida humana como um marco de transformação e crescimento. Participantes: Pedro Guimarães e Marcelo Silveira

Filme: Tinker Bell: Uma Aventura no Mundo das Fadas | Parte 1 [Filme Completo]: Entre no mundo secreto do Refúgio das Fadas e ouça a voz de Tinker Bell pela primeira vez nessa emocionante história da fada mais famosa da Disney, que finalmente ganha o seu primeiro e inédito longa-metragem, Tinker Bell - Uma Aventura no Mundo das Fadas. Você já parou para pensar como a natureza se transforma - e quem lhe dá as luzes e cores de cada estação que inicia e termina? Viaje para esse mundo de aventura e mistério enquanto Tinker Bell e suas quatro melhores amigas fadas transformam o inverno em primavera e, como a força da fé, confiança e um pouquinho de pozinho mágico, descubra a importância de ser verdadeiro com você mesmo. Disponível no Disney+.

Música: Schumann, R.: Sinfonia nº1, em Si bemol maior, op. 38, "Primavera": Neste vídeo vemos a  Orquestra Sinfônica de Sergipe sob a regência de Guilherme Mannis apresentar a sinfonia Nº1 de Schumann, conhecida por Primavera. Esta foi a primeira sinfonia que Schumann completou, e ele a compôs com a primavera em mente, inspirando-se em um poema de Adolf Böttger. Ele a descreveu como "uma sinfonia primaveril, que deve evocar na imaginação o florescimento e o renascimento do mundo". Começa com uma fanfarra que o próprio Schumann associou a "um chamado para o despertar", simbolizando o fim do inverno e a chegada da vida. Os temas são cheios de energia, vitalidade e alegria. É uma celebração orquestral grandiosa e romântica da primavera, transmitindo a euforia e a vitalidade da natureza que desperta.

Poema: Quando vier a Primavera: Na página Casa Fernando Pessoa é possível ler e ouvir a poesia Quando Vier a Primavera, além de tantas outras.

 

 

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