“No
coração de todos os invernos vive uma primavera
palpitante, e, por trás de cada noite, vem uma
aurora sorridente.”
Khalil Gibran
Há alguns dias recebemos, no
hemisfério sul, a Primavera. Se estivéssemos no
hemisfério norte teríamos recebido o Outono.
Contudo, aqui no Brasil, chegou a estação das
flores.
Refletindo sobre esse evento da
natureza, algumas ideias surgiram. Uma delas é a
de que “há Vida entre as estações”. Para
os olhares atentos, que gostam de observar os
ciclos naturais, o ano dividido em quatro
estações é marcado por mudanças internas e
externas.
Na Primavera, a Vida se mostra de
forma objetiva. As flores coloridas expressam-se
em Beleza e Alegria. No Verão, o calor tende a
nos mover como se estivesse nos convidando para
explorar tudo o que podemos ver com a clareza do
Sol que se apresenta de forma mais intensa.
Já no Outono, as folhas secas
caem ao chão, formando um berço de semeadura
para uma Vida que ainda será cultivada. E, no
Inverno, o frio de fora leva-nos a buscar novas
maneiras de nos aquecermos por dentro,
despertando ainda mais a nossa Vida Interior.
Esses eventos são marcados por
solstícios – de Verão e Inverno, quando os dias
e as noites têm durações diferentes – e
equinócios, no caso da Primavera e do Outono.
Porém, para olhares ainda mais atentos, é
possível perceber que essas estações vão se
mesclando em suas transições.
Andorinhas anunciam o retorno da
Primavera bem antes do equinócio. Os ventos
frescos de Outono começam antes do final de
março. E o que dizer do friozinho do Inverno em
maio e das chuvas de Verão que antecedem as
férias de final de ano?!
A verdade mesmo é que ver
a Vida através das estações oferece-nos uma
maior consciência sobre o tempo e a lei dos
ciclos. Porém aquele que mergulha na Vida com
profundidade percebe que essas mudanças e
transições são um chamado para vivermos
intensamente todos os instantes, mesmo que as
transformações externas estejam acontecendo o
tempo todo.
O mesmo serve para o nosso dia.
Podemos ver que há uma energia específica para
cada parte dele. Na aurora, a Vida se apresenta
de forma alegre e vibrante, os pássaros cantam e
a luz irradia como se estivesse acordando os
seres da Terra. Ao meio-dia, temos o ápice do
brilho do Sol, acima de nossas cabeças, nos
trazendo um convite para ação. Ao entardecer, a
natureza vai aos poucos se cobrindo com o manto
da noite, trazendo-nos a sensação de que algo em
nós precisa se recolher. Por fim, na escuridão,
tendo como companheiras a lua e as estrelas,
fazemos uma síntese sobre o nosso dia e nos
renovamos para o próximo que, em breve, nascerá.
Esses pequenos ciclos de
transformações diárias são um ensaio da natureza
que também se transforma ao longo das estações
durante um ano. E o que fica disso tudo é que
realmente “há Vida entre as estações”, pois em
todos os momentos, seja do dia ou do ano,
podemos estar presentes, no aqui e no agora,
desfrutando da nossa vocação de eternidade. E
isso é viver, trazendo consigo todas as
potencialidades da Vida.
Aline Nascimento Freitas
Aluna e Professora da Nova
Acrópole
Lago Norte - Brasília/DF
Podcast: A
influência das estações em nossas vidas:Neste
episódio, o professor José Carlos Possas e
Danilo Gomes conversam sobre o sentido simbólico
da ciclicidade da natureza, presente nas quatro
estações do ano, mas que vai muito além das suas
características astronômicas e climáticas. O ser
humano é integrado à natureza, e podemos
aprender muito, ao observar suas leis e a nós
mesmos.
Livro: O
Sumiço do Rei Sol por Aline Nascimento Freitas: Algo
muito estranho ocorreu no Reino dos Girassóis:
em uma manhã que parecia comum, o Sol
simplesmente não apareceu. Esse sumiço deixou o
reino todo confuso. Os girassóis, os vaga-lumes,
os pássaros e os demais seres, até mesmo as
estrelas, não sabiam mais como agir sem o brilho
do Astro Rei! É nesse momento de desafio que os
habitantes do Reino precisam unir suas forças e
desvendar o mistério de como trazer de volta a
luz. Este livro é uma encantadora jornada que
explora a diversidade de sentimentos e emoções,
levando os pequenos leitores a uma aventura
repleta de surpresas e aprendizados luminosos!
Música: AS
QUATRO ESTAÇÕES - Antonio Vivaldi - Camerata
Florianópolis: Neste
vídeo podemos assistir à Camerata de
Florianópolis, sob a regência de Jeferson Della
Rocca, apresentar As quatro Estações de Vivaldi.
Na “Primavera”, Antonio Vivaldi abre o Primeiro
Movimento (Allegro) com um festivo tutti que
anuncia a chegada da Primavera, e com ela, já no
primeiro solo em três violinos, o feliz canto
dos pássaros que festejam a nova estação.
“Sob a dura estação, com sol a
pino, extenuam-se tanto os homens como os
animais e o pinheiro arde”, neste contexto se dá
início do Primeiro Movimento (Allegro non molto
–Allegro) do “Verão”. Num primeiro solo de
violino e violoncelo, não é difícil perceber a
intenção do autor em imitar o canto do cuco e,
com ele, também o canto da pomba e o rouxinol.
Um novo tema orquestral representa o doce sopro
de Zéfiro, mas apesar disso, o vento boreal
move-se desafiante ao lado dele.
No “Outono”, pode-se sentir já no
primeiro tutti e consequente solo de violino do
Primeiro Movimento (Allegro), novamente um
ambiente alegre, onde, segundo os sonetos de
Vivaldi, o camponês celebra com festas e cantos
a feliz colheita, com intenso prazer.
Os primeiros trinados do
Movimento 1 (Allegro non molto), do Inverno, nos
repassam a imagem de alguém tremendo sem parar
sobre a neve, castigado ainda pelo severo soprar
do vento cortante, anunciado já pelo primeiro
solo de violino, gerando um clima de tensão que
culmina no tutti orquestral, que passa a
sensação do correr batendo os pés a todo o
instante e no último solo do movimento, o bater
dos dentes em um frio intenso. O aconchego de
ficar ao fogo, quieto e satisfeito, enquanto a
chuva do lado de fora a tudo banha, pode ser
perfeitamente sentido não somente pelo doce e
expressivo solo de violino do Movimento 2
(Largo), mas também pelo pizziccatto da
orquestra imitando a chuva. O Movimento 3
(Allegro), é o único movimento rápido da obra
que já começa com um solo de violino, sugerindo
o caminhar sobre o gelo, a passos lentos, com
medo de cair com a tentativa. O tutti seguinte
expressa o caminhar com mais decisão e cair
sobre a terra, novamente, ir sobre o gelo e
correr forte, sem que o gelo se rompa. O tema
seguinte em andamento lento e posterior a tempo
num confronto entre violino e orquestra,
finaliza com vigor a música, ou como Vivaldi
desejou “sentir sair do céu o vento Siroco, o
boreal e todos os ventos em pé de guerra. Este é
o inverno, ainda assim, há nele alegria”.
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