UMA BATALHA APÓS
OUTRA
Tanto a
violência, como o crime, e a
juridicidade opressora,
acabariam por contaminar a
vida das pessoas, que as
praticam, tanto do lado
executor, como do repressor,
as quais jamais encontrariam
paz em suas vidas. Este é,
na verdade, o sentido do
filme de Paul Thomas
Anderson ( "Magnólia",
"Sangue Negro", "O Mestre"),
em exibição, na cidade, "Uma
Batalha Após Outra", que
tanto pelo argumento -
inspirado no livro "Vineland",
de Thomas Pynchon, que se
refere à política de Ronald
Reagan, de guerra às drogas
- como pelo roteiro, pela
direção (de rica variedade
formal ), pelas estupendas
interpretações e pela
vibrante trilha sonora, já
se classifica entre os
melhores do ano, sem ser,
entretanto, a meu ver, uma
obra-prima.
Como acontece
com os personagens do filme
de Paul Thomas Anderson, de
sentido didático-moral - que
serve naturalmente para os
EUA, não para o Brasil, onde
ex-terroristas chegam até à
presidência da República -,
não adianta falar em Deus,
em usar o rosário
no retrovisor dos carros, ou
tentar organizar um lar,
porque a
consequência punitiva seria
infalível, mais cedo, ou
mais tarde, sempre viria.
Esta é também
a mesma lição exarada do
filme "A Lenda de Rita", de
Volk Schandorff, de
temática semelhante,
relativa a terroristas
assaltantes de bancos, a meu
ver, mais primoroso,
premiado no Festival de
Berlim, de realização mais
antiga, mas que foi
novamente exibido, esta
semana, na mostra
comemorativa dos 35 Anos da
Reintegração da Alemanha,
realizada no Teatro do Sesc,
sob o patrocínio da
Embaixada da Alemanha e do
Instituto Goethe.
"Uma Batalha
Após Outra " - que
claramente se refere à
política de extrema direita
de Trump, de deportar
estrangeiros sem
documentação, principalmente
latinos-americanos, tidos
como indesejáveis no país -
narra a história de um
indivíduo, Bob Ferguson(
Leonardo DiCaprio ), que se
integra a um grupo de
terroristas para libertar
os detidos por tentarem
ingressar no país, pela
fronteira dos EUA, com o
México, os quais, são
mantidos em condições
sub-humanas, sob o jugo de
um coronel psicopata, Steven
Lockjaw (Sean Penn), à
espera de serem deportados.
Na luta
armada, Bob se envolve,
entretanto, com uma jovem
negra Perfídia Beverly (Teyana
Taylor ) e, com ela, tem uma
filha, Willia Ferguson (Chase
Infiniti), o que o faz
desejoso de voltar à
normalidade da vida, de
formar com sua companheira
um lar. Logo, porém, ele
verá que não vai conseguir
sujeitá-la à vida
conjugal porque ela decide
retornar às atividades
revolucionárias, deixando
com ele a responsabilidade
de criar a filha. Os anos se
passam, a filha, já moça, é,
por vingança, pela atuação
do pai no terrorismo,
sequestrada, incorporando-se
ela, da mesma forma, à vida
revolucionária, que marcou
as vidas de seus pais. A
ação do filme é, portanto,
em grande parte, tomada para
mostrar a luta de Bob para,
inútilmente, como se verá ao
final, libertar a filha
Willia. R.D.F.