Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Reynaldo Domingos Ferreira: UMA  BATALHA  APÓS  OUTRA


 

De: Reynaldo Ferreira 
<reydferreira@gmail.com>
Date: sáb., 4 de out. de 2025 
Subject: UMA BATALHA APÓS OUTRA
 
UMA BATALHA APÓS OUTRA
 
Tanto a violência, como o crime, e a juridicidade opressora, acabariam por contaminar a vida das pessoas, que as praticam, tanto do lado executor, como do repressor, as quais jamais encontrariam paz em suas vidas. Este é, na verdade, o sentido do filme de Paul Thomas  Anderson ( "Magnólia", "Sangue Negro", "O Mestre"), em exibição, na cidade, "Uma Batalha Após Outra", que tanto pelo argumento -  inspirado no livro "Vineland", de Thomas Pynchon, que se refere à política de Ronald Reagan, de guerra às drogas - como pelo roteiro, pela direção (de rica variedade formal ), pelas estupendas interpretações e pela vibrante trilha sonora, já se  classifica entre os melhores do ano, sem ser, entretanto, a meu ver, uma obra-prima.

 
Como acontece com os personagens do filme de Paul Thomas Anderson, de sentido didático-moral - que serve naturalmente para os EUA, não para o Brasil, onde ex-terroristas chegam até à presidência da República -, não adianta falar em Deus, em usar o rosário no retrovisor dos carros, ou tentar organizar um lar, porque a consequência punitiva seria infalível, mais cedo, ou mais tarde, sempre viria.

 
Esta é também a mesma lição exarada do filme "A Lenda de Rita", de Volk Schandorff, de temática semelhante, relativa a terroristas assaltantes de bancos, a meu ver, mais primoroso, premiado no Festival de Berlim, de realização mais antiga, mas que foi novamente exibido, esta semana, na mostra comemorativa dos 35 Anos da Reintegração da Alemanha, realizada no Teatro do Sesc, sob o patrocínio da Embaixada da Alemanha e do Instituto Goethe.

 
"Uma Batalha Após Outra " - que claramente se refere à política de extrema direita de Trump, de deportar estrangeiros sem documentação, principalmente latinos-americanos, tidos como indesejáveis no país -  narra a história de um indivíduo, Bob Ferguson( Leonardo DiCaprio ), que se integra a um grupo de terroristas para libertar os  detidos por tentarem ingressar no país, pela fronteira dos EUA, com o México, os quais, são mantidos em condições sub-humanas, sob o jugo de um coronel psicopata, Steven Lockjaw (Sean Penn), à espera de serem deportados.

 
Na luta armada, Bob se envolve, entretanto, com uma jovem negra Perfídia Beverly  (Teyana Taylor ) e, com ela, tem uma filha, Willia Ferguson (Chase Infiniti), o que o faz desejoso de voltar à normalidade da vida, de formar com sua companheira um lar. Logo, porém, ele verá que não vai conseguir sujeitá-la à vida conjugal porque ela decide retornar às atividades revolucionárias, deixando com ele a responsabilidade de criar a filha. Os anos se passam, a filha, já moça, é, por vingança, pela atuação do pai  no terrorismo, sequestrada, incorporando-se ela, da mesma forma, à vida revolucionária, que marcou as vidas de seus pais.  A ação do filme é, portanto, em grande parte, tomada para mostrar a luta de Bob para, inútilmente, como se verá ao final, libertar a filha Willia. R.D.F.
 
 

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