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Reynaldo Domingos Ferreira:
Brasília celebra os 35 anos da Reunificação da
Alemanha com mostra de filmes e exposição

De: Reynaldo Domingos Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: seg., 29 de set. de 2025
Subject: Fwd: Brasília celebra os 35 anos da
Reunificação da Alemanha com mostra de filmes e
exposição
AS CELEBRAÇÕES DOS TRINTA E CINCO ANOS DA
REUNIFICAÇÃO DA ALEMANHA
Brasília celebra os 35 anos da Reunificação da
Alemanha
com mostra de 5 filmes - de 30 de setembro a 15
de outubro - e exposição
A Embaixada da Alemanha e o Instituto Goethe de
Brasíla me convidam a
participar das comemorações dos 35 anos da
reunificação da Alemanha,
a acontecer no Teatro do Sesc- Estação Sul -
504. E o convite me sensibiliza
porque tive a oportunidade de conhecer Berlim,
Ocidental e Oriental,
antes da reunificação, sabendo, mais ou menos
bem, portanto, o que
essa efeméride significa para o povo alemão.
A DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA ERA A MAIOR DO
MUNDO, EM 1982
Era aquele o ano de 1982. A convite do
presidente do Banco Central do
Brasil - BCB -, Carlos Geraldo Langoni
(1944-2021 ), eu exercia,
pelo segundo ano, a Assessoria de Imprensa da
Instituição. Como já
narrei em outra oportunidade, o Brasil se
encontrava, naquela
oportunidade, sufocado por sua dívida extera - a
maior do mundo -,
com previsão do Ministério da Fazenda, chefiado
por Ernane Galvêas
( 1922- 2022), de fechar o exercício ao nivel de
US$ 91,9 blhões.
Às vésperas da reunião anual do Banco Mundial -
BIRD -, a se realizar
em Berlim Ocidental, o Banco Central pediu
permissão ao Conselho
Monetário Nacional - CMN - para subscrever 88
ações, no total de
US$ 10,6 milhões, como forma de manter seu poder
de voto na
instituição, Aprovado o pedido, com uma
delegação de mais ou
menos seis pessoas - técnicos do Departamento
Econômico e
da Área Externa, além do embaixador Botafogo
para eventuais
contatos com a Embaixada do Brasil, em Bonn -
sob a chefia de
Langoni, viajamos para Berlim.
A REUNIÃO DO BIRD
Lá chegando, em um dia ensolarado, nos
hospedamos, no Hotel Internacional, localizado
na Friederiche Strasse, no qual, em seu amplo e
suntuoso salão de eventos, realizar-se-ia a
reunião do BIRD. Distribuídos os quartos, tive
como companheiro Alberto Furuguem, Chefe do
Departamento Econômico do BCB, que ficava, a
todo tempo, reunido com Langoni, fornecendo-lhe
dados para a redação de documentos a serem
apresentados na reunião, muitos deles,
com propostas de negociação da volumosa dívida
externa do Brasil.
A mim incubia ficar no hall de entrada do hotel,
atendendendo os jornalistas,
correspondentes brasileiros, em sua maioria,
sediados em Berlim Ocidental,
ou em outras cidades próximas dali. No geral, o
expediente de trabalho se encerrava por volta de
15,00h.
A ÓPERA "SIEGFRIED ", DE RICHARD WAGNER
No segundo dia, em que lá estávamos, o
embaixador Botafogo encontrou-me, no hall do
hotel, dizendo ter dois ingressos, se eu
aceitava um, para vermos ambos a ópera "Siegfried",
de Wagner, no Teatro Municipal, que ficava nas
proximidades do hotel. O espetáculo deveria se
iniciar, às 17,00h. Mais do que depressa, fomos
para o Teatro, que, quando lá chegamos,
já estava praticamente lotado. As nossas
poltronas ficavam, na plateia, bem próximas do
palco. Penso que não vi, em toda a minha
existência, um espetáculo tão grandioso e
bonito.
Siegrified é um individuo intrigado com o enigma
de sua vida, submetida sempre a uma relativa
liberdade, embora ele aspire à liberdade
absoluta. A ópera é, portanto, um magnífico
canto em favor da libertação.
O espetáculo teve a duração de cinco horas, com
intervalo de trinta minutos para um lanche no
belo restaurante do Teatro. Quando de lá saimos,
em direção ao hotel, já eram quase 23 horas.
O COQUETEL
Na noite seguinte, o Bird ofereceu um coquetel,
na suntuosa cobertura de um edifício,
localizado, mais ou menos próximo do muro, que
dividia as duas cidades: Berlim Ocidental e
Berlim Oriental, esta sob o jugo da União
Soviética. Nesse coquetel, conheci um alemão,
Helmut, que falava razoavelmente bem o
português, ao sotaque de Portugal, pois que lá
vivera alguns anos, trabalhando para uma
instituição bancária, a qual ele estava, em
compahia de outros colegas, representando na
reunião do Bird.
Foi ele quem me esclareceu, mais ou menos, como
era viver nas duas cidades divididas.
Disse-me ter parentes do outro lado do Muro, os
quais ele acreditava não ver nunca mais.
Apontou-me também, mais ou menos, a localização
de uma passagem do muro, na Friederich Strasse,
pela qual estrangeiros, como eu, com passaporte
brasileiro, poderiam ingressar para
ver um pouco das agruras pelas quais viviam os
alemães, na Berlim Oriental.
Orientou-me ele ainda quanto às exigências, que
me seriam feitas, na entrada do muro, como, além
da apresentação do passaporte, a troca do dólar,
numa quantia de, mais ou menos, US$50,00, que eu
deveria gastar, na totalidade, do outro lado.
Terminado o coquetel, voltei para o hotel com a
ideia de, na tarde seguinte, quando eu teria uma
folga do trabalho, junto à delegação do Banco
Central do Brasil, atravessar o muro de Berlim.
E foi o que fiz, sozinho, pois ninguém desejou
me acompanhar.
BERLIM ORIENTAL
A entrada na passagem do Muro, na Friederich
Strasse, era toda envolta por um emaranhado de
arames farpados. Nela havia um pequeno
escritório, com guardas de seguranca, armados,
que me exigiram tudo aquilo que já me havia
previsto o Helmut, que conheci no coquetel, na
noite anterior. O dia estava meio chuvoso,
quando pisei o solo da Berlim Oriental. Sem
orientação certa, caminhei por algumas ruas e
avenidas, observando em quase todas elas
edificios de arquiteturas monumentais, quase
totalmente arruinados. Como a chuva engrossara,
abriguei-me em um deles, sede de uma também
arruinada biblioteca, na qual havia poucos
leitores. Amainada a chuva, dei prosseguimento à
minha caminhada por ruas e avenidas, observando,
em vários pontos. filas enormes de pessoas para
adquirirem um pão arredondado e um repolho para
se fazer certamente o chucrute, como deduzi. A
miséria se estampava nas feições das pessoas.
Com custo, encontrei um pequeno bar - ou coisa
parecida - onde tomei café com uma bolacha
intragável e, ao voltar, felizmente, dei-me com
um tipo de antiquário, no qual gastei todo o
restante do dinheiro, que trocara, adquirindo um
album, contendo três discos, de vinil, com
alguns estudos para piano de Tchaikovski, pouco
conhecidos no Brasil, e seis cálices para vodka.
Asssim, pude retornar, com tranquilidade, já
quase à tardinha, ao hotel.
STRATFORD-UPON-AVON, A TERRA NATAL DE WILLIAM
SHAKESPEARE
No dia seguinte, já véspera do final de semana,
após o encerramento da reunião do Bird, a
delegação do Banco Central regressou ao Brasil,
mas eu desviei minha passagem, com autorização
do presidente Carlos Langoni, para Londres, onde
residia um casal de amigos, Heitor Tepedino -
trabalhando como correspondente de um jornal
brasileiro, e sua esposa, Carla, que me levaram
a conhecer a maravilhosa cidade de
Stratford-Upon- Avon, para visitar a casa, na
qual nasceu, viveu e morreu William Shakespeare.
Momentos inesquecíveis lá eu vivi. Na
segunda-feira, regressei a Brasilia.
Será, portanto, com grande prazer, que estarei
na Mostra de Cinema
"35 Anos da Reunificação da Alemanha", amanhã,
terça-feira (30 de setembro ), às 19,00h,
no Teatro do SESC, na 504-Sul.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
Brasília, setembro de 2025
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