Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: O PODER DOS GRUPOS!



É inegável: a solidão é uma escolha. E não deixa de ser um espaço de descanso, de meditação, de questionamentos, de avaliação. Ou de simplesmente ficar de papo para o ar aproveitando da quietude, do isolamento, do relaxamento. No entanto, valorizar a solidão não significa desconhecer ou não dar importância ao poder dos grupos de amigos em nossas vidas. Assim, tive amigos mais chegados e que se transformavam, em última análise, nos meus grupos. Bem pequenos. Ou seja, me dava com muita gente e gostava de estar com todos. No entanto, convivência maior somente com os poucos mais queridos.

E eis que me chega a maior idade. Bem maior, se querem saber. Passei dos setenta. E, de repente, por circunstâncias da vida, de mudança de moradia, de participação em uma instituição cultural, a Almub, me vi rodeada de pessoas super interessantes, alegres e inteligentes. Deste modo, da antiga academia de esportes que eu frequentava no novo bairro, tenho um grupo maior e que se encontra por amizade pura e simples. E participo de mais dois grupos de Leitura, com pessoas amigas também. Dado o tempo de convivência, há um clima de confiança e aceitação. Bem antes da pandemia já nos encontrávamos. Durante a pandemia, os grupos realizaram atividades que nos ajudaram a viver. Naquele tempo havia um só grupo de leitura, que fazia as reuniões por telefone. É interessante que não percebíamos o alcance de nossa atividade, realizada daquele modo, demonstrando o nosso interesse e resiliência. O da academia, se reunia na área verde, em frente ao meu prédio, uma vez por semana. E era tudo que precisávamos para vencer a angústia da situação e até encontrar um espaço para colocar e discutir nossos problemas. Ouvindo opiniões e conselhos. Foi terapêutico. Assim, há mais de seis anos, esta convivência me fortalece, ajuda a me encontrar comigo mesma, encoraja e enriquece.

Sem dúvida, não é por acaso que quase todos nós participamos de grupos de amigos. É fonte de alegria. O trocar figurinhas, dividir decepções, compartilhar alegrias, formular objetivos comuns, receber orientação para algum problema. É como descobrir e fortalecer a nossa humanidade. Os laços que são criados nos envolvem com a ternura de ser um com o Outro; de conhecê-lo, de estar perto quando precisam, de ter apoio quando necessário. A vida como se ilumina na convivência. De nossas reuniões voltamos sempre para a casa com a sensação de pertencimento e renovação.

Assim, diante de meus grupos tenho um sentimento de agradecimento eterno. Um reconhecimento de que devo muito a eles. E embora a solidão me apresente bons auspícios, alegria, nostalgia e uma imensa saudade que sorrateiramente me visita, estar com minhas amigas é como um bom cálice de martini. Me deixa leve, solta, coração saltitando. Sinto-me confortável com elas, que acrescentam muito à minha vida. Serei sempre agradecida. (10/2025/luiza)
 

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