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LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: O PODER DOS GRUPOS!

É inegável: a solidão é uma escolha. E não deixa
de ser um espaço de descanso, de meditação, de
questionamentos, de avaliação. Ou de
simplesmente ficar de papo para o ar
aproveitando da quietude, do isolamento, do
relaxamento. No entanto, valorizar a solidão não
significa desconhecer ou não dar importância ao
poder dos grupos de amigos em nossas vidas.
Assim, tive amigos mais chegados e que se
transformavam, em última análise, nos meus
grupos. Bem pequenos. Ou seja, me dava com muita
gente e gostava de estar com todos. No entanto,
convivência maior somente com os poucos mais
queridos.
E eis que me chega a maior idade. Bem maior, se
querem saber. Passei dos setenta. E, de repente,
por circunstâncias da vida, de mudança de
moradia, de participação em uma instituição
cultural, a Almub, me vi rodeada de pessoas
super interessantes, alegres e inteligentes.
Deste modo, da antiga academia de esportes que
eu frequentava no novo bairro, tenho um grupo
maior e que se encontra por amizade pura e
simples. E participo de mais dois grupos de
Leitura, com pessoas amigas também. Dado o tempo
de convivência, há um clima de confiança e
aceitação. Bem antes da pandemia já nos
encontrávamos. Durante a pandemia, os grupos
realizaram atividades que nos ajudaram a viver.
Naquele tempo havia um só grupo de leitura, que
fazia as reuniões por telefone. É interessante
que não percebíamos o alcance de nossa
atividade, realizada daquele modo, demonstrando
o nosso interesse e resiliência. O da academia,
se reunia na área verde, em frente ao meu
prédio, uma vez por semana. E era tudo que
precisávamos para vencer a angústia da situação
e até encontrar um espaço para colocar e
discutir nossos problemas. Ouvindo opiniões e
conselhos. Foi terapêutico. Assim, há mais de
seis anos, esta convivência me fortalece, ajuda
a me encontrar comigo mesma, encoraja e
enriquece.
Sem dúvida, não é por acaso que quase todos nós
participamos de grupos de amigos. É fonte de
alegria. O trocar figurinhas, dividir decepções,
compartilhar alegrias, formular objetivos
comuns, receber orientação para algum problema.
É como descobrir e fortalecer a nossa
humanidade. Os laços que são criados nos
envolvem com a ternura de ser um com o Outro; de
conhecê-lo, de estar perto quando precisam, de
ter apoio quando necessário. A vida como se
ilumina na convivência. De nossas reuniões
voltamos sempre para a casa com a sensação de
pertencimento e renovação.
Assim, diante de meus grupos tenho um sentimento
de agradecimento eterno. Um reconhecimento de
que devo muito a eles. E embora a solidão me
apresente bons auspícios, alegria, nostalgia e
uma imensa saudade que sorrateiramente me
visita, estar com minhas amigas é como um bom
cálice de martini. Me deixa leve, solta, coração
saltitando. Sinto-me confortável com elas, que
acrescentam muito à minha vida. Serei sempre
agradecida. (10/2025/luiza) |
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