Theresa Catharina de Góes Campos

 
PESQUISADOR  E  ESCRITOR  ANDRÉ  MALTA  lança livro de estudos gregos


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A Selvagem Perdição - Erro e ruína na Ilíada


A poesia de Homero foi e tem sido um elemento fundamental na formação da cultura do Ocidente. A Ilíada e a Odisséia têm sido lidas e estudadas com interesse desde a antigüidade; têm instigado nossa imaginação e inspirado desde filmes B americanos até o Ulisses de James Joyce.

Contudo, a partir dos estudos de Milman Parry (publicados entre 1928 e 1937 e recolhidos no volume The Making of the Homeric Verse – The Collected Papers of Milman Parry ; Oxford, 1971) houve uma revolução no modo como compreendíamos essas obras. Parry lançou nova luz sobre o caráter oral da poesia homérica. De fato, a Ilíada e a Odisséia foram compostas em uma época na qual os gregos não usavam o alfabeto e a escrita. Esses extensos poemas não só foram compostos oralmente, como também eram divulgados e preservados oralmente por aedos que memorizavam seus versos. A composição oral, todavia, exige da parte do poeta certas técnicas específicas, que não são necessárias no caso da composição escrita de uma obra literária – por exemplo, o uso da fórmula e do epíteto.

Depois das descobertas de Parry, a análise do fenômeno da oralidade passa a ser uma constante nos estudos homéricos: o que aquela poesia nos conta passa a interessar menos do que o modo como aquela poesia foi feita. Estudos técnicos sobre os mecanismos da oralidade em Homero tornam-se mais numerosos e influentes do que estudos sobre o conteúdo moral, teológico, social etc. de sua poesia – a ponto de Jasper Griffin, no prefácio de Homer on Life and Death (Oxford, 1980), se queixar do fato de que tais estudos técnicos sobre oralidade, junto com estudos históricos e arqueológicos, quase nos fizeram esquecer os próprios poemas homéricos, seu conteúdo, aquilo que eles nos relatam.

O livro A Selvagem Perdição – Erro e Ruína na Ilíada , do jovem pesquisador e professor da USP André Malta, se situa naquele terreno de investigação cujo abandono Griffin lamentava: embora reconheça e leve em conta as teses de Parry, A Selvagem Perdição não é um tratado árido sobre questões técnicas referentes à produção da poesia da Ilíada , mas um mergulho nos conteúdos e nos sentidos dessa poesia. André Malta toma como fio condutor a complexa noção de áte – um conceito fundamental para a compreensão do universo moral e religioso de Homero (como também fundamental para que compreendamos o espírito grego em geral) – e, numa linguagem clara e fluente, que não afugentará aqueles que não forem especialistas em literatura grega, ilumina para o leitor alguns aspetos centrais da Ilíada .

A Selvagem Perdição coloca numa perspectiva correta as relações entre deuses e mortais (que, em Homero, são tão diferentes das relações entre Deus e os homens na tradição judaico-cristã!) e, assim, permite que o leitor do poema compreenda o que move, o que inibe e o que dá sentido às ações dos heróis no mundo homérico.

Flávio Ribeiro de Oliveira
Instituto de Estudos da Linguagem – Unicamp

SERVIÇOS:
Autor: André Malta
Nº de páginas: 428
ISBN: 85-88023-75-X
Preço: R$ 50,00

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