JIRAU DIVERSO
										
										Nº 14 – 
										abril.2007
										por Enzo Carlo Barrocco
										
										A poesia gaúcha 
										de Alceu Wamosy
										
										O POEMA
										
										Duas almas
										
										Ó tu que vens de longe, ó tu, que 
										vens cansada,
										Entra, e, sob este teto encontrarás 
										carinho:
										Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
										Vives sozinha sempre, e nunca foste 
										amada...
										
										A neve anda a branquear, lividamente, a 
										estrada,
										E a minha alcova tem a tepidez de um 
										ninho,
										Entra, ao menos até que as curvas do 
										caminho
										Se banhem no esplendor nascente da 
										alvorada.
										
										E amanhã, quando a luz do sol dourar, 
										radiosa,
										Essa estrada sem fim, deserta, imensa e 
										nua,
										Podes partir de novo, ó nômade formosa!
										
										Já não serei tão só, nem irás tão 
										sozinha.
										Há de ficar comigo uma saudade tua...
										Hás de levar contigo uma saudade 
										minha...
										
										O POETA
										
										Alceu de Freitas 
										Wamosy,  poeta e jornalista gaúcho 
										(Uruguaiana 1895 – Livramento 1923) 
										trabalhando ativamente na imprensa pode, 
										paralelamente, se dedicar à poesia que 
										era o seu principal ofício . As 
										impressões de vida interior são as 
										principais características na poesia 
										puramente subjetiva deste poeta do Rio 
										Grande. Wamosy é o patrono da cadeira nº 
										40 da Academia Sul-rio-grandense de 
										letras.