Theresa Catharina de Góes Campos

  DISCURSO DE EMBAIXADOR COM ASCENDÊNCIA INDÍGENA

Data: Wed, 14 Mar 2007 12:44:51 -0300
De: "Aureo Cesar"
Para:theresa.files@gmail.com
Assunto:  DISCURSO DO EMBAIXADOR
 
Ei pessoal, este é magistral!
Áureo Cesar.
 
 DISCURSO DO EMBAIXADOR MEXICANO

 Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro
 Cuatemoc, de ascendência indígena, "defendendo o
 pagamento da dívida externa do seu país,
o México,"
 embasbacou os principais chefes de Estado da
 Comunidade Européia. A conferência dos chefes de
 Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio
 de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e
 surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram
 perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e
 de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro
 Cuatemoc.

 Eis o discurso:

 "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a
 América há 40 mil anos, para encontrar os que a
 "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da
 aduana me pediu um papel escrito, um visto, para
 poder descobrir os que me descobriram. O irmão
 financista europeu me pede o pagamento - ao meu
 país- ,com juros, de uma dívida contraída por Judas,
 a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão
 europeu me explica que toda dívida se paga com
 juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres
 humanos e países inteiros sem pedir-lhes
 consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e
 juros.

 Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais"
 que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a
 São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16
 milhões de quilos de prata provenientes da América.

 Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria
 pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo
 mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me
 Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim,
 matam e negam o sangue do irmão.

 Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos
 caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo
 Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do
 capitalismo e a atual civilização européia se devem
 à inundação de metais preciosos tirados das
 Américas.

 Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de
 quilos de prata foram o primeiro de tantos
 empréstimos amigáveis da América destinados ao
 desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria
 presumir a existência de crimes de guerra, o que
 daria direito a exigir não apenas a devolução, mas
 indenização por perdas e danos.

 Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

 Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do
 que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para
 garantir a reconstrução da Europa arruinada por
 suas deploráveis guerras contra os muçulmanos,
 criadores da álgebra, da poligamia, e de outras
 conquistas da civilização.

 Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo,
 podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso
 racional responsável ou pelo menos produtivo desses
 fundos?

 Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas
 batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em
 terceiros reichs e várias formas de extermínio
 mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes,
 depois de uma moratória de 500 anos, tanto de
 amortizar o capital e seus juros quanto
 independerem das rendas líquidas, das
 matérias-primas e da energia barata que lhes
 exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

 Este quadro corrobora a afirmação de Milton
 Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada
 jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes,
 para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos
 juros que, tão generosamente, temos demorado todos
 estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos
 que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos
 europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20%
 e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus
 cobram dos povos do Terceiro Mundo.

 Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais
 preciosos, acrescida de um módico juro de 10%,
 acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com
 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a
 fórmula européia de juros compostos, informamos aos
 descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de
 ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as
 cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer
 um número para cuja expressão total será necessário
 expandir o planeta Terra.

 Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se
 calculados em sangue?

 Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu
 gerar riquezas suficientes para esses módicos juros,
 seria como admitir seu absoluto fracasso
 financeiro e a demência e irracionalidade dos
 conceitos capitalistas.

 Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a
 nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura
 de uma carta de intenções que enquadre os povos
 devedores do Velho Continente e que os obriguem a
 cumpri-la, sob pena de uma privatização ou
 conversão da Europa, de forma que lhes permitam
 entregar suas terras, como primeira prestação de
 dívida histórica..."

 Quando terminou seu discurso diante dos chefes de
 Estado da Comunidade Européia, o Cacique
 Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo
 uma tese de Direito Internacional para determinar a
 Verdadeira Dívida Externa.
 Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha
 a dignidade e coragem suficiente para impor seus
 direitos perante os Tribunais Internacionais.
 Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação
 que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com
 juros civilizados.

 Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE.
 

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