Theresa Catharina de Góes Campos

  PREFÁCIO de CERES ALVIM para "EXISTE VIDA SEM POESIA?"

Após a Missa, Theresa Catharina lançou-me um desafio: - Existe Vida sem Poesia?

Sofri um impacto, retrocedi e fui arremetida àquele instante primeiro da mágica de Deus:

- "Faça-se a Luz."

Deus lançava a primeira semente: a PALAVRA. E, com ela criava o universo.

De acordo com "Sefer letzirá", o Livro da Criação, Deus criou o mundo com as vinte e duas consoantes do alfabeto hebraico. ( p.200)

"...Estas letras são os elementos estruturais com as pedras dos quais foi erguido o edifício da Criação.

Antes que o mundo fosse criado, só Deus e Seu Nome existiram. Tudo o que foi criado e tudo o que foi falado provêm de um Nome."

A PALAVRA contém energia em potencial. Pronunciada, pode criar ou desintegrar o universo de cada um de nós. Abarca tudo o que existe. Também a Poesia.

A Poesia é inerente à Vida, inerente a cada um de nós.

O Poeta é aquele que enxerga e vive a Poesia no cotidiano, a cada momento, em cada ato, expresso ou não pela PALAVRA.

E então vejo diante de mim Theresa Catharina, amiga e poeta, que carrega dois nomes de santas e doutoras da Igreja.

De onde Theresa extrai tanta energia, vitalidade, seus dias de quarenta e oito horas?

De onde vem a inteligência privilegiada, um território computadorizado de conhecimento?

De onde vem esta força arrasadora, o sofrimento transmutado em força?

Penso que da PALAVRA. Da Poesia.

A Poesia fez de Theresa Catharina a grande educadora que é, não só de seus alunos, mas de nós todos, seus amigos que assistimos a seu desfile pela Vida: criativa, imperturbável, incorruptível, humanista, doadora de seus muitos talentos. As mazelas não alcançando, não tocando a fímbria de seu vestido.

A primeira PALAVRA contém o Sonho, a Esperança e a Poesia, esta Trindade verde que voa dentro de nós, às vezes tão diáfana...

Para que o mundo possa viver sem Poesia, Deus terá que desmanchá-lo. Desmanchar a Fantasia. Pronunciar uma nova PALAVRA que recolha e guarde em Seu Nome as vinte e duas consoantes do alfabeto hebraico.

Mas ... Onde estive? Você falava...

- Therezita, o que foi mesmo que você me perguntou?

Brasília, 30 de maio de 1989
CÂNDIDA SEVERIANA

Notas:

1) Cândida Severiana foi o pseudônimo usado, nas primeiras obras literárias, pela escritora Ceres Alvim, mãe de cinco filhos e avó de Pablo Alvim, que ilustrou a maioria de seus onze livros.
Amiga, colaboradora e incentivadora de Theresa Catharina, desde 1965, já nessa época a chamava de "Therezita", como até hoje, seus familiares e amigos mais íntimos.

2)

_ Quem leva a Esperança?

Therezita.

A Terra está em grande perigo. Precisa de sua Voz, para salvá-la.

Desejo que este aviãozinho de papel seja o arauto de um futuro brilhante, criativo e muito Verde para você.

Você que viu e aplaudiu o nascimento de "Pau-de-arara do Céu".

Meu abraço e amizade de sempre,

Ceres

Brasília, 7/5/2007

(Dedicatória de Ceres Alvim, no exemplar que me ofertou, da segunda edição de " Pau-de-arara do Céu".)

 

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