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								|  | QUEBRA DE CONFIANÇA 
 Um solo de piano dá tom sóbrio à narrativa de 
								Billy Ray, em Quebra de Confiança, 
								thriller psicológico, baseado em fatos 
								reais, sobre a detenção, em 2001, de um agente 
								do FBI que, durante mais de vinte e cinco anos, 
								vendeu segredos de estado à extinta União 
								Soviética e depois à Rússia, estando por isso 
								cumprindo pena de prisão perpétua no estado do 
								Colorado.
 
 Além do tom sóbrio da narrativa, desenvolvida em 
								planos fechados pela fotografia de Tak Fujimoto, 
								o filme, rodado nos escritórios do FBI em 
								Washington, conta também com marcantes atuações 
								de Chris Cooper, como Robert Hanssen, o agente 
								espião, Laura Linney, como Kate Barroughs, que 
								tudo sabia sobre ele e, surpreendentemente, de 
								Ryan Phillippe, como Eric O´Neill, técnico em 
								computação, aspirante a agente, que conseguiu 
								viabilizar sua prisão.
 
 Note-se ainda no elenco a presença da bela atriz 
								canadense, Caroline Dhavernas, no papel de 
								Juliana, esposa bisbilhoteira de O´Neill, sob a 
								ótica de quem o roteiro foi elaborado por Ray, 
								com a colaboração de William Rotko e Adam Max. 
								O´Neill, que hoje atua como advogado em 
								Washington, foi também, segundo os créditos 
								finais do filme,  consultor, tanto do diretor 
								Billy Ray, como do ator Ryan Phillippe, que 
								interpretou o seu papel.
 
 Por sinal, é importante observar, que além de 
								construir o personagem de Hanssen com muitas 
								nuanças, mas sem nunca explicá-lo, o roteiro faz 
								justamente o contrário em relação a O´Neill, 
								cuja atuação no caso procura justificar, 
								traçando um paralelo entre o seu relacionamento 
								com o pai, ex-oficial de marinha, com a esposa e 
								com os seus superiores hierárquicos no FBI.
 
 O filme tem início com um flashback, dois 
								meses antes da prisão do agente espião, fase que 
								coincide com a transição dos governos 
								Clinton-Bush, cujas fotos são trocadas nos 
								escritórios do FBI, quando O´Neill, bem 
								apessoado, é designado para trabalhar no 
								gabinete de Hanssen, mas com a sigilosa missão 
								de servir como isca, pois ao que lhe fora dito, 
								o agente seria um pervertido sexual, cujo 
								comportamento, já transparente para o exterior, 
								estaria afetando o nome da instituição.
 
 Em relação ao momento político em que se dá o 
								conhecimento entre Hanssen e O´Neill, o primeiro 
								faz referência preconceituosa sobre a atuação de 
								Hillary Clinton na vida pública dos EUA. Mas ao 
								contrário do que O´Neill fora informado, a 
								imagem que Hanssen lhe inspira, não é a de quem 
								poderia ter hábitos sexuais extravagantes. Suas 
								primeiras impressões são, sim, as de que Hanssen 
								é um chefe de família exemplar, católico 
								praticante que, como ele, freqüenta a missa aos 
								domingos e tem opinião própria sobre alguns 
								aspectos da doutrina religiosa.
 
 A partir daí fica evidente que Billy Ray não 
								quis fazer um filme de espionagem – tanto assim 
								que o roteiro não entra em detalhes sobre as 
								informações que Hanssen fornecia aos russos, nem 
								investiga os métodos que ele usava para isso - 
								mas, sim, um thriller de ordem 
								psicológica de duas personalidades que se 
								conhecem por dever de ofício, que de início se 
								estranham, mas que aos poucos constatam e 
								admitem a existência de afinidades entre elas.
 
 Essa difícil opção de condução da narrativa 
								poderia não resultar proveitosa, a meu ver, se o 
								intérprete de Hanssen não tivesse a categoria de 
								Chris Cooper, detentor de um Oscar por atuação 
								como  coadjuvante, mas que, apesar disso, não 
								tem sido contemplado com bons papéis. Como 
								Hanssen, porém ele atua de forma magistral, 
								repassando as nuanças do personagem de tal forma 
								que se percebe a transição que nele se opera ao 
								se saber investigado por um subordinado e que, 
								apesar de sua tarimba profissional, não consegue 
								dele se desvencilhar à causa da estima que desde 
								o início o inspirara, a qual, conforme se 
								conscientiza, o debilita de forma irremediável.
 
 Essa demonstração de fraqueza do enigmático 
								Hanssen se torna evidente não só para o 
								espectador, como para O´Neill  e principalmente 
								para Kate Burroughs na seqüência do 
								engarrafamento do trânsito numa das principais 
								avenidas de Washington. Postada a distância, 
								pelo sistema de escuta, a agente Kate se 
								convence de que o subordinado por ela designado 
								conseguira finalmente ter seu chefe sob completo 
								domínio. Laura Linney, como Kate, embora em 
								breve atuação, está, como de costume, soberba. É 
								uma grande atriz, que faz sempre acreditar que 
								o  papel que interpreta  teria sido escrito 
								exclusivamente para ela.
 
 Mas em termos de interpretação, quem surpreende, 
								como já disse, é Ryan Phillippe, que  apresenta 
								sua melhor atuação até agora, embora já tenha 
								feito filmes sob a direção de grandes cineastas. 
								Não se sabe a que ou a quem atribuir essa 
								mudança para melhor no ator, se no trabalho da 
								direção de Ray ou se na consultoria que lhe 
								prestou o advogado O´Neill. O certo é que o ator 
								tem bons momentos, com jogo facial adequado, ora 
								contracenando com Chris Cooper, ora com Laura 
								Linney, o que, a meu ver, é um feito, sem 
								dúvida, a ser destacado.
 
 Em suma, Quebra de Confiança, de Billy 
								Ray, que não pode ser considerado como filme de 
								espionagem, mas um thriller psicológico 
								de suspense bem estruturado, é filme empolgante 
								de se ver. E principalmente pela categoria de 
								seus intérpretes: Chris Cooper, Laura Linney, 
								Ryan Phillippe e Caroline Dhavernas, que atuam 
								muito bem.
 
 REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
 ROTEIRO, Brasília, Revista
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 FICHA TÉCNICA
 QUEBRA DE CONFIANÇA
 BREACH
 EUA/2007
 
 Duração – 110 minutos
 Direção – Billy Ray
 Roteiro – Billy Ray, William Rotko, Adam Mazer
 Produção – Scott Kroopf, Robert Newmeyer
 Fotografia – Tak Fujimoto
 Trilha sonora – Michael Danna
 
 Elenco – Chris Cooper (Robert Hanssen), Ryan 
								Phillippe (Eric O´Neill), Laura Linney (Kate 
								Barroughs), Caroline Dhavernas (Juliane O´Neill), 
								Gary cole ( Rich Garces) e Bruce Lavison (John 
								O´Neill)
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