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												BOBBY 
												 
												Em
												Bobby, Emilio Estevez 
												mistura ficção e realidade para 
												reconstituir momento trágico da 
												vida política americana, que foi 
												o do assassínio do senador 
												Robert Kennedy, no Hotel 
												Ambassador, em Los Angeles, 
												em 1968, logo após haver sido 
												declarado vencedor das eleições 
												primárias do Partido Democrata, 
												na Califórnia, para ser 
												candidato à presidência dos EUA. 
												 
												Não 
												se trata, porém de um filme 
												sobre Bobby Kennedy, que se faz 
												presente, em plano de fundo, por 
												meio de imagens documentais, as 
												quais reproduzem muitos de seus 
												discursos de campanha eleitoral. 
												Trata-se, na verdade, da 
												história de pessoas, 
												esperançosas numa mudança de 
												rumo para a vida do país, que se 
												encontravam, no dia 4 de junho 
												de 1968, no Hotel Ambassador 
												– agora recentemente demolido - 
												como hóspedes, prestadores de 
												serviços ou integrantes do 
												staff do candidato 
												democrata. 
												 
												Os 
												protagonistas, portanto, são 
												representativos das diversas 
												camadas da sociedade americana, 
												que, naquela época, debatia 
												questões de racismo, de direitos 
												humanos, do assassínio do pastor 
												Martin Luther King, da guerra do 
												Vietnam, das disputas de 
												basebol, da violência urbana, do 
												surgimento dos hippies/beatniks 
												e da disseminação do uso da 
												droga (LSD) no meio da 
												juventude. 
												 
												Apesar 
												de a estrutura narrativa de 
												Bobby se basear na de 
												Grande Hotel, de Edmund 
												Gouldi, com Greta Garbo e grande 
												elenco, Oscar de Melhor Filme de 
												1931-32, citado no diálogo, a 
												idéia de alinhavar dramas de 
												mais de vinte personagens, 
												interpretados também por nomes 
												famosos do cinema americano da 
												atualidade, parece ter resultado 
												em tarefa difícil para o pulso 
												de Emilio Estevez que, como 
												diretor e roteirista, algumas 
												vezes se perde na condução de 
												temas tão diversos. 
												 
												O 
												primeiro tema é o da ociosidade 
												da pessoa idosa, que se 
												aposenta, se sente inútil e 
												atormentado por doenças, 
												transparente no diálogo do 
												porteiro, John Casey (Anthony 
												Hopkins) com o amigo, que o 
												visita, Nelson (Harry 
												Belafonte), a quem ele mostra as 
												dependências do hotel, lembrando 
												os áureos tempos em que nele se 
												hospedavam Rita Hayworth, 
												Bárbara Stanwick, Bing Crosby, 
												Frank Sinatra e outros. 
												 
												O 
												segundo tema é o do racismo, que 
												se evidencia no duro embate do 
												administrador da cozinha do 
												hotel, Daryl Tymmons (Christian 
												Slater) com os garçons 
												mexicanos, José Rojas (Freddy 
												Rodriguez) e Miguel (Jacob 
												Vargas) e, por extensão, com o 
												negro, Edward Robinson (Laurence 
												Fishburne). 
												 
												Há 
												também a questão do adultério de 
												um dos administradores do hotel, 
												Paul Ebbers (William H. Macy), 
												casado com a cabeleireira Miriam 
												(Sharon Stone), que usa um 
												apartamento para ter encontros 
												amorosos, nem sempre bem 
												sucedidos, com a telefonista 
												Ângela (Heather Graham). 
												 
												Há 
												uma jovem, Diane (Lindsay 
												Lohan), que, contrariando os 
												pais, se prepara para casar com 
												William Avary (Elijah Wood) 
												apenas pela intenção de livrá-lo 
												da obrigação de ir para o 
												front de batalha no Vietnam 
												e depois voltar, como outros 
												seus colegas, dentro de um 
												caixão para ser enterrado pela 
												família. 
												 
												Há 
												o tema do alcoolismo que degrada 
												cada vez mais a relação do 
												casal, Virginia Fallon (Demi 
												Moore), cantora - que se apronta 
												para saudar o senador Robert 
												Kennedy na sua chegada ao hotel 
												- com Tim Fallon (Emilio 
												Estevez), um ex-baterista, 
												ofuscado pela fama da mulher. 
												 
												Paralelo 
												ao alcoolismo, há o tema da 
												droga, focalizado no personagem 
												de um hippie (Achton 
												Kuscher), hóspede de um dos 
												melhores apartamentos do hotel, 
												que faz da bela Suzan Taylor 
												(Mary Elizabeth Winstead) uma 
												isca para atrair, nos halls
												e corredores, jovens, como 
												Jimmy (Brian Gerachty) e Cooper 
												(Shia LeBoeuf) a fim de 
												iniciá-los, por meio de uma 
												conversa enganosa, num possível 
												contato com Deus pelo uso do 
												LSD. 
												 
												E, 
												por fim, há a ambição política 
												desmedida de jovens integrantes 
												do staff do senador 
												Robert Kennedy, como Wade 
												Buckley (Joshua Jackson) e 
												Dwayne (Nick Cannon), que, 
												empolgados com os resultados das 
												eleições primárias do Partido 
												Democrata, na Califórnia, já se 
												consideram futuros titulares de 
												altos cargos na Casa Branca, 
												como o de Secretário de 
												Transportes. 
												 
												Se 
												a direção de Emilio Esteves 
												falha principalmente na parte 
												inicial - expositiva dos 
												personagens - ela ganha certo 
												alento e até mesmo brilhantismo 
												nas seqüências finais em que, 
												auxiliada por primorosa trilha 
												sonora, imprime clima de 
												vibrante emoção ao reconstituir 
												a cena do assassinato do senador 
												Robert Kennedy, perpetrado na 
												cozinha do hotel Ambassador, às 
												primeiras horas do dia 5 de 
												junho de 1968, quando também 
												vários dos protagonistas do 
												filme saem feridos. 
												 
												Não 
												é de se estranhar, portanto, que
												Bobby, ao ser exibido no 
												último Festival de Veneza, tenha 
												recebido aplausos de pé da 
												platéia, além da indicação ao 
												Globo de Ouro de Melhor Filme 
												pela Associação de Críticos de 
												Nova York. Concorreu para esse 
												êxito do filme também, a meu 
												ver, o trabalho admirável do 
												elenco, que tem alguns nomes que 
												precisam ser destacados, como, 
												por exemplo, os de Anthony 
												Hopkins e do cantor Harry 
												Belafonte, que foi amigo do 
												senador Robert Kennedy. 
												 
												As atrizes Sharon Stone e Demi 
												Moore, bem dirigidas, têm também 
												uma cena memorável diante de 
												espelhos no salão de beleza do 
												hotel. William H. Macy, Helen 
												Hunt, Christian Slater, Freddy 
												Rodriguez, Jacob Vargas e 
												Laurence Fishburne compõem muito 
												bem os seus papéis. Mas quem se 
												afina realmente com a direção e 
												lhe facilita o elo de ligação 
												entre os diversos temas 
												abordados é o ator canadense, 
												Joshua Jackson, que, na 
												coordenação do staff de 
												Bobby Kennedy no hotel, tem 
												presença marcante no filme. 
												 
												Em 
												suma, Bobby, embora não 
												seja um filme sobre o senador 
												Robert Kennedy, é importante do 
												ponto de vista documental, pois 
												foi realizado com o intuito de 
												preservar a imagem do Hotel 
												Ambassador, de Los Angeles, 
												recentemente demolido, onde 
												ocorreu o seu assassínio em 
												1968. É a história de gente 
												comum do povo americano que, 
												como o senador democrata, 
												alimentava esperança de que o 
												país tivesse, tanto no plano 
												interno, como no externo, 
												política de sentido mais justo e 
												altruísta do que tem hoje. Se a 
												direção de Emílio Estevez tem 
												pontos falhos, ao final, 
												consegue imprimir forte emoção 
												na cena do  atentado contra o 
												senador, quando alguns dos 
												protagonistas são também 
												atingidos. E o elenco, 
												constituído de nomes famosos, 
												garante o espetáculo. É um filme 
												que precisa, portanto, ser 
												visto. 
												 
												REYNALDO 
												DOMINGOS FERREIRA 
												ROTEIRO, 
												Brasília, Revista 
												
												
												www.arteculturanews.com 
												
												
												www.noticiasculturais.com 
												
												
												www.theresacatharinacampos.com 
												
												
												www.politicaparapoliticos.com.br 
												
												
												cafenapolitica.blog.br 
												
												FICHA TÉCNICA 
												BOBBY 
												BOBBY 
												EUA/2006 
												Duração – 120 minutos 
												Direção e roteiro – Emilio 
												Estevez 
												Produção – Gary Walters, Dan 
												Grodnik e Anthony Hopkins 
												Fotografia – Michael Barrett 
												Edição - Richard Chew 
												 
												Elenco – Anthony Hopkins (John 
												Casey), Harry Belafonte 
												(Nelson), Sharon Stone (Miriam 
												Ebbers), Demi Moore (Virginia 
												Fallon), Lindsay Lohan (Diane), 
												Elijad Wood (William Avary), 
												William H. Macy (Paul Ebbers), 
												Helen Hunt (Samantha Stevens), 
												Christian Slater (Daryl), 
												Laurence Fishburne (Edward 
												Robson), Freddy Rodriguez (José 
												Rojas), Emilio Estevez (Tim 
												Fallon), Joshua Jackson (Wade 
												Buckley), Martin Sheen (Jack), 
												Nick Cannon (Dwayne), Heather 
												Graham (Ângela), Shia LeBoeuf 
												(Cooper), Brian Geraghty 
												(Jimmy).  | 
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