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								POESIA MATUTINA 
								 
								Para os meus adorados Pais, esta minha 
								"sujeirinha poética", com um beijo carinhoso da 
								filha Therezita. 
								 
								 
								Era manhã... 
								O raio de sol entrou 
								E o rostinho do bebê iluminou. 
								 
								 
								Depois, quando ele 
								as mãozinhas levantou 
								e os olhos pequeninos esfregou, 
								para o rabinho de um gato manhoso 
								o raio de sol pulou... 
								 
								 
								Todo o quarto percorreu, 
								em tudo que viu pousou, 
								em todo buraco penetrou, 
								a casa todinha percorreu. 
								 
								 
								Ágil e brincalhão foi visitar 
								a sala de estudo 
								da irmãzinha do bebê. 
								Os lápis de cor fez brilharem, 
								dourou os livros e cadernos, 
								brincou nos seus louros cabelos, 
								entrou no tinteiro aberto, 
								os óculos da garota experimentou, 
								a ouro o patinho de madeira folheou. 
								 
								 
								Ali estava tão divertido... 
								se não fosse a curiosidade 
								que o raio de sol agitava, 
								eternamente ali queria ficar. 
								 
								 
								Saiu, porém... 
								a cozinheira espiou 
								temperando a carne. 
								Foi ver se a babá 
								já se preparava 
								para cuidar do bebê. 
								 
								 
								Mas, ao vislumbrar o jardim, 
								o raio de sol voou 
								e na corola de uma flor se debruçou... 
								 
								 
								Com muito esforço, 
								penetrando nos ramos da árvore, 
								subiu a um ninho de sabiá 
								para nele descansar. 
								Depois, nas águas do lago roçou. 
								Aos trabalhadores sede levou 
								e fez a terra ficar queimando, 
								ao calor do meio-dia. 
								 
								 
								Será que alguém, todas 
								essas façanhas contemplou? 
								Essas aventuras matutinas, 
								simplesmente luminosas? 
								Esses caminhos rotineiros, 
								peregrinações extraordinárias? 
								 
								 
								Na paz de uma clareira, 
								o raio de sol adormeceu. 
								Por instantes deixou de ser travesso, 
								de ser moleque fatigado, 
								de ser malandro curioso, 
								de ser terno também. 
								 
								 
								E muito, muito depois, 
								bem acima do cume 
								das verdes montanhas, 
								muito além da terra diminuta, 
								no seio das nuvens, 
								sem nada falar, 
								sem nada mais fazer, 
								sem gritar nem chorar, 
								o raio de sol morreu... 
								 
								 
								Theresa Catharina de Góes Campos 
								Recife - Pernambuco, 24 de outubro de 1960. 
								From: Dora 
								Date: 2008/10/9 
								Subject: Re: POESIA MATUTINA 
								To: "theresa.files" 
								 
								Querida amiga 
								 
								Tentei responder-lhe várias vezes e imobilizada 
								fiquei. Talvez emoção ou saudades, ou porque nem 
								poeta sou. 
								Mas as suas palavras têm atravessado esta 
								máquina fria, enchendo de calor nossa casa e 
								esta cidade, a Curitiba fria e gelada, onde a 
								primavera ainda não deu sinais de vida, a não 
								ser pelo ninho do sabiá no jardim de nossa casa, 
								bem no pé do heliotropus. (...) 
								Com carinho e amizade. 
								Dora e Walter 
								 
								From: Theresa 
								Catharina de Goes Campos 
								Date: 2008/10/9 
								Subject: Re: POESIA MATUTINA 
								To: Ana Falcão 
								 
								Estimada Ana: 
								Na dúvida, envio algumas poesias para você ler. 
								Já estou satisfeita por você ainda não me ter 
								pedido para não enviar mais. Aliás, saiba que 
								alguns de meus poemas, devido aos temas e 
								opiniões que expresso, eu não enviei mesmo a 
								ninguém, apenas recentemente incluí na seção 
								poesias, depois de anos sem decidir se deveria 
								ou não divulgar. 
								Sobre os poemas a que você se refere, escritos 
								quando eu tinha quinze anos, minha emoção foi 
								tão grande ao encontrá-los, junto aos pertences 
								de minha mãe, por mim datilografados e com 
								dedicatória manuscrita, que até o momento me 
								sinto bastante comovida com essa experiência 
								pessoal. 
								Meus pais se mudaram dez vezes (não estou 
								exagerando, foi isso mesmo!), inclusive de 
								cidades, estados e país, guardando esses meus 
								escritos com eles, desde 1960! Confesso que a 
								mim me parecia que eles não se importavam tanto 
								nem apreciavam assim o que eu escrevia... Como 
								iria adivinhar, se não diziam? Mas guardaram 
								consigo, devem lhes ter agradado, penso eu 
								agora, fazendo essa reflexão enquanto choro 
								bastante. 
								(...) 
								Obrigada por suas palavras generosas - incentivo 
								nunca é demais. 
								Abraços cordiais da amiga 
								Theresa Catharina 
								 
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								2008/10/9 adfalcao 
								 
								Theresa, na década de 60, uma menina, você já 
								demonstrava todo o seu senso de observação, 
								aguçado e amadurecido com o passar dos anos. 
								(...) 
								Abraços, Ana  
								From: artemis 
								coelho 
								Date: 2009/2/27 
								Subject: RE: POESIA MATUTINA 
								To: Theresa Catharina de Goes Campos 
								 
								Lindo... sobretudo pela idade que vc tinha 
								quando escreveu. Artemis 
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