Theresa Catharina de Góes Campos

  VIVER COM PACIÊNCIA

Paulo Roberto Labegalini

Numa cidade interiorana havia um homem que não se irritava nem
discutia com ninguém. Sempre encontrava saída cordial para não
aborrecer as pessoas. Chamava-se Modesto e morava numa pensão, onde
era admirado e querido.

Para testá-lo, um dia seus companheiros combinaram levá-lo à
discussão durante um jantar. Trataram todos os detalhes com a
garçonete responsável por atender a mesa reservada para a ocasião.

Assim que o jantar começou, foi servida uma saborosa sopa de que
o homem gostava muito. A garçonete se aproximou pela esquerda, e
Modesto prontamente levou seu prato para aquele lado a fim de
facilitar a tarefa. Ela serviu todos os demais e, quando chegou a vez
dele, foi para outra mesa.

Ele esperou calmamente até que ela voltasse. Quando se aproximou
novamente, Modesto levou outra vez o prato na direção da jovem, que se
distanciou, ignorando-o. Servindo os demais, passou rente a ele com a
sopeira fumegante, exalando delicioso aroma e, como quem havia
concluído a tarefa, retornou à cozinha.

Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. Todos observavam
discretamente para ver sua reação. Com educação, ele chamou a
garçonete e lhe disse:

– A senhorita não me serviu a sopa.

Para provocá-lo, ela foi logo desmentindo:

– Servi, sim senhor! O seu prato está limpo porque o troquei há pouco.

Modesto olhou para ela, olhou para o prato vazio e ficou
pensativo por alguns segundos. Todos pensaram que ele iria brigar, mas
o homem ponderou tranqüilamente:

– A senhorita serviu sim, mas eu aceito um pouco mais.

Os amigos, frustrados por não conseguirem fazê-lo discutir,
terminaram o jantar convencidos de que nada mais faria aquele homem
perder a compostura.

E neste ano de 2009, bom seria se todas as pessoas agissem com
discernimento em vez de reagir com irritação, evitando discussões
desgastantes e improdutivas. Quem age assim sai ganhando sempre, pois
não se estressa com emoções que provocariam sérios problemas de saúde
ou alguma desgraça.

Muitas brigas surgem motivadas por coisas sem sentido, mas que se
avolumam e se inflamam com o calor da discussão. Isso porque algumas
pessoas têm a tola pretensão de não levar desaforo para casa, mas
acabam levando à prisão, ao hospital ou ao cemitério!

Por isso, é importante aprender a arte de não se irritar e
encontrar uma saída inteligente – como fez o homem no restaurante. A
pessoa que se irrita aspira o ar tóxico que exterioriza em volta e
envenena a si mesma. Vale a pena rezar sempre esta oração:

'Senhor, fortaleça em nós a fé para que a paciência esteja
conosco. Por tua paciência vivemos, por tua paciência caminhamos.
Auxilia-nos, por misericórdia, a esperar a tua paz. É por tua
paciência que a esperança nos ilumina e a compreensão nos levanta no
íntimo da alma. Agradecemos todos os dons que nos dás, mas te rogamos:
resguarda a paciência de uns para com os outros, para que estejamos
contigo, tanto quanto estás conosco, hoje e sempre. Amém!'

Também achei bonita a mensagem de boas festas do padre Maristelo,
que finalizou assim:

"Natal é o bom tempo. O tempo do bom, o tempo do bem, do Sumo
Bem. A chuva na medida certa, o sol na temperatura perfeita. Ele é "o
sol nascente que nos veio visitar" (Lc 1, 78-79). É verão derretendo a
geleira do nosso coração. É tempo de cantar a canção:

'É como um sol de verão queimando no peito; nasce um novo desejo
em meu coração. É uma nova canção rolando no vento; sinto a magia do
amor na palma da mão. É verão, bom sinal! Já é tempo de abrir o
coração e sonhar...'

Por isso, céus, deixai cair o orvalho da Graça! Nuvens, chovei o
Menino! Que da terra ressequida do nosso coração brote o Salvador!"

E como essa, muitas outras mensagens que recebemos no final de
ano têm a palavra 'paz' implícita no texto. Mas, para que prospere a
paz é necessário agirmos com amor, que só será duradouro se existir
paciência nos corações. E tudo isso junto – paz, amor e paciência – só
é possível com oração. Rezando, o Menino Jesus crescerá dentro de nós
ao longo do ano, nos fará entender melhor as provações de cada dia e
nos conduzirá a outros natais.

Ninguém discorda que é preciso amar para ser amado, e só quem ama
de verdade cultiva os dons divinos que nos trazem graças em
abundância. Os frutos da paciência são incontáveis em número, mas
muito contados em histórias verídicas de amor ao próximo. Nossa
Senhora é o maior exemplo disso, por sofrer com paciência e confiança,
aguardando a ressurreição.

Portanto, com a Virgem Maria, sempre é mais fácil caminhar.
Rogando a sua proteção, chegamos mais longe na fé e cultivamos o amor.
E, nesta música, cantamos nossa disposição em viver com alegria:

'Maria, ó mãe cheia de graça! Maria, protege os filhos teus!
Maria! Maria! Nós queremos contigo estar nos céus. / A nossa vida é
feita de esperança; paz e flores nós queremos semear. Felicidade,
somente alcança quem cada dia se dispõe a caminhar.'

De fato, quem espera com paciência e oração, sempre alcança.


E-mail: labega@unifei.edu.br

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