|   | 
								A DESCOBERTA MAIOR 
								 
								Descobri que, 
								se eu estou a perder, 
								posso até sair ganhando. 
								Os soluços podem quebrar grilhões! 
								Se fiquei livre é porque 
								vivi a plenitude do pranto, 
								tomando as lágrimas 
								para construir o meu canto. 
								 
								Por trás de cada soluço 
								encontrei vitórias não-planejadas. 
								Foram se tornando visíveis... 
								depois que aceitei 
								e confessei a derrota 
								que veio gerar a vitória. 
								 
								O que perdi, não mais me prende... 
								O que não tenho mais, 
								não mais me preocupa. 
								Quando perdi, 
								sempre me libertei 
								porque me desprendi 
								de tudo que não me pertencia; 
								me libertei de verdade, 
								nos mínimos detalhes, 
								em toda a plenitude. 
								 
								Quando escuto os meus 
								lamentos de dor, 
								tenho o conhecimento 
								fortalecido 
								da amplitude do amor. 
								Se estremeço, é que eu sinto. 
								Se me dói, é que estou viva! 
								 
								Quando reconheço as derrotas, 
								identificando minhas perdas 
								mais dolorosas, 
								mostro-me consciente 
								dos passos necessários 
								para a vitória tecida 
								nas lágrimas e nos soluços. 
								 
								Quando não vejo, 
								percebo e sinto; 
								quando não posso tocar, 
								eu sonho além dos limites; 
								quando não tenho a benção do sonho, 
								imagino sem barreiras... 
								 
								Nas perdas, consigo 
								nos obstáculos me encontrar; 
								perdendo, eu ganho; 
								o que perdi, me enriquece; 
								o meu choro, o meu lamento 
								vira canto... 
								ainda que um canto de dor! 
								 
								Se eu fico, não devo partir; 
								se eu parto, não posso ficar. 
								Se eu perco as forças, 
								entendo a energia que eu tive... 
								Se eu vivo é porque... 
								não morri dentro do pranto! 
								 
								Se não aceito chorar, 
								eis que não posso aprender! 
								 
								O que perdi, abriu as portas 
								de minha prisão temporária. 
								Quando eu me perco, 
								me vou encontar; 
								quando me encontro, percebo 
								os pontos de luz e sombra. 
								 
								Se recusamos o pranto, 
								por que cantar a canção?! 
								 
								As minhas perdas 
								me transformam 
								e me vão levar 
								a momentos de coragem; 
								quando estou vulnerável, 
								reúno todas as forças; 
								quando sou magoada, 
								eu me ponho a caminhar... 
								 
								Se eu choro, posso fugir; 
								na fuga, posso vencer. 
								Se eu choro, posso mudar; 
								se eu mudo, posso vencer. 
								Se eu choro, depois sorrio... 
								 
								Da lágrima, faço janela; 
								do pranto, faço canção; 
								da canção, faço arco-íris; 
								da perda, faço caminho. 
								 
								Nas minhas lágrimas, 
								eu me purifico, me afasto, 
								dessa maldade do mundo! 
								Com os meus versos enfrento 
								toda a calúnia do mundo. 
								A minha canção me liberta 
								dessa arrogância do mundo. 
								 
								E quem zombou 
								não me viu, 
								a sorrir 
								por entre as lágrimas... 
								E quem fugiu, 
								depois das maldades, 
								vitoriosa não me viu 
								vencer o mal 
								com a canção dos meus versos! 
								 
								Se amo 
								é porque te quero 
								nos teus versos e 
								no teu pranto 
								a construir os teus sonhos. 
								 
								Se recusamos o pranto, 
								como fazer a canção? 
								 
								De que me serve o choro 
								que não me leva à canção? 
								De que me serve a lágrima 
								que não me dita o poema? 
								 
								Do choro, faço meu barco; 
								do pranto, faço acalanto; 
								do choro, faço uma porta 
								e uma janela escondida. 
								 
								Nas lágrimas, eu vejo as estrelas; 
								no pranto, eu sinto o luar. 
								Das lágrimas não quero fugir 
								porque refletem os teus olhos. 
								Da prisão de teu olhar, 
								eu já consegui voar. 
								 
								Se aceito perder, eu ganho 
								o riso que eu não perdi; 
								se aceito chorar, eu ganho 
								o poema de meu pranto 
								e a canção que me procura, 
								e me encontra,sem falhar, 
								nas rugas do meu coração. 
								 
								De que me serviria vencer, 
								se não pudesse cantar? 
								Perder também é ganhar, 
								a lágrima conduz ao riso; 
								o riso pode ser um lamento, 
								um grito disfarçado de dor. 
								No choro, posso encontrar 
								o riso, o sorriso, a canção 
								que se escondiam de mim! 
								 
								E quem quiser descobrir 
								a descoberta maior, 
								aceite as lágrimas do canto; 
								vá chorando, vá sofrendo 
								e aprenda a se conduzir 
								à vitória do viver. 
								 
								O que não tenho me enriqueceu. 
								Descobri que o sucesso 
								também pode derrotar 
								e que as resistências talvez tragam 
								muitas afirmações corajosas. 
								 
								Se choro, é porque senti; 
								se canto, é porque chorei; 
								se eu vivo é porque morri 
								na dor , em cada uma das dores; 
								se venço é porque aprendi 
								com as perdas, os golpes 
								do meu viver desprotegido. 
								 
								E perdendo, vou ganhando; 
								nas quedas, me levantando; 
								sofrendo, vou conseguindo 
								viver sem desistir; 
								e amando, caminhando 
								no amor e na dor, 
								vou construindo o meu SER. 
								 
								Theresa Catharina de Góes Campos 
								Brasília - DF, 24/07/1989. 
								From: Luci Tiho 
								Ikari 
								Date: 2009/1/29 
								Subject: És delicada, sensível e corajosa 
								To: Theresa Catharina de Goes Campos 
								 
								Theresa Catharina: 
								És uma pessoa sensível, delicada como porcelana, 
								mas muito corajosa. 
								Além de ser uma filósofa. Luci  
								From: bere bahia 
								Date: 2009/2/1 
								Subject: Re: A DESCOBERTA MAIOR 
								To: Theresa Catharina de Goes Campos 
								 
								Amiga, 
								 
								(...), adorei este poema, já o incorporei à tua 
								pasta... 
								Abração, Berê Bahia  | 
								  |