Theresa Catharina de Góes Campos

  ATÉ ME ENXERGAR COMO PRISMA E CALEIDOSCÓPIO


Porque eram lamentos
em lágrimas transformados,
seguidos de soluços...
Porque eram dores escondidas,
gritos esquecidos na memória,
eu me determinei a esconder,
a sepultar essas memórias,
amigas de todas as horas...
esses bons companheiros,
embora não fossem populares.


Negligenciei, porém, o fato
de que eram, além de lamentos,
gritos continuamente abafados,
disfarçando lágrimas e soluços,
algo talvez mais precioso e duradouro.


Fiz várias tentativas, para me livrar
desses incômodos sentimentos.
Mas não consegui, confesso...
A força do que eu não queria
reconhecer, irrompeu em mim,
me inundou, me jogou ao chão.


Até que me fiz doente...
e no sofrimento consegui
me enxergar como prisma,
me perceber como caleidoscópio.


Fui obrigada a me curvar,
a olhar de frente, constrangida,
a soluçar tanto, até que, em
minha mente, aceitei o inevitável.


Porque além de lamentos,
esses gritos,lágrimas e soluços,
eram atitudes, ações de vida:
eram versos e poemas
reclamando seu espaço,
pedindo voz e libertação.


Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília-DF, setembro de 2001.

From: artemis coelho
Date: 2009/2/10
Subject: RE: ATÉ ME ENXERGAR COMO PRISMA E CALEIDOSCÓPIO
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Muito lindo.
Artemis


From: artemis coelho
Date: 2009/2/24
Subject: POEMA CALEIDOSCÓPICO - ATÉ ME ENXERGAR COMO PRISMA E
CALEIDOSCÓPIO
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Caleidoscópio (para Theresa)

Calei dois corpos de amor em mim.
Calei dois corpos de dor em mim.
Calei amor e dor - e adoeci.
Calei a dor e sobrevivi.

Multiforme e multicores.
Fragmentos reunidos num mosaico,
de amor e dor.

Num movimento de criação e recriação,
calei e criei meu universo

Caleidoscópico.
Artemis Coelho

 

Jornalismo com ética e solidariedade.