Theresa Catharina de Góes Campos

 
PESCARIA NA QUERMESSE


Eu já vi que nem sempre os peixes
vão parar nos anzóis dos pescadores,
ainda quando eles usam, como iscas,
as minhocas de qualidade...
E quando os pescadores voltam
trazendo peixes, não trazem prendas.


Comigo, porém, é muito diferente,
quando faço pescaria de sucesso
nas animadas festas da paróquia.


Sigo os conselhos do meu pai:
um pouquinho de habilidade e
paciência para direcionar bem
a vara de pescar na minha mão.


A cada dia estou mais experiente
nas pescarias de quermesse.
Assim, ganho uma prenda diferente
por todo peixe que retiro da areia fina.
Eu consigo pescar, mas os peixes
vão continuar lá na barraca, voltam
a seu oceano, um mar de brincadeira.


Para mim, é como um jogo do qual
saio vitorioso, exibindo o que eu ganhei,
com pose de pescador habilidoso.


Penso que aprendi como se deve
fazer na vida: vou ser pescador
sem precisar de minhocas,
nem esperar horas,em silêncio,
à beira do rio, a fisgada na isca, ou
que o peixe decida se deixar pegar.
Vou continuar me divertindo
nas quermesses festivas, populares.


Posso crescer, isso posso, espero
que sim. Vai ser legal, ser adulto.
Só não posso esquecer de ir pescar
prendas e mais prendas nas quermesses.


Theresa Catharina de Góes Campos
Porto Alegre- RS, julho de 1962.
 

Jornalismo com ética e solidariedade.