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								SONHEI COM SANTOS-DUMONT 
								 
								 
								Nessa noite fui presenteada 
								(talvez no amanhecer de hoje, 
								disso não me recordo bem...) 
								com um sonho precioso. 
								Logo eu, que não costumo sonhar, 
								ou de meus sonhos lembrar, 
								estando de olhos fechados, 
								para o mundo adormecida. 
								 
								 
								Numa imagem brilhante, 
								inacreditavelmente nítida, 
								em luz diáfana azul celeste, 
								Santos-Dumont estaria sendo 
								homenageado num evento 
								com a projeção de um filme 
								sobre a sua vida memorável. 
								 
								 
								Na cena projetada em meu sonho, 
								ele caminhava, luminoso e firme, 
								esbelto, altivo, elegante 
								como sempre é retratado, 
								usando o chapéu que fez moda 
								e terno de corte impecável. 
								Saía de um túnel também azul, 
								amplo e de traçado moderno. 
								 
								 
								Ele mesmo, Santos-Dumont, 
								herói de coração generoso: 
								recebeu o dinheiro de prêmios 
								e distribuiu entre seus mecânicos, 
								fez doação aos pobres de Paris. 
								 
								 
								Nesse meu presente de sonho, 
								tudo estava em azul registrado. 
								Uma imagem única, singular, 
								tudo em harmonia se integrava, 
								compondo uma visão dinâmica, 
								fazendo sobressair, inconfundível, 
								a figura de nosso Santos-Dumont. 
								 
								 
								(Que eu me lembre, 
								de olhos fechados 
								só tive antes pesadelos, 
								situações absurdas, 
								bastante assustadoras.) 
								 
								 
								Nesta manhã, porém, 
								recebi do sono o presente 
								de um sonho a preservar 
								na memória: seria um filme de 
								homenagem a Santos-Dumont, 
								com ele à frente, a se destacar 
								na cor azul da Aeronáutica, 
								o mesmo azul intenso dos céus 
								que tanto amou e o motivou 
								a pesquisar e a fazer voar. 
								 
								 
								O azul da paz, também, que 
								Santos-Dumont sonhava dar 
								como benefício aos vôos humanos. 
								Porque o seu sonho declarado, 
								ideal de ciência e de vida, era 
								o avião como instrumento de paz, 
								com potencial para unir os povos, 
								para tornar as viagens aéreas 
								uma oportunidade de intercâmbio 
								entre nações distantes, um meio 
								de conhecimento, uma fronteira 
								a mais para o homem conquistar. 
								 
								 
								É verdade: sonhei com Santos-Dumont. 
								Mas eu me via confusa, num labirinto, 
								talvez semelhante ao labirinto inesperado 
								que o inventor brasileiro vivenciou 
								nos últimos anos de sua existência 
								perturbada pelos conflitos do mundo. 
								 
								 
								Os aviões usados na guerra 
								foram o seu pesadelo real. 
								Essas imagens bélicas 
								o levaram à depressão, ao 
								desespero de sua alma pacífica. 
								E nos roubaram Santos-Dumont 
								bem antes do que nós esperávamos. 
								 
								 
								Porque os pacifistas nunca vivem demais! 
								De gente assim, estamos sempre 
								precisando e sonhando ter conosco. 
								Pessoas assim, tão essenciais, 
								deveriam permanecer neste mundo. 
								Como eterna é a sua memória, 
								o sonho real, verdadeiro, que 
								o nosso Santos-Dumont nos legou. 
								 
								 
								Theresa Catharina de Góes Campos 
								Brasília-DF, 06 de março de 2009. 
								 
								P.S. 
								Registro aqui, mais uma vez, porque é uma de 
								minhas repetidas 
								citações, o pensamento do escritor e aviador 
								francês Antoine de 
								Saint-Exupéry (1900-1944), que escreveu em seu 
								livro "Piloto de 
								Guerra": "A guerra não é uma aventura. É uma 
								doença. Um tifo." 
								 
								Aliás, na França, Alberto Santos-Dumont ( 
								20/7/1873 -23/7/1932) 
								conquistou, em vida, uma enorme admiração e o 
								respeito à sua memória 
								como pioneiro da aviação mundial. 
								 
								Theresa Catharina | 
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