Theresa Catharina de Góes Campos

  ONDE SE ESCONDE A POESIA SILENCIOSA?


Janela com grade é janela?
Porta fechada continua sendo porta
ainda que não dê acesso?
Vasos com flores na varanda
pequena de apartamento lá no alto
podem vir a ser um jardim?


A poesia nasce com as flores?
Ou nas asas dos pássaros,
nas folhas das árvores?
E onde se esconde a poesia?
Onde vive, quando silenciosa?


Quem colocou o som
dentro dos búzios encontrados
na areia e nos recifes do mar,
atrás das rochas, escondidos?
Por que as ondas do mar
são tão irrequietas na praia?
Nem param na areia, nem
sossegam quando retornam?


Tais perguntas não me incomodam,
apenas se repetem dentro de mim.
São melodias que saem das pautas
avistadas nas paredes invisíveis
de meu coração também irrequieto,
inquiridor, tão desassossegado.


Se não sei as respostas,
não é por isso que vou
parar de me questionar.


Theresa Catharina de Góes Campos
Rio de Janeiro, maio de 1963.
 

Jornalismo com ética e solidariedade.