Theresa Catharina de Góes Campos

  From: LMAIKOL
Date: 2009/5/14
Subject: Desabafo de um pai


DESABAFO DE UM PAI

Na madrugada do dia 11 de maio de 2009, eu estava a ouvir a Rede
Milícia Sat, uma rede de rádios católicas. Era o programa “A Igreja no
Rádio”. Não me lembro bem das palavras usadas pelo locutor da rádio;
mas, a pergunta era a seguinte: “Como fica a educação dos filhos cuja
mãe trabalha fora?”

Vários radiouvintes participaram dando a sua opinião. O que mais me
chamou a atenção foi com a participação de um radiouvinte da cidade de
Rio Grande - Rio Grande do Sul (RS). Após ele falar várias coisas, ele
disse mais ou menos isso: a mulher está supervalorizada; o homem
trabalha, se rala para dar o sustento à família, pagar as contas; e
quem recebe todas as homenagens é a mulher. E o homem? - pergunta o
ouvinte. Não tem valor? Então não vale a pena tanto trabalho...
(percebi que até o locutor ficou meio desconcertado)

Esse desabafo inspirou-me a escrever este texto:

Com o casamento, tudo ou quase tudo muda na vida de um casal; aumenta
a responsabilidade, a liberdade fica reduzida. Com a chegada de um
filho, a mudança de comportamento na vida de um casal é inevitável. O
homem, quando recebe a notícia de que será pai, se preocupa com a
despesa que aumentará. A mulher se emociona, sabe que seu corpo já não
pertence a ela, mas pertence à vida que nele está se desenvolvendo.
Por isso, se preocupa mais com o bebê que está gerando do que consigo
mesma.

Eu pergunto a você, pai: quantas vezes você acariciou o seu filho
ainda no ventre de sua esposa? quantas vezes você tocou no seu
filhinho ainda no ventre de sua esposa querendo lhe dizer: papai te
ama? A mãe, desde o momento da fecundação, fala com seu filho,
acaricia o filho; ele já conhece o toque da mão de sua mãe, já conhece
a voz de sua mãe...

O filho está crescendo. Chega o momento de ir para o colégio. O pai se
preocupa com o aumento das despesas. A mãe se preocupa com a
segurança, o bem-estar de seu filho, quem vai lhe ensinar as lições,
como será o colégio, que segurança ele terá fora de casa... O pai,
quando o filho chega do colégio, ansioso para contar as novidades, não
é capaz de deixar de ouvir uma notícia na televisão para ouvir o seu
filho. Seria o pai capaz de deixar de escutar um comentário esportivo
para escutar o seu filho?

Já a mãe, quando o filho chega para falar com ela, se ela estiver
vendo a novela, aquele capítulo que ela esperava desde o dia anterior,
ela é capaz de desligar a TV para assistir a cena mais importante com
o ator mais importante: seu filho. A mãe não se importa de interromper
uma novena, mesmo quando já está no oitavo dia da novena, para escutar
a mais bela voz: a voz de seu filho...

O filho está crescendo. As roupas e os calçados estão ficando
pequenos. A mãe se preocupa em substituí-los; chama a atenção do pai
para o problema. O pai não percebe que o filho está crescendo e
reclama dizendo: “Outra vez? Já comprou roupas e calçados esses dias!”
Só que desde esses dias já se passou um ano!

O filho já vai se formar no ensino funadmental; mas, quantas vezes o
pai se interessou em saber como está o desenvolvimento do seu filho,
na escola, nas tarefas de casa? quantas vezes ele pegou no caderno do
seu filho para ver? quantas vezes ele perguntou ao filho se ele estava
com problemas, com dificuldade para resolver alguma questão?

O filho cresceu e o pai nem percebeu... Será que o pai percebeu que o
filho anda triste? Por que será? Ele é um adolescente, está deslocado,
não é uma criança para viver como criança e não é um adulto para sair
com seus amigos. Mas, o pai não percebe que ele precisa do pai, do
amor e da companhia dele. Não basta saciar o filho com dinheiro; o
filho precisa do amor do pai.

A mãe acompanha o filho passo a passo, mesmo que para isso ela tenha
que renunciar a si mesma. Pai, se você quer ser homenageado como Mãe,
ame como Mãe!

Marina Resena Zgoda

Curitiba-Paraná, 13/05/2009
 

Jornalismo com ética e solidariedade.