Theresa Catharina de Góes Campos

  INTRIGAS DE ESTADO

Intrigas de Estado (State of Play - EUA, Grã-Bretanha - 2009 - 123
min.), de Kevin McDonald, conta uma história dramática, com suspense,
violência, mentira e traição, no contexto político atual, sob a
perspectiva jornalística de uma blogueira, um repórter empenhado em
produzir matérias investigativas e a editora-chefe de ambos.

No elenco estão:
Russel Crowe (Cal McAffrey), Ben Affleck (Stephen Collins),
Rachel McAdams (Della Frye), Robin Wright Penn (Anne Collins), Jeff
Daniels, Helen Mirren, Viola Davis, Jason Bateman (Dominic Foy).

Registro aqui um aspecto muito positivo de " Intrigas de Estado" ,
filme realista sobre as pressões diárias na redação dos jornais, onde
os editores exigem receber " logo, já, sem demora, sem desculpas!" um
texto para imediata publicação, ANTES dos concorrentes.

Assim, para atender às "demandas" do mercado, visando a lucros
maiores e ao aumento do número de leitores (ouvintes, telespectadores
e internautas), a rotina do jornalismo costuma dificultar, impedir a
investigação adequada dos fatos. Pessoas, situações e
acontecimentos seriam, então, mostrados ao público de forma
incompleta, confusa ou até inverídica.
Importante lembrar: o "furo" de reportagem pode acontecer, em muitos
casos, sem o respeito às questões éticas e aos princípios fundamentais
do jornalismo responsável.

Ora,após a divulgação do que seria notícia ( portanto, um texto
supostamente não ficcional), se houver uma posterior apuração, a
correção não terá impacto semelhante ao relato inicial... Imagens e
reputações provavelmente já foram destruídas, quase sem possibilidade
de reparo!

Quando um filme de caráter e objetivos comerciais chama a atenção da
platéia para esse problema, incluindo o tema, que permanece atual, em
algumas cenas com diálogos explícitos, considero que prestou um
serviço aos jornalistas ao revelar um dilema diário, talvez o desafio
maior a superar no exercício da profissão.

Cabe a todos nós, como indivíduos e cidadãos, membros de uma
coletividade, o dever de refletir sobre tudo isso. Sejamos atentos,
conscientes!

Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 22 de junho de 2009.

From: Theresa Catharina de Goes Campos
Date: 2009/6/24
Subject: ref. artigo e notas da editora sobre INTRIGAS DE ESTADO -
Reynaldo Domingos Ferreira
To: Ana Falcão

Ana:

Seu comentário, de fato bem objetivo e preciso, definiu também
corretamente a minha preocupação constante, no que digo e faço, e que
orienta minhas decisões, por isso o lema profissional que adotei.
Sinto-me comovida e grata quando esse "melhor de mim" é percebido.
Lembro que amigos de quase cinco décadas, que me acompanham com sua
estima desde a época de faculdade ( a escritora Ceres Alvim, o
economista e professor universitário Áureo César Coelho do Valle,
entre outros ) registraram que essa característica continua presente
em minha vida norteada por ideais. Graças a Deus! Se não fosse assim,
não valeria a pena viver!

Aproveito para dizer que eu já corrigi a digitação daqueles meus
originais de Notas da Editora, pois havia um "s " faltando ("muitos
casos", estava incorretamente digitado " muito casos" - ver a
antepenúltima linha, no antepenúltimo parágrafo).

Abraços e agradecimentos pela amizade,
de
Theresa Catharina

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From: adfalcao
Date: 2009/6/23
Subject: Re: prioridade máxima -artigo e notas da editora)) INTRIGAS
DE ESTADO - Reynaldo Domingos Ferreira
To: Theresa Catharina de Goes Campos


Theresa,
Li os dois textos e concluí:
- que Reynaldo analisa prioritariamente a trama, o roteiro, a direção
e o desempenho dos personagens do filme, como se espera de seu ofício
de crítico de cinema.
- que você defende seu ponto de vista e extrai do filme um valor
importante pelo qual tanto zela : a ética jornalística. Muito bem
lembrado nesses tempos em que o "artigo" está em falta.
Abraços
Ana

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From: Theresa Catharina de Goes Campos
Date: 2009/6/22
Subject: prioridade máxima -artigo e notas da editora)) INTRIGAS DE
ESTADO - Reynaldo Domingos Ferreira
To: walter ferreira



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INTRIGAS DE ESTADO


O explorado tema da independência dos jornalistas em relação aos
homens do poder, muito em voga nos anos de 1970, quando se deu a
revelação do escândalo Watergate, causador da renúncia do
ex-presidente Richard Nixon, está de volta em Intrigas de Estado, de
Kevin McDonald, que, entretanto, tem mais característica de folhetim
policial do que propriamente de filme sobre jornalismo.

O roteiro, baseado no argumento de uma série televisiva da BBC,
de 2003, é assinado por profissionais de categoria, como Matthew
Michael Carnahan, Tony Gilroy, Peter Morgan e Billy Ray. Apesar disso,
não deixa de assumir tom rocambolesco, repleto de clichês, ao
relacionar fatos criminosos ocorridos em dois dias seguidos, em
Washington, um dos quais vitimou, no metrô, uma jovem, que se suspeita
haver se suicidado.

A idéia de mostrar o empenho do jornalista em buscar a verdade
doa em quem doer fica assim relegada, mesmo que a direção de McDonald
(O Último Rei da Escócia) tenha arquitetado uma cena, na biblioteca do
Congresso Americano, em que aparecem os figurões das reportagens do
Washington Post: Bob Woodward, Margaret Carlson, Bob Schieffer, John
Palmer, E. J. Dionne, Katty Kay e Steven Clemens.

O desacerto não está apenas no roteiro, rejeitado por Brad Pitt
e Edward Norton, que vinham se empenhando no projeto para interpretar
os papéis do repórter Cal McAfrrey e do senador Stephen Collins. Está
também na mise-en-scène de McDonald, que evita imprimir linha política
ao argumento para seguir os preceitos do filme noir, como fica
evidente até pela exagerada tonalidade escura da fotografia do
mexicano Rodrigo Prieto.

Demais, Russel Crowe, chamado às pressas para substituir Pitt
como McAffrey, embora tenha visitado redações de jornais, não convence
na sua composição de jornalista. A começar pelo desleixo da sua
apresentação pessoal – mesmo que queira fazer com isso alusão à
situação de penúria dos jornais -, ele se porta mais, a meu ver, como
se fora ainda aquele desencantado detetive Ritchie Roberts, de O
Gangster, de Riddley Scott, uma de suas últimas atuações.

A ação se inicia, quando o senador Collins (Ben Affleck), um
ex-militar, aparentemente fleumático, presidente de uma comissão de
inquérito sobre uma empresa de segurança, a PointCorp, que atua com
mercenários, verte lágrimas, ao anunciar diante das câmaras de
televisão, em pleno exercício de sua função, a morte de Sonya,
integrante do staff de pesquisa de seu gabinete.

Por deixar às claras que tinha um caso amoroso com a moça,
embora casado com Anne Collins (Robin Wright Penn), o senador se vê em
apuros diante do assédio da imprensa. Por isso, ele vai pedir ajuda a
McAffrey, que sabe ser amante de sua mulher, mas que, além de ser seu
amigo desde os tempos de escola, lhe prestara assessoria na campanha
pela reeleição. McAffrey vive mal, num cubículo miserável, que o
senador demonstra já conhecer bem.

Da conversa de ambos surge, primeiro, a confissão de Collins de
que estava realmente enamorado de Sonya e, segundo, que ela lhe
enviara mensagem, de imagem, pelo celular, naquela manhã, antes de
chegar à estação do metrô, o que, a seu ver, afastava qualquer
possibilidade de haver se suicidado.

Ao chegar à redação, McAffrey obtém da colega Della Frye (Rachel
McAdams) informação sobre o local em que se dera o acidente, perto de
uma câmara de segurança da estação, que gravara imagem de Sonya
conversando com um homem bem vestido. A compreensão dele é a de que
moça poderia ter sido assassinada a mando da PointCorp. Mas ele
estranha também que, ao falar com Anne Collins, ela saiba que Sonya
recebia, no gabinete do seu marido, vencimentos de 26 mil dólares
mensais...

Além de Russel Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams e Robin Wright
Penn, constam do elenco outros nomes famosos, como os de Helen Mirren,
Jeff Daniels e Viola Davis, todos em papéis insignificantes. O que
mais se destaca, entre eles, é Ben Affleck, que, como o senador
Collins, demonstra estar avançando, cada vez mais, no seu
aprimoramento técnico. Mas quem brilha em termos de interpretação,
numa ponta, é Jason Bateman, que atua como Dominic Foy, um relações
públicas bissexual, de quem McAffrey, como detetive, extrai a
informação mais preciosa para elucidar a questão. Esse Bateman é o
tal!... Pois ele soube aproveitar, como ninguém, a oportunidade que
lhe foi dada.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista

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FICHA TÉCNICA

INTRIGAS DE ESTADO

STATE OF PLAY

EUA/Reino Unido/ 2009

Duração – 123 minutos

Direção - Kevin McDonald

Roteiro –Matthew Michael Carnahan, Tony Gilroy, Peter Morgan e Billy
Ray, baseado numa série televisiva da BBC de 2003.

Produção – Andrew Hauptman,Tim Bevan, Eric Felner

Fotografia – Rodrigo Prieto

Música Original – Alex Heffes

Edição – Justine Wright

Elenco – Russel Crowe (Cal McAffrey), Ben Affleck (Stephen Collins),
Rachel McAdams (Della Frye), Robin Wright Penn (Anne Collins), Jeff
Daniels (), Helen Mirren (), Viola Davis (), Jason Bateman (Dominic
Foy)

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NOTAS DA EDITORA:

Mesmo concordando com o excelente comentário de Reynaldo Domingos
Ferreira, competente no rigor de sua análise, quero registrar aqui um
aspecto muito positivo de
" Intrigas de Estado" , filme realista sobre as pressões dos editores
para receber " logo, já, sem demora, sem desculpas!" um texto para
imediata publicação, ANTES dos concorrentes.

Assim, para atender às " exigências " do mercado, visando a lucros
maiores e ao aumento do número de leitores (ouvintes, telespectadores
e internautas), a rotina do jornalismo costuma dificultar, impedir a
investigação adequada dos fatos. Pessoas, situações e
acontecimentos seriam, então, mostrados ao público de forma
incompleta, confusa ou até inverídica.
Importante lembrar; o "furo" de reportagem pode acontecer, em muitos
casos, sem o respeito às questões éticas e aos princípios fundamentais
do jornalismo responsável.

Ora,após a divulgação do que seria notícia ( portanto, um texto
supostamente não ficcional), se houver uma posterior apuração, a
correção não terá impacto semelhante ao relato inicial...

Quando um filme de caráter e objetivos comerciais chama a atenção da
platéia para esse problema, incluindo o tema, que permanece atual, em
algumas cenas com diálogos explícitos, considero que prestou um
serviço aos jornalistas ao revelar um dilema diário, talvez o desafio
maior a superar no exercício da profissão.

Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 22 de junho de 2009.


From: Theresa Catharina de Goes Campos
Date: 2009/7/20
Subject: Re: Assistimos ao filme "Intrigas de Estado"
To: Luci Tiho Ikari


Caras Luci e Sae:

Sim, o tempo todo, diariamente, desde a faculdade de jornalismo aos dias atuais...aliás, como parece que vocês não leram o meu artigo sobre o filme, a seguir lhes estou enviando.

Abraços e beijos afetuosos da amiga
Theresa Catharina

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2009/7/19 Luci Tiho Ikari:
Citando

Olá, Theresa Catharina
Assistimos a "Intrigas de Estado" e gostamos muito, pois mostra o  trabalho inverstigativo de um jornalista e seus dilemas éticos e morais,  na publicação da matéria, que envolve um ex-colega de faculdade. Creio que jornalista séria como você deve passar por situações e  momentos difíceis na exposição de suas matérias. Luci

 

Jornalismo com ética e solidariedade.