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								O GRUPO BAADER-MEINHOF 
								 
								Reunindo um elenco notável, liderado pelo grande 
								ator Bruno 
								Ganz, O Grupo Baader-Meinhof, de Uli Edel, 
								reconstitui, com rigor 
								técnico e sem mistificação, o terrorismo da 
								Facção do Exército 
								Vermelho (RAF), de ideologia marxista-leninista, 
								que assoberbou a 
								Alemanha na década de setenta do século passado. 
								 
								O roteiro, de Stefan Aust e de Bernd Eichinger, 
								que se baseia no 
								livro homônimo do primeiro – ex-chefe da revista 
								Der Spiegel -, em 
								autos da investigação e em imagens de arquivo, 
								procura por isso ser o 
								mais autêntico e jornalístico possível, mas com 
								o claro objetivo de 
								desconstituir o mito criado em torno do grupo 
								terrorista. 
								 
								Tanto assim que a última “fala” da película, 
								indicada ao Oscar 
								e ao Globo de Ouro de Melhor Filme de Língua 
								Estrangeira, é 
								emblemática: é a de uma jovem seguidora da RAF (Rote 
								Armee Fraktion) 
								que, desiludida, ao saber, pela televisão, dos 
								suicídios dos líderes 
								do movimento – Ulrike Meinhof (Martina Gedek), 
								Andréas Baader (Moritz 
								Bleibtreu) e Gudrun Ensslin (Johana Wokalek) -, 
								refuta a desconfiança 
								dos seus companheiros de que eles teriam sido 
								assassinados na prisão, 
								afirmando-lhes: 
								 
								- Parem, por favor, de pensar que eles eram o 
								que nunca 
								foram!... E, como complemento, ouve-se a bela 
								canção de Bob Dylan, 
								Blowin´In The Wind, que acompanha boa parte dos 
								créditos finais, cujos 
								primeiros versos dizem: How many roads a man 
								must walk down before you call him a man 
								(Quantos caminhos tem um homem de percorrer 
								antes de ser chamado homem). 
								 
								Pois, de fato, a narrativa de Edel – que talvez 
								peque por não 
								conduzi-la como se fosse um thriller de muitas 
								emoções, como gosta o 
								público – mostra como as atrocidades da Guerra 
								do Vietnã, tomando 
								conta da mídia, perturbavam a mente da juventude 
								alemã da época, 
								sequiosa de justiça, pois que herdeira de uma 
								geração conivente com as 
								barbaridades do governo nazista. 
								 
								Os ânimos se incendeiam, em Berlim, em 1967, 
								quando um estudante 
								é morto pela polícia numa manifestação contra os 
								EUA, tal como se 
								inicia o livro. Depois, os jovens correm às 
								ruas, ainda sob a forte 
								repressão policial, para protestar contra a 
								visita ao País do Xá da 
								Pérsia, Rheza Palevi, e de sua esposa Farah Diba. 
								O líder esquerdista 
								Rudi Dutschke (Sebastian Blomberg) sofre duro 
								atentado perpetrado por 
								um jovem psicopata direitista, que o chama de 
								“comunista nojento”. 
								 
								Logo em seguida, o também perturbado mental 
								Andréas Baader e sua 
								namorada Gudrun Ensslin, membros do grupo, 
								pertencentes à alta 
								burguesia alemã, são presos depois de explodirem 
								uma loja de 
								departamentos. Enquanto isso, a jornalista 
								Ulrike Meinhof, que, nos 
								finais de semana, freqüenta praia de nudismo com 
								o marido e os filhos, 
								vai elaborando, em sigilo, a ideologia do grupo: 
								se alguém rouba um 
								carro, comete um crime, mas se vários carros são 
								roubados ao mesmo 
								tempo, isso se transforma em ato político, 
								segundo ela. 
								 
								Há uma pessoa que compreende os motivos 
								geradores da rebeldia 
								dos jovens alemães. É o chefe de polícia Horst 
								Herald (Bruno Ganz), 
								designado pelo governo para comandar a caça aos 
								terroristas. Para 
								orientar seus comandados – muito dos quais 
								revoltados pela morte de 
								tantos colegas atingidos por emboscadas 
								terroristas -, ele costuma 
								tomar com eles uma sopa de lagosta. 
								 
								O elenco, constituído por grande número de 
								astros de primeira 
								linha do cinema alemão, é excepcional. E vale a 
								pena observar como, 
								auxiliados pela maquiagem, os intérpretes dos 
								componentes do grupo 
								Baader-Meinhof se tornaram, pela aparência, 
								quase idênticos às suas 
								personagens, cujas fotos, estampadas em 
								folhetos, eram afixadas nos 
								aeroportos da Europa. Martina Gedek (A Vida dos 
								Outros), como Ulrike, 
								tem grande atuação, quando, na cadeia, percebe 
								que seus trabalhos 
								teóricos estão sendo alterados ou censurados por 
								Gudrun. Ela comparece 
								ao tribunal, defende seu ponto de vista ao 
								arrepio dos companheiros, 
								que já a haviam ameaçado de morte, depois, se 
								isola na cela e se mata. 
								 
								Moritz Bleibtreu (Corra, Lola, Corra), em uma 
								personificação 
								perfeita de Baader, trabalha principalmente com 
								os olhos vidrados para 
								exprimir o estado de alucinação da personagem ao 
								comandar violentos 
								atentados contra policiais, promotores e juízes. 
								Johana Wokalek, como 
								Gudrun, também se destaca numa interpretação 
								rica em detalhes 
								técnicos. Sebastian Blomberg cria figura de 
								naipe histórico para o 
								líder esquerdista Rudi Dutschke. E Bruno Ganz, 
								com voz pausada, olhar 
								e expressão facial meio misteriosos, dá ao 
								policial Herald uma 
								personalidade de muita força na ação, que é 
								sublinhada por uma trilha 
								sonora de Peter Hindertheir e Florian Tesstoff, 
								de muita qualidade, e 
								fotografada, com esmero, por Rainer Klausmann. 
								 
								REYNALDO DOMINGOS FERREIRA 
								 
								ROTEIRO, Brasília, Revista 
								 
								www.theresacatharinacampos.com 
								www.noticiasculturais.com 
								www.arteculturanews.com 
								www.politicaparapoliticos.com.br 
								www.cafenapolitica.com.br 
								 
								FICHA TÉCNICA 
								O GRUPO BAADER-MEINHOF 
								DER BAADER MEINHOF KOMPLEX 
								Alemanha/2008 
								Duração – 150 minutos 
								Direção – Uli Edel 
								Roteiro – Stefan Aust e Bernd Eichinger, com 
								base no livro homônimo do primeiro. 
								Produção – Bernd Eichinger 
								Fotografia – Rainer Klausmann 
								Música Original – Peter Hindertehir e Florian 
								Tesstoff 
								Edição – Alexander Bemer 
								Elenco – Martina Gedeck (Ulrike Meinhof), Moritz 
								Bleibtreu (Andréas 
								Baader), Johana Wokalek (Gudrun Ensslin), 
								Sebastian Blomberg (Rudi 
								Dutschke), Bruno Ganz (Horst Herald), Jan Josef 
								Liefers (Peter Homann) 
								Stipe Erceg (Holger Meins), Niels-Bruno Schmidt 
								(Jean Carl Raspe), 
								Eckhard Dilssner ( Horst Bubeck) | 
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