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								GOODBYE... SOLO 
								 
								Premiado pela crítica internacional do Festival 
								de Veneza do ano 
								passado, Goodbye Solo, de Ramin Bahrani, é uma 
								crônica dramática, bem 
								arquitetada, de linguagem naturalista, sobre uma 
								improvável amizade 
								que se cria, num momento extremo, entre dois 
								indivíduos de mundos 
								diferentes, sendo que um espera muito da vida, e 
								o outro deseja acabar 
								com ela. 
								 
								O roteiro, de Bahrani e de Bahareh Azimi, foi 
								elaborado segundo 
								os preceitos, um tanto desgastados, do que se 
								convencionou chamar de 
								cinema independente dos EUA, mas sem as 
								implicações políticas e o 
								brilhantismo, por exemplo, do de Courtney Hunt 
								em Rio Congelado, 
								Grande Prêmio do Festival de Sundance e indicado 
								ao Oscar de Melhor 
								Roteiro Original 
								 
								O trabalho, bem estruturado, é, como manda o 
								figurino da 
								categoria, sumário no que diz respeito à 
								caracterização das 
								personagens e à formulação dos acontecimentos em 
								que elas se envolvem. 
								O que dá sustentação ao filme, rodado em câmara 
								digital, de Michael 
								Simmonds, cuja fotografia se revela um tanto 
								lúgubre, é inegavelmente 
								a direção de Bahrani, segura e firme, mas também 
								bastante 
								convencional. 
								 
								O padrão da narrativa segue, mais ou menos, o 
								preconizado por 
								Michael Mann em Colateral. Assim, ao início da 
								ação, um passageiro, 
								William (Red West), de aproximadamente setenta 
								anos, tenta fazer 
								acordo com o taxista senegalês Solo ( Souleymane 
								Sy Savane), para 
								levá-lo, no dia 20 de outubro, a uma região 
								montanhosa da Carolina do 
								Norte, onde se situa a rocha gigantesca (Blowing 
								Rock), assolada por 
								fortes ventos. 
								 
								Por estranhar o tipo da proposta, Solo, que 
								costuma apanhar, 
								quase todas as noites, o enigmático William à 
								porta de um cinema, e 
								conduzi-lo até a casa, ao receber dele, de forma 
								antecipada, uma parte 
								do pagamento da viagem, se interessa por 
								conhecê-lo melhor, temendo 
								que ele pretenda se suicidar. 
								 
								Primeiro, elege-o como um de seus clientes 
								especiais: para 
								chamá-lo, William não vai mais precisar fazer a 
								ligação para a central 
								de atendimentos, mas, sim, para o seu próprio 
								celular, seja a que hora 
								for, de dia ou de noite. Falante, extrovertido, 
								Solo quer ganhar a 
								confiança de Willliam a fim de tentar demovê-lo 
								da ideia de acabar com 
								a vida. 
								 
								Apesar disso, William continua sendo um homem de 
								poucas 
								palavras. Mas aceita, após vender seu 
								apartamento e antes de se mudar 
								para um motel e liquidar sua conta bancária, 
								como é do seu intento, 
								passar uma noite na casa do taxista, que vive 
								com a mexicana Quiera 
								(Carmen Leyva), grávida de seu primeiro filho, e 
								Alex (Diana Franco 
								Galindo), sua enteada. 
								 
								Depois que William se instala num motel, Solo, 
								para não deixá-lo 
								sozinho, pede-lhe que o ajude a se preparar para 
								uma entrevista de 
								seleção de comissários de bordo de uma empresa 
								aérea. A par de estudar 
								no apartamento de William, ele, orientado por 
								anotações do amigo, 
								encontradas num pequeno diário, vai procurar o 
								bilheteiro do cinema 
								(Trevor Metscher).... 
								 
								Atuando com improvisações, Red West e Souleymane 
								Sy Savane 
								conseguem desenhar, com precisão, a estranha 
								relação que se estabelece 
								entre William e Solo. O primeiro parece ter 
								vivido intensamente os 
								tempos dos anos sessenta, da contracultura, dos 
								motoqueiros hippies, 
								do rock, das drogas, sem haver conseguido 
								solidificar um 
								relacionamento familiar, como o que Solo 
								pretende alicerçar, nos EUA, 
								ao estilo daquele em que foi criado no Senegal, 
								de muita solidariedade 
								de uns para com os outros. 
								 
								Contido, West, que foi amigo de Elvis Presley e 
								atuou em alguns 
								de seus filmes, passa bem a imagem de um homem 
								comum, deprimido, 
								angustiado, saturado da própria existência. Sy 
								Savane tem naturalmente 
								mais liberdade para executar, como intérprete, 
								movimentos físicos 
								exteriores, que fazem chegar, de forma 
								satisfatória, ao espectador a 
								veracidade dos sentimentos de Solo. E, com isso, 
								ele ganha 
								evidentemente mais espaço na película. 
								 
								REYNALDO DOMINGOS FERREIRA 
								 
								ROTEIRO, Brasília, Revista 
								www.theresacatharinacampos.com 
								www.arteculturanews.com 
								www.noticiasculturais.com 
								www.politicaparapoliticos.com.br 
								www.cafenapolitica.com.br 
								 
								FICHA TÉCNICA 
								 
								ADEUS 
								GOODBYE…SOLO 
								 
								EUA/ 2008 
								Duração – 90 minutos 
								Direção – Ramin Bahrani 
								Roteiro – Ramin Bahrani e Bahareh Azimi 
								Produção – Ramin Bahrani e Jason Orans 
								Fotografia – Michael Simmonds 
								Música – M. Lo 
								Edição – Ramin Bahrani 
								 
								Elenco – Soleymane Sy Savane (Solo), Red West 
								(William), Diana Franco 
								Galindo (Alex), Carmen Leyva (Quiera), Trevor 
								Metscher (Bilheteiro), 
								Mamadou Lan (Mamadou). 
								From: Ana Falcão 
								Date: 2009/9/28 
								Subject: Re: PRIORIDADE MÁXIMA)) GOODBYE...SOLO 
								- Reynaldo Domingos Ferreira 
								To: Theresa Catharina de Goes Campos 
								 
								Theresa, obrigada por enviar-me a crítica do 
								Reynaldo, sempre bem 
								redigida e ilustrada, como tivemos oportunidade 
								de comentar. Abraços 
								Ana  | 
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