Zilda 
																		Arns 
																		Neumann, 
																		nascida 
																		em 
																		Forquilhinha 
																		(SC), de 
																		uma 
																		família 
																		de 13 
																		irmãos, 
																		durante 
																		muito 
																		tempo 
																		foi mais 
																		conhecida 
																		como uma 
																		das 
																		irmãs de 
																		dom 
																		Paulo 
																		Evaristo 
																		Arns, 
																		arcebispo 
																		emérito 
																		de São 
																		Paulo. 
																		Mas, a 
																		partir 
																		dos anos 
																		80, seu 
																		trabalho 
																		social 
																		se 
																		destacou 
																		a ponto 
																		de 
																		levá-la 
																		a 
																		receber 
																		diversos 
																		prêmios 
																		e 
																		títulos, 
																		no 
																		Brasil e 
																		no 
																		exterior.
																		
																		
																		Falecida 
																		nesta 
																		terça-feira 
																		(12) em 
																		Porto 
																		Príncipe, 
																		capital 
																		do 
																		Haiti, 
																		no 
																		terremoto 
																		que 
																		atingiu 
																		o país, 
																		Zilda 
																		Arns 
																		procurava 
																		desenvolver 
																		também 
																		lá um 
																		programa 
																		na área 
																		de 
																		nutrição. 
																		Tia do 
																		senador 
																		Flávio 
																		Arns 
																		(PSDB-PR), 
																		era 
																		pediatra 
																		e 
																		sanitarista. 
																		Viúva, 
																		mãe de 
																		cinco 
																		filhos, 
																		ela foi 
																		fundadora 
																		e 
																		coordenadora 
																		nacional 
																		das 
																		pastorais 
																		da 
																		Igreja 
																		Católica 
																		voltadas 
																		para a 
																		criança 
																		e para 
																		os 
																		idosos.
																		
																		
																		Com a 
																		Pastoral 
																		da 
																		Criança, 
																		que hoje 
																		atende a 
																		dois 
																		milhões 
																		de 
																		crianças 
																		em todo 
																		o 
																		Brasil, 
																		Zilda 
																		Arns foi 
																		fundamental 
																		na 
																		popularização 
																		do 
																		chamado 
																		"soro 
																		caseiro", 
																		remédio 
																		simples 
																		e barato 
																		para 
																		combater 
																		a 
																		desidratação 
																		infantil. 
																		O papel 
																		de Zilda 
																		nesse 
																		processo 
																		pode ser 
																		bem 
																		compreendido 
																		pelo 
																		depoimento 
																		que ela 
																		própria 
																		daria no 
																		encontro 
																		de 
																		religiosos 
																		previsto 
																		para 
																		ocorrer 
																		no Haiti 
																		e que 
																		acabou 
																		não 
																		ocorrendo 
																		em razão 
																		do 
																		terremoto 
																		e de seu 
																		falecimento.
																		
																		Em seu 
																		discurso, 
																		divulgado 
																		pela 
																		CNBB, 
																		Zilda 
																		diria 
																		que, 
																		para 
																		organizar 
																		seu 
																		trabalho, 
																		inspirou-se 
																		na 
																		passagem 
																		bíblica 
																		da 
																		multiplicação 
																		dos pães 
																		e 
																		peixes: 
																		"Tive 
																		segurança 
																		de 
																		seguir a 
																		metodologia 
																		de 
																		Jesus: 
																		organizar 
																		o povo 
																		em 
																		pequenas 
																		comunidades; 
																		identificar 
																		líderes, 
																		famílias 
																		com 
																		grávidas 
																		e filhos 
																		menores 
																		de seis 
																		anos. Os 
																		líderes 
																		que se 
																		dispusessem 
																		a 
																		trabalhar 
																		voluntariamente 
																		nesta 
																		missão 
																		de 
																		salvar 
																		vidas 
																		seriam 
																		capacitados, 
																		em 
																		espírito 
																		de fé e 
																		vida, 
																		preparados 
																		técnica 
																		e 
																		cientificamente, 
																		em ações 
																		básicas 
																		de 
																		saúde, 
																		nutrição, 
																		educação 
																		e 
																		cidadania. 
																		Seriam 
																		acompanhados 
																		em seu 
																		trabalho, 
																		para que 
																		não 
																		desanimassem"
																		
																		O texto 
																		do 
																		discurso 
																		prossegue 
																		descrevendo 
																		a linha 
																		de ação 
																		da 
																		pastoral: 
																		"Os 
																		líderes 
																		teriam a 
																		missão 
																		de 
																		compartilhar 
																		com as 
																		famílias 
																		a 
																		solidariedade 
																		fraterna, 
																		o amor, 
																		os 
																		conhecimentos 
																		sobre os 
																		cuidados 
																		com as 
																		grávidas 
																		e as 
																		crianças, 
																		para que 
																		elas 
																		estivessem 
																		sãs e 
																		felizes. 
																		Assim 
																		como 
																		Jesus 
																		ordenou 
																		que [os 
																		discípulos] 
																		olhassem 
																		se 
																		estavam 
																		todos 
																		saciados, 
																		teríamos 
																		que 
																		implantar 
																		um 
																		sistema 
																		de 
																		informações 
																		com 
																		alguns 
																		indicadores 
																		de fácil 
																		compreensão, 
																		inclusive 
																		por 
																		líderes 
																		analfabetos 
																		ou de 
																		baixa 
																		escolaridade. 
																		E já via 
																		diante 
																		de mim 
																		muitos 
																		cestos 
																		de 
																		sabedoria 
																		e amor 
																		apreendidos 
																		com o 
																		povo".
																		
																		A 
																		atuação 
																		de Zilda 
																		Arns a 
																		levou a 
																		diversos 
																		fóruns 
																		de 
																		debates 
																		e 
																		decisões. 
																		No 
																		Senado, 
																		ela 
																		participou 
																		de 
																		discussões 
																		como a 
																		da 
																		Proposta 
																		de 
																		Emenda à 
																		Constituição 
																		(PEC) 
																		que 
																		prorrogava 
																		a 
																		cobrança 
																		da 
																		Contribuição 
																		Provisória 
																		sobre 
																		Movimentações 
																		Financeiras 
																		(CPF) e 
																		acabou 
																		sendo 
																		modificada, 
																		levando 
																		à 
																		extinção 
																		do 
																		tributo. 
																		Ela era 
																		favorável 
																		à CPMF, 
																		por 
																		entender 
																		que a 
																		contribuição 
																		carreava 
																		recursos 
																		dos mais 
																		ricos 
																		para a 
																		saúde.
																		
																		
																		Zilda 
																		Arns 
																		recebeu 
																		o prêmio 
																		de 
																		Mulher 
																		Cidadã 
																		Bertha 
																		Lutz, 
																		dado 
																		pelo 
																		Senado. 
																		Ao 
																		celebrar 
																		o Dia 
																		Internacional 
																		da 
																		Mulher 
																		no dia 
																		10 de 
																		março de 
																		2005, a 
																		Casa 
																		premiou 
																		outras 
																		quatro 
																		mulheres 
																		com o 
																		diploma.
																		
																		
																		Valter Gonçalves 
																		Jr.  / 
																		Agência 
																		Senado