Theresa Catharina de Góes Campos

 
 
De: Tereza Lúcia Halliday
Data: 15 de março de 2010 09:09
Assunto: Artigo quinzenal
 

C H O P I N    R E M E M O R Á V E L

 

Tereza Halliday – Artesã de Textos

 

Este curto texto comemorativo do bicentenário do nascimento de Frédéric Chopin (1810-2010) responde à carta enviada pela pianista Lourdes Aguiar a este jornal, lamentando a indiferença da mídia face a um evento cultural com rica pauta de celebrações na França e na Polônia. Assuntos sugeridos por leitores nem sempre conseguem gerar o toque de ignição interior que resulte em crônica. O tema pode ser ótimo, mas precisa clicar em algum recanto da alma e da imaginação. Chopin foi suficiente.

 

No meu universo de infância e adolescência, ele era gente da casa, onde não faltavam discos seus com valsas, mazurkas, polonaises, noturnos. Fazia parte da educação estudar piano ou acordeon. E se discutia se a pronúncia certa era “Chopan”, ou “Chopen” – ambas corretas, a depender do sotaque regional francês.  Aos 11-12 anos de idade, eu caminhava até a casa de D. Marieta Cruz, na rua do Colégio de Caruaru, à espera de certo recital grátis particular. Amiga de toda a vida e professora de francês, Maria Laura Florêncio (não confundir com sua xará recifense), aproveitava os intervalos mais longos entre aulas, para tocar piano em casa de “Tia Eta”. Zé Luiz - outro aluno que não a esquece - e eu formávamos a platéia exclusiva a curtir valsas de Chopin que emanavam do velho piano Dorner.  As de número 3, 7, 9, 10 e 11 eram nossas preferidas.

 

 Não faz muito tempo, praticantes de palavras cruzadas que encontrassem o enunciado “Músico famoso – 6 letras”, não escreviam “Lenine”. O nome “certo” era CHOPIN - um dos mais célebres pianistas do século XIX, mestre da música romântica, polonês, de pai francês. Foi batizado Fryderyk Franciszek Chopin em 22/2/1810, considerada a data do seu nascimento, que ele celebrava em 01 de março.

 

Morreu em Paris (12, Place Vendôme), aos 39 anos, em 17/10/1849, depois de longo sofrimento, vítima de tuberculose, o “câncer” do seu século. Ao amigo Franchomme teria dito, nas últimas horas de vida: “Toque Mozart em minha memória”. Também pediu que, após sua morte, destruíssem seus rascunhos de partituras, pois sem o burilamento que pretendera fazer nelas, as composições não estariam à altura do público. Seu corpo foi sepultado no famoso cemitério Père Lachaise enquanto o coração repousa na Igreja de Santa Cruz, em Varsóvia.

 

Sua biografia e musicografia estão fartamente documentadas na Internet. Existe uma Federação Internacional de Sociedades Frédéric Chopin, pois cada país tem pelo menos uma. Em Varsóvia, ocorre a cada cinco anos, o famoso Concurso Internacional Frédéric Chopin, do qual participou galhardamente a pianista pernambucana Elyanna Caldas Silveira, representando o Brasil. E nunca mais deixou de amar esse inspiradíssimo compositor de baladas, valsas, sonatas, concertos, estudos e prelúdios que enlevam a alma e cativam tantos fãs.

 

Faria um bem imenso à sensibilidade da garotada do século XXI, se Chopin fizesse parte de sua alimentação musical.

(Diário de Pernambuco, 15/03/2010, p.A13)


Tereza Lúcia Halliday, Ph.D.
Artesã de Textos
 

Jornalismo com ética e solidariedade.