“FILHOS DO PARAÍSO”, 
											UM FILME TOCANTE E MODERNO
											
											
											
											
											Sinopses de filmes com enfoque 
											educacional e comentários de sua 
											utilização como recurso didático.
											
											Este extraordinário filme “Filhos do 
											Paraíso” (“Children of Heaven”, em 
											inglês) foi feito em 1997, tem a 
											duração de 90 minutos, e é falado em 
											farsi, com legendas em português. É 
											um filme iraniano, dirigido por 
											Majid Majidi, o mesmo diretor que 
											fez “As Cores do Paraíso”. Muitos 
											sites vendem o conjunto dos dois 
											filmes a preços promocionais. O 
											filme estava para ser indicado ao 
											Oscar, como melhor filme 
											estrangeiro, em 1998, mas quem 
											realmente ganhou, em 1999, foi A 
											Vida é Bela, também – como este – um 
											filme onde um dos personagens era um 
											menino. Naquele mesmo momento, 
											concorria também o filme brasileiro 
											Central do Brasil, tendo também como 
											um dos personagens centrais um 
											menino. Coincidências... 
											
											Mesmo não sendo indicado para o 
											Oscar, o filme é muito bem produzido 
											e, por isso, ganhou três prêmios no 
											Festival Mundial de Filmes em 
											Montreal, em 1997. 
											
											“Filhos do Paraíso” é produzido pelo 
											Instituto para o Desenvolvimento 
											Intelectual de Crianças e Jovens 
											Adultos, do Governo iraniano, em 
											cujo âmbito o cineasta Kiarostami, 
											que representa o moderno cinema 
											iraquiano, criou uma Divisão de 
											Produção de Filmes. Trata-se, 
											portanto, de uma produção de cunho 
											social.
											
											O Filme Filhos do Paraíso se 
											constitui numa jóia de simplicidade, 
											profundamente comovente e realista, 
											"Filhos do Paraíso" (Children of 
											Heaven- Irã, 1998 - 88'- de Majid 
											Majidi, que também escreveu o 
											roteiro) foi candidato ao Oscar 1999 
											de Melhor Filme Estrangeiro. Do 
											primeiro ao último fotograma, sua 
											forma e seu conteúdo compõem um 
											poema sobre a família pobre, lutando 
											diariamente para manter suas 
											necessidades básicas atendidas. Nada 
											é fácil, nem mesmo ir à escola, 
											quando irmão e irmã contam apenas 
											com um par de sapatos. 
											
											Com Mohammad Amir Naji e Amir 
											Farrokh Hashemian.
											
											A história mostra um lar onde 
											existem o amor e o apoio mútuos, 
											amizade e respeito; muita 
											honestidade, apesar das grandes 
											dificuldades e carências; 
											solidariedade entre vizinhos; a 
											disciplina na escola; os costumes 
											familiares, sociais e religiosos 
											iranianos. Outro aspecto importante 
											está nas cenas em que pai e filho 
											vão à cidade e se deparam com uma 
											realidade que chega a lhes assustar: 
											edifícios enormes e residências 
											modernas, luxuosas, ocidentalizadas, 
											equipadas com os mais variados 
											recursos, desde os imensos portões.
											
											Destaques: direção, interpretação, 
											roteiro, fotografia, trilha sonora, 
											apresentação dos créditos iniciais e 
											as cenas finais. Clima de suspense 
											emocional; ação; momentos líricos.
											
											
											Embora o diretor tenha concluído o 
											script de Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye 
											Aseman) em cinco meses, o 
											financiamento do filme foi difícil 
											de ser conseguido, sobretudo porque 
											retrata personagens vivendo na 
											pobreza. Diversas agências 
											governamentais rejeitaram o projeto 
											cinematográfico. Aprovado e 
											produzido pelo Institute for the 
											Intellectual Development of Children 
											and Young Adults (Instituto para o 
											Desenvolvimento Intelectual de 
											Crianças e Jovens Adultos), teve sua 
											filmagem concluída em 70 dias.
											
											
											Durante o ano letivo, milhares de 
											estudantes assistiram, nas escolas, 
											gratuitamente, ao filme, que se 
											tornou sucesso de público no Irã.
											
											Como os protagonistas desta sua 
											obra, o diretor cresceu vivendo com 
											seus pais e quatro irmãos em um 
											único quarto. Segundo ele explicou:
											
											"Em toda sociedade, existe sempre o 
											problema de 'ter' ou 'não ter', o 
											que cria um monte de conflitos. No 
											momento, esse é o problema mais 
											significativo de nossa sociedade. 
											Nós estamos oscilando entre 
											problemas econômicos e falta de 
											justiça social. É missão da arte 
											continuar a atacar esses problemas, 
											enquanto eles permanecerem."
											
											Em "Filhos do Paraíso", adultos e 
											crianças, ainda que pobres, não 
											abdicam de sua dignidade.
											
											Na opinião de Mohsen Makhmalbaf, os 
											adultos são mais emotivos e 
											mentalmente feridos. Sofrem com o 
											passado e este pode criar um estado 
											de desespero. Nas crianças, só se 
											pode encontrar esperança e paixão 
											pela vida.Elas são a visão de nossos 
											sonhos. Acima de tudo, são a 
											expressão da vida. Parte do motivo 
											pelo sucesso dos filmes iranianos 
											estarem brilhando é devido à 
											presença de crianças neles."
											
											Niki Karimi, outro cineasta do Irã, 
											chama nossa atenção para o fato de 
											que todos os bons filmes sobre 
											personagens infantis realizados em 
											seu país "têm algo mais importante 
											acontecendo em segundo plano." 
											
											Para o New York Magazine, "Filhos do 
											Paraíso" é uma obra "simplesmente 
											arrebatadora". Andrew Curry, do 
											Miami Herald, afirmou: "Filhos do 
											Paraíso" ilustra os simples laços do 
											amor". 
											
											A permanência dos valores 
											familiares, em ambiente de tanta 
											pobreza, revela a força dos vínculos 
											afetivos, ainda que enfrentando 
											circunstâncias em que a exclusão 
											sócio-econômica parece capaz de 
											destruir toda perspectiva de um 
											futuro melhor.
											
											Assisti ao filme no cinema, mas pode 
											ser encontrado em vídeo: Paris 
											Vídeo. 
											
											
											
											Theresa Catharina de Góes Campos 
											é 
											jornalista, escritora e professora 
											universitária