CONSELHOS DE IMPRENSA 
												
												
												Liberdade, censura e 
												autocontrole
												Noêmia Félix da Silva  
												
												
												(*)
												
													
														O presente artigo é o 
														resultado de um estudo 
														sobre o conselho de 
														imprensa – Minnesota 
														News Council (EUA) –, 
														instituição 
														não-coercitiva de 
														controle da imprensa com 
														objetivo de assegurar a 
														responsabilidade social 
														da mídia. Foram 
														analisadas as 
														experiências deste 
														conselho para 
														compreender a sua 
														eficiência na crítica e 
														na mudança dos meios de 
														comunicação. Uma das 
														questões a serem 
														compreendidas era o 
														porquê de a imprensa 
														americana ter os 
														conselhos como uma 
														ameaça à liberdade da 
														imprensa e ainda 
														permitir que o MNC 
														durasse 29 anos. Para 
														responder a esta 
														questão, os conceitos de 
														estrutura do espaço 
														social e de campo 
														jornalístico de Bourdieu 
														(1998) foram importantes 
														para a compreensão de 
														como a sociedade 
														americana gera seus bens 
														simbólicos. O conselho 
														mostrou ser uma 
														alternativa limitada 
														para correção das 
														distorções e um espaço 
														estimulador da 
														participação democrática 
														e da promoção da 
														discussão entre 
														público-imprensa-público. 
													
												
												
												Os conselhos de imprensa 
												surgiram na década de 70 e, em 
												1996, já existiam cerca de 22 
												conselhos de imprensa em todo 
												mundo, geralmente, compostos por 
												jornalistas, empresários, 
												representantes do público, com o 
												objetivo de julgar as 
												reclamações do público 
												apresentadas a eles. Em Portugal 
												– (AACS, Alta Autoridade para 
												Comum Sociedade) – e na França (CSA, 
												Conselho Superior Audiovisual) – 
												o Estado tem a função de 
												intermediador e é ele que 
												delibera sobre as queixas.  
												Paulino (1999) fez um 
												levantamento de vários conselhos 
												existentes atualmente e suas 
												diversas formas de atuação. Ele 
												divide os conselhos em três 
												tipos, levando em consideração a 
												representação nos conselhos de 
												protagonistas básicos da 
												comunidade social, como 
												empresários, profissionais da 
												imprensa e o público: estatais, 
												bipartites (subconselhos) e 
												tripartites (Minnesota News 
												Council/EUA). Os Conselhos de 
												Comunicação Social são formas 
												não-coercitivas de controle da 
												imprensa. Para o professor do 
												Instituto Francês de Imprensa 
												Jean-Claude Bertrand [autor 
												de três livros sobre conselhos 
												de imprensa na França: Lês 
												Conseils de presse dans le monde 
												in Notes et études documentaires. 
												Paris: La documentation 
												française (1977), Pour Un 
												Conseil de Presse idéial. 
												Presse-Actualité (1985) e 
												Marking Media Accountable: The 
												Role of Press Councils. Paris, 
												1996.], esses órgãos 
												são meios não-governamentais 
												para assegurar a 
												responsabilidade social da 
												mídia.  
												"Os CMS objetivam preservar a 
												mídia de interferências externas 
												e garantir ao público um serviço 
												de qualidade e que garanta a 
												manifestação plural na imprensa. 
												São instituições permanentes com 
												autonomia para reunir, 
												colegiadamente, proprietários, 
												jornalistas, cidadãos e 
												representantes da sociedade, 
												governo e Estado". (BERTRAND 
												apud PAULINO, 1999) 
												Eles têm, ainda, como 
												objetivo a prevenção progressiva 
												das distorções, estimulando a 
												participação democrática e a 
												promoção da discussão sobre o 
												papel da mídia com a constante 
												realização de palestras e 
												cursos. Funcionam como órgãos de 
												arbitragem, de encaminhamento e 
												intermediação de queixas e 
												reparações de erros e falhas. E, 
												ainda, como tribunal de honra, 
												exercendo papel auto-regulador.
												 
												Quanto a sua interferência na 
												mídia, têm sua força limitada 
												por não possuírem poderes de 
												coerção. Podem, no entanto, 
												repreender publicamente o 
												infrator, causando certo 
												impacto. Como isso se dá? Bem, a 
												repreensão se dá pela divulgação 
												na própria mídia dos pareceres 
												julgados pelo conselho. No 
												entanto, alguns conselhos têm 
												poder coercitivo, aplicando 
												multas e outros tipos de 
												sanções. Mas é uma pequena 
												minoria.  
												Eles não visam apenas punir, 
												mas construir registros e 
												trabalhar em defesa do ofício da 
												informação e da vigilância dos 
												princípios deontológicos da 
												profissão. A tentativa de fugir 
												do conflito natural entre os 
												poderes do Estado ou da pressão 
												econômica, substituindo ou até 
												suplementando as estruturas dos 
												Três Poderes, principalmente do 
												Judiciário, já que na maioria 
												dos casos, o reclamante desiste 
												da ação judicial se consegue a 
												solução da queixa. Em outros 
												casos, o conselho permite que o 
												queixoso faça a reclamação e 
												entre ao mesmo tempo com uma 
												ação judicial. Já alguns não 
												permitem essa prática, chegando 
												até a cancelar a reclamação se o 
												reclamante entrar na Justiça.
												 
												O Minnesota News Council 
												<//:www.mnt.org/newscouncil> foi 
												fundado em 1971 pela iniciativa 
												dos integrantes da Associação 
												dos Jornais de Minnesota, 
												localizado no Estado de 
												Minnesota, ao Nordeste dos 
												Estados Unidos, fazendo 
												fronteira com o Canadá. Este 
												estado americano tem 4,3 milhões 
												de habitantes, 90 emissoras de 
												rádio, 22 emissoras de televisão 
												e 27 jornais diários, com 
												tiragens de até 970 mil 
												exemplares.  
												Segundo os dados do Conselho 
												de Minnesota, seu objetivo é 
												promover um jornalismo fiel, 
												rigoroso e confiante, criando um 
												fórum onde o público e a mídia 
												de notícia possam engajar-se um 
												no outro examinando padrões de 
												fidelidade. E para alcançá-los 
												buscam as mediações e os debates 
												públicos em audiências. 
												Este conselho baseia-se em 
												princípios como: 
												
												**  Uma democracia 
												sadia tem que ser rigorosa, e 
												confiante ou em que se pode 
												confiar;
												
												**  O público se 
												beneficia quando as fontes de 
												notícias ajudam a abraçar as 
												instituições sociais;
												
												**  A mídia de 
												notícias se beneficia sendo mais 
												clara, fiel à notícia, se 
												isentando de explicações;
												
												**  Interação entre 
												o público e a mídia de notícias 
												desmistifica a prática 
												jornalista, cria um entendimento 
												mútuo e promove confiança;
												
												**  A discussão 
												pública promove fidelidade mais 
												efetiva à mídia;
												
												**  Acreditam que, 
												de acordo com o Conselho, para 
												manter sua imparcialidade ele 
												deve permanecer independente do 
												governo e se sustentar 
												financeiramente de maneira 
												sólida;
												Por cinco anos, o MNC foi 
												abrigado no próprio escritório 
												da associação. Atualmente, é 
												financiado pelas instituições 
												que compõem a associação de 
												jornais. É composto por 24 
												integrantes, sendo 12 das 
												empresas e 12 do público. Os 
												integrantes são eleitos, segundo 
												a dirigente do Comitê de 
												Desenvolvimento do Conselho de 
												Notícias de Minnesota, Leslie 
												MacKenzie, por sucessão. Ou 
												seja, elegem seus sucessores com 
												base em suas características 
												individuais e de forma a manter 
												a pluralidade no Conselho. 
												Metade provém da mídia e outra 
												metade é formada por 
												representantes do público. Cada 
												um dos dois principais jornais 
												tem um profissional no Conselho 
												e procuram fazer com que os 
												jornais menores também sejam 
												representados.  
												"Entre os integrantes do 
												público, nós procuramos ter 
												representantes do empresariado, 
												dos trabalhadores e de outros 
												setores. Muitas vezes temos 
												professores universitários. E 
												nos esforçamos para ter 
												representantes dos setores rural 
												e urbano, homens e mulheres e 
												uma pluralidade religiosa e 
												racial." (MACKENZIE, 1996) 
												Segundo Leslie MacKenzie, os 
												integrantes do conselho precisam 
												ter absoluto interesse no 
												noticiário e ser 
												intelectualmente capazes de 
												aprimorar o nível ético das 
												discussões necessárias nas 
												audiências públicas. Os 
												candidatos aparecem por 
												indicações pessoais, sugestões 
												das organizações que mantêm o 
												Conselho, ou podem ser pessoas 
												que se oferecem e enviam seus 
												currículos. Todos os candidatos 
												são entrevistados pelo diretor 
												executivo do Conselho e pelo 
												Comitê de Associados; 
												posteriormente, são apresentados 
												ao Conselho, para votação. O 
												processo todo leva de dois a 
												seis meses.  
												Ela esclarece ainda que os 
												integrantes, que também 
												constituem a diretoria do 
												conselho, são eleitos para um 
												mandato de três anos, com 
												possibilidade de uma reeleição. 
												Todos os conselheiros que 
												representam o público devem 
												participar da campanha para 
												obtenção de recursos, mas os que 
												trabalham em veículos não 
												participam, porque poderia 
												parecer conflito de interesses. 
												A participação é voluntária e 
												sem remuneração.  
												Para a formação MNC, os 
												integrantes tomaram como modelo 
												o Press Complaints Commission do 
												Reino Unido. No entanto, os dois 
												conselhos diferem em algumas 
												questões. A atuação do de 
												Minnesota se restringe a receber 
												e encaminhar as reclamações a 
												uma audiência pública. O outro 
												não só ouve as reclamações, mas 
												busca discutir com o público e a 
												mídia sobre a imprensa, 
												promovendo fóruns de discussões 
												e publicações sobre o assunto. 
												Mas as audiências do conselho 
												britânico são fechadas aos 
												integrantes e as decisões são 
												posteriormente publicadas. 
												É interessante notar que, de 
												acordo com Robert Shaw, fundador 
												do Conselho de Minnesota e 
												editor da Minnesota Newspaper 
												Association, os próprios 
												integrantes do Conselho 
												reconhecem que é um erro, mas 
												admitem que a falta de dinheiro 
												e um maior apoio limitam sua 
												atuação. 
												O Conselho recebe as 
												reclamações via telefone, fax, 
												no próprio escritório e até 
												online. O passo seguinte é 
												tentar fazer a conexão entre o 
												reclamante e a fonte da notícia, 
												para ver se podem resolver suas 
												diferenças e evitar uma 
												audiência. Os envolvidos podem 
												se encontrar, falar ao telefone 
												ou se corresponder. 
												Uma fonte de notícia pode 
												satisfazer um reclamante de 
												várias maneiras: pedindo 
												desculpas, fazendo correção ou 
												voltando atrás, publicando um 
												outro artigo, ou ampliando o 
												primeiro para incluir o ponto de 
												vista do reclamante, mandando 
												carta ao editor, ou um 
												comentário escrito pelo 
												reclamante. Se a empresa se 
												recusa a tomar uma atitude para 
												satisfazer o reclamante, o 
												Conselho exerce a mediação, mas 
												seu objetivo é gerar a discussão 
												pública de questões éticas 
												levantadas pelas reclamações. 
												Quando não há acordo, o 
												Conselho promove uma audiência 
												pública, desde que o queixoso 
												abra mão do direito de processar 
												o veículo na Justiça. Ao 
												contrário do conselho inglês, 
												que permite que isso seja feito 
												se o reclamante quiser. Mas não 
												enquanto o processo tramitar no 
												conselho. O veículo tem o 
												direito de não comparecer, mas 
												isso não impede a realização da 
												audiência, e eles raramente 
												deixam de ir, segundo esclarece 
												Shaw. O Conselho solicita ao 
												veículo uma resposta por escrito 
												à reclamação apresentada e 
												poucas vezes algum veículo 
												deixou de fornecê-la, segundo 
												ele. 
												Nas audiências públicas, os 
												integrantes do Conselho – 12 de 
												veículos, 12 do público em geral 
												e um juiz/mediador – ouvem a 
												reclamação do queixoso e a 
												defesa do veículo e discutem 
												seus méritos à vista do público 
												e dos jornalistas. A seguir, 
												votam contra o queixoso ou a seu 
												favor, integral ou parcialmente, 
												e no mesmo dia o Conselho 
												distribui um comunicado à mídia. 
												O veículo recebe uma 
												recomendação especial para 
												divulgar a decisão. Os 
												jornalistas integrantes do 
												Conselho não representam seus 
												respectivos veículos, 
												participando como profissionais 
												independentes. Quando o veículo 
												onde trabalham é objeto de uma 
												queixa, eximem-se de participar 
												do caso. 
												Não há qualquer acordo 
												escrito entre o Conselho e os 
												veículos se comprometendo a 
												respeitar suas determinações. 
												Então, como o MNC consegue que 
												seu trabalho tenha resultado?
												 
												Segundo MacKenzie (1996), o 
												Conselho pede ao veículo, objeto 
												de uma queixa, que publique ou 
												transmita o press release ou 
												faça sua própria reportagem 
												sobre a audiência pública – no 
												que quase sempre são atendidos, 
												afirma ela. "Nem todos os 
												veículos participam do nosso 
												processo, mas nós promovemos a 
												audiência quer o veiculo 
												participe ou não, sempre que o 
												queixoso deseja ser ouvido", 
												ressalta MacKenzie.  
												Shaw argumenta que mesmo com 
												resultados de até 50% das 
												queixas examinadas terem dado 
												razão aos meios de comunicação, 
												o Conselho enfrentava grande 
												dificuldade em demonstrar aos 
												editores que uma audiência não é 
												necessariamente a ante-sala de 
												uma repreensão. Por isso, em 
												1992, passou a prestar um novo 
												serviço, promovendo debates 
												públicos e privados, com o 
												objetivo de ajudar a mídia, o 
												público e as fontes a se 
												entenderem. Uma das publicações 
												é ou Newsworthy, boletim 
												publicado pelo MNC com uma 
												tiragem de 3 mil exemplares 
												sobre ética na mídia.  
												No mesmo ano da criação do 
												boletim Newsworth, o 
												Conselho realizou um Fórum 
												Privado envolvendo a polícia de 
												Minneapolis e o gerente de 
												notícias. Por meses, os 
												envolvidos chegaram a alguns 
												consensos quanto a questões como 
												acesso às informações, buscando 
												analisar as responsabilidades 
												das reportagens.  
												Shaw afirma que o Conselho 
												não tem autoridade e não quer 
												mandar em qualquer organização 
												fazer ou não qualquer coisa. Ele 
												existe para ajudar a mídia criar 
												uma moral forte para fidelidade. 
												Acrescenta ainda que as pessoas 
												que vem para os Conselhos fazer 
												reclamação não estão 
												interessadas em recuperar 
												dinheiro, como poderiam fazê-lo 
												se quisessem. Elas estão 
												interessadas na melhoria da 
												imprensa, em poder discutir um 
												caso particular, para levar a 
												maior esclarecimento e 
												qualificação.  
												
													
														
														"A idéia completa que 
														as pessoas podem ter, 
														dizer a respeito do 
														comportamento da mídia 
														choca com quem é de fora 
														da mídia. Muitos são 
														intimidados pela 
														autoridade que eles 
														sentem que a mídia tem. 
														Um conselho tem muito 
														para educar, não só 
														sobre padrões 
														jornalísticos, mas tem o 
														papel vital que os 
														cidadãos podem e devem 
														desempenhar em assegurar 
														uma mídia ideal." (SHAW, 
														1997) 
													
												
												
												Um outro integrante do 
												Conselho de Minnesota e editor 
												de um dos mais respeitados 
												semanários em Minnesota, o 
												Monticello Times, Donald Q. 
												Smith, conta que se viu 
												sustentando quatro reclamações 
												contra jornais de uma vez. "Eu 
												me senti desconfortável", ele 
												diz, "mas o fato de que estes 
												jornais geraram estas 
												reclamações provaram a 
												necessidade de um Conselho de 
												notícia". 
												Shaw defende os vários 
												benefícios do Conselho: 
												
												**  O jornalista é 
												visto pelo público como um ser 
												humano aberto a críticas, em vez 
												de isolado, defensivo e 
												arrogante;
												
												**  Oportunidade 
												para debater fora das páginas do 
												jornal, ajudando o público a 
												entender os valores da mídia e 
												suas práticas;
												
												**  Evitando custos 
												com processos judiciais;
												
												**  Escutando as 
												perspectivas de mais alguém e 
												aprendendo com os erros.
												Da sua fundação até 1998, o 
												Conselho de Minnesota recebeu 
												mais de 1.650 queixas. Nestes 17 
												anos, 120 reclamações foram 
												objeto de audiência pública. 
												Metade delas foi rejeitada, ou 
												seja, o Conselho deu razão aos 
												meios de informação. E a outra 
												metade foi julgada parcialmente 
												ou totalmente, sendo publicadas 
												suas decisões. Cerca de 8% das 
												reclamações foram arquivadas. Os 
												motivos são dos mais variados: 
												muitas são esquecidas pelo 
												reclamante, algumas são 
												resolvidas antes da audiência e 
												outras não são aceitas pela 
												audiência porque na reclamação 
												faltou embasamento. 
												Os assuntos das reclamações 
												levadas às audiências públicas 
												são os seguintes: propaganda 
												política, fontes anônimas, 
												conflitos de interesses, 
												correções, cobertura criminal, 
												editoriais, carta, política de 
												cobertura, eleição, 
												racismo/sexo/estereótipos, 
												reputação, índice de mídia, 
												índice de participação e outros.
												 
												Observando o funcionamento e 
												a estrutura do Minnesota News 
												Council, levantamos algumas 
												questões que tentamos responder 
												ao longo do trabalho. Por que o 
												MNC dura há 29 anos e quais suas 
												atuais condições de 
												funcionamento?  
												Esses conselhos são realmente 
												uma ameaça à liberdade da 
												imprensa americana? Por que o 
												MNC ainda se mantém de pé e 
												atuante?  
												Para entendermos esses 
												problemas temos que compreender 
												como se estrutura o espaço 
												social e o campo jornalístico em 
												que este conselho está inserido. 
												Ou seja, para fazermos uma 
												leitura adequada analisando as 
												relações entre posições sociais, 
												os seus habitus e as escolhas 
												que os agentes sociais fazem nos 
												domínios das mais diferentes 
												práticas, é preciso conhecer 
												cada momento de cada sociedade, 
												do conjunto de posições sociais, 
												vinculado, por uma relação de 
												homologia, ao conjunto de 
												atividades ou de bens, eles 
												próprios definidos. (BOURDIEU, 
												1996, p. 18). 
												Para isso, vamos tomar 
												emprestados alguns conceitos de 
												Pierre Bourdieu, como poder 
												simbólico, espaço social, campo, 
												habitus e violência simbólica. 
												Inicialmente vamos definir o 
												que Bourdieu entende por espaço 
												social: 
												
													
														
														"Um conjunto de 
														posições distintas e 
														coexistentes, exteriores 
														umas às outras, 
														definidas umas em 
														relação às outras por 
														sua exterioridade mútua 
														e por relação de 
														proximidade." (1996, p. 
														18)".  
													
												
												
												Segundo Bourdieu, o espaço 
												social seria construído de tal 
												modo que os agentes ou os grupos 
												são distribuídos em função da 
												sua posição nas distribuições 
												estatísticas de acordo com os 
												princípios diferenciais entre o 
												capital econômico e cultural. 
												Desta forma, os agentes sociais 
												têm tanto mais em comum quanto 
												mais próximos estejam nessas 
												duas dimensões, e tanto menos 
												quanto mais distanciados estejam 
												nelas. E o volume global do seu 
												capital será medido pelo peso 
												relativo dos diferentes tipos de 
												capital econômico e cultural. 
												Ele explica que os maiores 
												detentores de capital global 
												seriam os empresários, 
												integrantes de profissões 
												liberais e professores 
												universitários, em contraposição 
												aos profissionais 
												não-qualificados. Sendo assim, 
												são mais ricos em capital 
												econômico (bens materiais) e em 
												capital cultural (conhecimento). 
												Como já dissemos, esse espaço 
												social é dividido, 
												principalmente, entre os 
												capitais culturais e econômicos. 
												E os detentores deste capital 
												cultural poderiam ser 
												subdivididos em campos como o 
												dos intelectuais, o jurídico, 
												artístico, literário e o 
												jornalístico.  
												Para Bourdieu, esse espaço 
												social é o espaço de interação 
												onde se processa a atualização 
												da interação entre os mais 
												diferentes campos. E os agentes, 
												na sua luta para impor o 
												veredicto de "imparcial", quer 
												dizer, para fazer reconhecer sua 
												visão como objetiva, dispõem de 
												forças que dependem dos campos 
												objetivamente hierarquizados a 
												que pertençam e da sua posição 
												nos seus respectivos campos. Em 
												primeiro lugar, segundo 
												Bourdieu, estaria o campo 
												político, onde os homens 
												políticos ocupam posições 
												diferentes e "estão situados 
												neste espaço pela sua filiação 
												num partido, mas também pelo seu 
												estatuto nesse partido, pela sua 
												notoriedade, local ou nacional 
												etc." (Idem, p. 56) 
												Em segundo, o campo 
												jornalístico, onde "os 
												jornalistas podem e devem adotar 
												uma retórica da objetividade e 
												da neutralidade". Depois o campo 
												da ciência política, campo do 
												marketing político e o campo 
												universitário. (Idem, p. 56) 
												Vamos tentar entender o que 
												Bourdieu (1997) entende por 
												campo jornalístico. Ele o define 
												como baseado num conjunto de 
												pressupostos de crenças 
												partilhadas para além das 
												diferenciações de posições e 
												opiniões. Ressalta que mesmo 
												sendo um campo ele tem suas 
												divisões, diferenciações, 
												diversificações e, portanto, 
												capaz de representar todas as 
												opiniões, todos os pontos de 
												vista, ou de lhes oferecer a 
												oportunidade de se exprimir. 
												A importância do campo 
												jornalístico, segundo Bourdieu, 
												está no fato de ter poder sobre 
												os meios de se exprimir 
												publicamente, de existir 
												publicamente, de ser conhecido, 
												de ter acesso à notoriedade 
												pública. "Eles podem impor ao 
												conjunto da sociedade seus 
												princípios de visão do mundo, 
												sua problemática, seu ponto de 
												vista". (Idem, p. 55) 
												Ora, o espaço do campo 
												jornalístico já é um espaço 
												pré-construído, segundo Bourdieu 
												(1998), onde a composição social 
												do grupo está antecipadamente 
												determinada. Para ser jornalista 
												são necessários alguns 
												pré-requisitos, como agilidade, 
												percepção da realidade sobre o 
												que as pessoas gostariam de 
												saber e ver, nível intelectual 
												etc. Em segundo lugar, para 
												compreender o que pode ser dito 
												e sobretudo o que não pode ser 
												dito é preciso saber quem é 
												excluído e quem se exclui. "A 
												censura mais radical é a 
												ausência". E a terceira 
												característica, observada por 
												Bourdieu: o jornalista exerce 
												uma forma de dominação 
												(conjuntural, não estrutural) 
												sobre um espaço de jogo que ele 
												constitui e no qual ele se acha 
												colocado em situação. (Idem, p. 
												55) 
												Para entendê-lo é preciso 
												perceber sua autonomia, suas 
												propriedades, o que quer dizer, 
												que o que nele se passa não pode 
												ser compreendido de maneira 
												direta a partir de fatores 
												externos. 
												Mas, como sabemos, o campo 
												jornalístico não é um campo 
												isolado, ele se relaciona com 
												outros campos, sofrendo 
												influências e, conseqüentemente, 
												exercendo influências em outros 
												campos. Não quero entrar agora 
												no mérito se essas influências 
												são ou não "perniciosas". Mas 
												como se processam seus 
												cruzamentos. 
												Antes de nos aprofundarmos 
												nessa censura exercitada pelos 
												agentes deste campo, temos que 
												entender um pouco sobre o que 
												ele chama de poder simbólico, 
												porque o que esses campos 
												exercem na verdade é sua forma 
												de poder simbólico. 
												Bourdieu (1998) conceitua 
												poder simbólico como o efeito de 
												um poder invisível o qual só 
												pode ser exercido com a 
												cumplicidade daqueles que não 
												querem saber que lhe estão 
												sujeitos ou mesmo que o exercem. 
												(pp. 7-8) 
												E campo jornalístico pode 
												exercer este poder simbólico 
												porque é estruturado. E este 
												poder é o... 
												
													
														
														"... poder de 
														construção da realidade 
														que tende a estabelecer 
														uma ordem gnosiológica: 
														o sentido imediato do 
														mundo e, em particular, 
														do mundo social. Supõe 
														aquilo que Durkheim 
														chama o conformismo 
														lógico, quer dizer, uma 
														concepção homogênea do 
														tempo, do espaço, do 
														número, da causa, que 
														torna possível a 
														concordância entre as 
														inteligências." (Idem, 
														p. 9) 
													
												
												
												Assim, o jornalismo, segundo 
												Bourdieu (1998) é um sistema 
												simbólico e o fato de participar 
												num sistema simbólico ter o 
												mérito de designar 
												explicitamente a função social 
												(no sentido do 
												estrutural-funcionalismo) do 
												simbolismo, autêntica função 
												política que não se reduz a 
												função de comunicação dos 
												estruturalistas. E os símbolos 
												são instrumentos excelentes da 
												"integração social, enquanto 
												instrumentos de conhecimento e 
												comunicação".(Idem, p. 10) 
												Podemos começar falando das 
												censuras que a própria imprensa 
												exerce sobre os outros, seja 
												através do assunto que é 
												imposto, as condições de 
												comunicação também imposta e 
												pela limitação do tempo e de 
												espaço destinado à veiculação da 
												reportagem seja escrita ou 
												televisiva. 
												Mas é importante lembrar que 
												não são apenas os jornalistas 
												que exercem sua censura. Eles 
												também sofrem limitação seja 
												pela política, por meio da 
												intervenção política, em 
												controle político, por meio da 
												nomeação de postos dirigentes, 
												pela pressão, por meio do 
												exército de reserva e de uma 
												enorme precariedade do emprego, 
												gerando o conformismo político e 
												levando os jornalistas a 
												aplicaram a autocensura pelas 
												censuras econômicas. 
												Como citamos, existem formas 
												de pressão que influenciam o 
												campo jornalístico. E não 
												podemos pegar como explicação 
												somente a pressão exercida pelo 
												capital econômico. Pois seria 
												insuficiente para explicar como 
												é estruturado esse universo.  
												Quando nos referimos às 
												pressões econômicas, ou às 
												influências do capital 
												econômico, como diria Bourdieu 
												(1997), não estamos falando das 
												pessoas que possuem esses meios 
												de difusão da informação, ou dos 
												anunciantes que pagam a 
												publicidade, ou até mesmo do 
												Estado, com suas subvenções. 
												Existem outras formas de ação 
												que agem por mecanismos ocultos, 
												anônimos, invisíveis, exercendo 
												censura de toda ordem, buscando 
												transformar a imprensa num 
												instrumento de manutenção da 
												ordem simbólica. Através das 
												parcelas dos mais diferenciados 
												anunciados ou mesmo do montante 
												de subvenções estatais. 
												Podemos questionar: como se 
												dá essa manutenção da ordem 
												simbólica?  
												Para Bourdieu, essa 
												manutenção se dá através da 
												violência simbólica: 
												
													
														
														"Violência simbólica 
														é uma violência que se 
														exerce com a 
														cumplicidade tácita dos 
														que a sofrem e também, 
														com freqüência, dos que 
														a exercem, na medida em 
														que uns e outros são 
														inconscientes de 
														exercê-la e sofrê-la." 
														(BOURDIEU, 1989, p. 22) 
													
												
												
												Bourdieu (1998) frisa que a 
												relação de comunicação é, de 
												modo inseparável, sempre, 
												relações de poder que dependem, 
												na forma e no conteúdo, do poder 
												material ou simbólico acumulado 
												pelos agentes (ou pelas 
												instituições) envolvidos nessas 
												relações e que, com o dom, podem 
												permitir acumular poder 
												simbólico. 
												
													
														
														"E é enquanto 
														instrumentos 
														estruturados e 
														estruturantes de 
														comunicação e de 
														conhecimento que os 
														sistemas simbólicos 
														cumprem a sua função 
														política de instrumento 
														de imposição ou de 
														legitimação da 
														dominação, que 
														contribuem para 
														assegurar a dominação de 
														um campo sobre outro 
														pela violência 
														simbólica, dando o 
														reforço da sua própria 
														força às relações de 
														força que as fundamentam 
														e contribuindo, assim, 
														segundo a expressão de 
														Weber, para a 
														domestificação dos 
														dominados." (BOURDIEU: 
														1998, p. 10) 
													
												
												
												E como o campo jornalístico 
												exerce sua ação simbólica sobre 
												outros campos? Como, na luta 
												entre os campos, com seus 
												conflitos simbólicos e 
												cotidianos, ele utiliza o seu 
												poder de impor, ou mesmo de 
												inculcar instrumentos de 
												conhecimentos e de expressão 
												arbitrários? 
												Atraindo a atenção para fatos 
												que são de natureza a interessar 
												a todo mundo. Mais conhecido 
												como "fatos-ônibus", como 
												notícias de variedades, crime, 
												sexo, drama, sangue etc. Para 
												Bourdieu, estes fatos não devem 
												chocar ninguém, não envolvem 
												disputas, não dividem, formam 
												consenso e interessam a todo 
												mundo. 
												E como estes jornalistas 
												selecionam estes fatos dentro da 
												imensidão de assuntos, sistemas 
												do cotidiano? Ora, não podemos 
												nos esquecer que estes 
												jornalistas selecionam, nessa 
												realidade particular, levados 
												por propensões inerentes a sua 
												profissão, a sua visão do mundo, 
												a sua formação, as suas posições 
												e à lógica da profissão. Ou 
												seja, em função das categorias 
												que lhes são próprias.  
												Poderíamos comparar esta 
												maneira de ver o mundo como se 
												fossem óculos, falando 
												metaforicamente. O que explica 
												essa noção de categoria proposta 
												por Bourdieu (1997). 
												
													
														
														"Estruturas 
														invisíveis que organizam 
														o percebido, 
														determinando o que se vê 
														e o que não se vê. Elas 
														são produtos de nossa 
														educação, da nossa 
														História."  
													
												
												
												Então, como a imprensa 
												americana formou suas 
												categorias? Como esta construção 
												histórica da liberdade de 
												imprensa americana influencia no 
												habitus do campo jornalístico? 
												Antes, vamos dar a definição 
												de habitus, que tomamos de 
												Bourdieu (1997): 
												
													
														
														"Um princípio gerador 
														e unificador que 
														retraduz as 
														características 
														intrínsecas e 
														relacionais de uma 
														posição em um estilo de 
														vida unívoco, isto é, em 
														um conjunto unívoco de 
														escolhas de pessoas, de 
														bens, de práticas". (p. 
														22) 
													
												
												
												Os americanos, baseados na 
												Primeira Emenda, reivindicam 
												total liberdade de ação para 
												observar, criticar a tudo e a 
												todos. Os óculos que usam 
												selecionam e constroem o que é 
												selecionado. O princípio de 
												seleção das notícias é o do 
												sensacional, do espetacular. 
												Pois os jornais cotidianos 
												devem, segundo Bourdieu (1997), 
												oferecer cotidianamente o 
												extracotidiano (incêndios, 
												assassinatos, variedades). Mas 
												esse extracotidiano não pode ser 
												ordinário no outro jornal. "Não 
												podemos dizer o que os outros 
												estão dizendo"; "Temos que 
												noticiar algo novo." 
												Daí surge a busca frenética e 
												incessante do furo jornalístico. 
												Mas essa busca do extra gera 
												conseqüências e efeitos 
												políticos. Desde as instruções 
												diretamente políticas à 
												autocensura, inspirados pelo 
												temor da exclusão, criando 
												realidades. 
												
													
														
														"Esse poder de 
														evocação tem efeitos de 
														mobilização. Ela pode 
														fazer existirem idéias 
														ou representações, mas 
														também grupos. As 
														variedades, os 
														incidentes ou acidentes 
														cotidianos podem estar 
														carregados de 
														implicações políticas, 
														éticas etc., capazes de 
														desencadear sentimentos 
														fortes, freqüentemente 
														negativos, como o 
														racismo, a xenofobia, o 
														medo e o ódio do 
														estrangeiro, e a simples 
														narração, o fato de 
														relatar, como repórter, 
														implica sempre uma 
														construção social da 
														realidade capaz de 
														exercer efeitos sociais 
														de mobilização (ou de 
														desmobilização)". (Idem, 
														p. 28). 
													
												
												
												Apesar de termos já uma idéia 
												de como funciona o campo 
												jornalístico, não podemos 
												compreender como são os "entes" 
												que o compõem. Ou seja, o que é 
												um jornalista? Para Bourdieu 
												(1997), é uma entidade abstrata. 
												O que existe são jornalistas 
												diferenciados segundo sexo, 
												idade, nível de instrução e meio 
												de informação em que atua. 
												Assim, o mundo dos jornalistas é 
												um mundo dividido, onde há 
												conflitos, concorrência e 
												hostilidades. 
												O interessante é que a 
												concorrência, em vez de 
												diversificar, homogeneíza os 
												produtos jornalísticos. Podemos 
												questionar o porquê de tantas 
												diferenciações, ou até mesmo por 
												que a busca de diversificação 
												torna tudo uma massa homogênea. 
												Ora, a concorrência exerce sobre 
												os jornais e também sobre os 
												jornalistas as mesmas 
												restrições, as mesmas pesquisas 
												de opinião e até os mesmos 
												anunciantes. 
												Gostaria de tratar um pouco 
												dessa 
												"mentalidade-índice-de-audiência" 
												de que tanto nos fala Bourdieu, 
												que pode ser aplicada tanto aos 
												jornais escritos quanto à 
												televisão. Que nada mais é do 
												que a busca do sucesso 
												comercial.  
												Assim, no campo jornalístico, 
												o mercado é reconhecido como 
												instância legítima da 
												legitimação. A imposição de 
												objetos impostos ao público 
												porque se impõe aos editores. E 
												se impõem aos editores porque 
												são impostos pela concorrência 
												aos outros editores. Esse tipo 
												de pressão cruzada que os 
												jornalistas sofrem e exercem uns 
												sobre os outros é a geradora de 
												toda uma série de conseqüências 
												que se retraduzem por escolhas, 
												por ausências e presenças. 
												E a liberdade tão proclamada 
												na imprensa americana? Ou 
												melhor, liberdade de quem e para 
												fazer o quê? O que se percebe é 
												que o mundo jornalístico sofre 
												muitas tensões entre os que 
												desejariam defender os valores 
												da autonomia, da liberdade com 
												relação ao comércio, aos chefes 
												etc. e os que se submetem à 
												necessidade, e que são pagos em 
												troca. 
												O que percebi é que os 
												integrantes da Minnesota 
												Newspaper Association, um 
												subcampo do jornalístico, criou, 
												na verdade, um sistema de defesa 
												coletivo que – em universos em 
												que cada um luta pelo monopólio 
												de um mercado no qual não há 
												como clientes senão 
												concorrentes, e em que a vida é, 
												por conseqüência, muito dura – 
												permite que cada um se aceite a 
												si mesmo, ocultando os 
												subterfúgios ou as gratificações 
												compensatórias oferecidas pelo 
												meio. 
												O que percebemos é que a 
												história da imprensa americana, 
												suas vantagens garantidas pela 
												Primeira Emenda na verdade 
												conferem ao campo jornalístico 
												os argumentos suficientes para 
												evitar qualquer forma de 
												assumirem a responsabilidade 
												sobre suas ações – a 
												predominância da ética dos 
												valores absolutos. A melhor 
												forma de entender como esses 
												profissionais buscam agir quanto 
												a sua realidade.  
												O poder simbólico exercido 
												pelo peso e as situações 
												diferentes, quase sutis, que a 
												publicidade ganhou na imprensa 
												americana explica, em parte, 
												como o sistema da mídia deste 
												país funciona. Por outro lado, 
												este poder simbólico exercido 
												neste campo e, conseqüentemente, 
												o conformismo motivado pelos 
												vários motivos já apontados até 
												então explicam o porquê de tanta 
												relutância da existência de um 
												conselho para discutir a prática 
												jornalística. 
												A imprensa americana, assim 
												como a de vários outros países, 
												até do Brasil, não gosta de 
												conselhos, pois "não quer 
												ninguém olhando por cima de seus 
												ombros". Como se explica então a 
												existência do Minnesota News 
												Council?  
												Bem, o que percebemos é que 
												no campo jornalístico existem 
												subcampos. A imprensa americana 
												é gerida estadualmente. Os 
												conflitos, as contradições de 
												que falamos explicam a sua 
												existência. E, por outro lado, 
												sua limitada atuação, não 
												exercendo uma real ameaça à tão 
												propalada "liberdade de 
												imprensa" de outras localidades, 
												também pode contribuir para que 
												o MNC ainda exista. 
												O MNC é um subcampo 
												jornalístico de uma dada 
												realidade situada no tempo e no 
												espaço. Sem falar que uns dos 
												motivos que levaram alguns donos 
												de jornais a fazerem parte deste 
												conselho foram os altos custos 
												com processos judiciais 
												promovidos contra a imprensa. 
												Assim, podemos perceber que 
												um conselho bem gerido e com o 
												apoio dos principais jornais, 
												caso de Minnesota, podem 
												funcionar, mesmo que limitados, 
												e contribuir para uma imprensa 
												séria e de qualidade, mesmo que 
												limitado. No entanto, não 
												podemos auferir quanto a esses 
												conselhos se tornarem regra, 
												pois isso dependerá dos motivos 
												que possam levar ao exercício do 
												poder simbólico do campo 
												econômico sobre a imprensa.  
												Este caminho percorrido até 
												aqui foi necessário para 
												entendermos a existência de um 
												conselho num dada realidade 
												histórica e social e, 
												conseqüentemente, sua 
												eficiência. O conselho dos EUA 
												foi tomado como modelo devido à 
												influência do jornalismo 
												americano no brasileiro, a 
												partir da década de 60 (SILVA, 
												1991). Ora, se temos tantas 
												semelhanças e sofremos tanto o 
												peso do poder simbólico dos EUA, 
												talvez pudéssemos entender por 
												que no Brasil ventilou-se a 
												idéia de um conselho em 1988 
												(Constituição), e até hoje não 
												tenha sido concretizado.  
												Não busquei neste trabalho 
												propor um modelo ideal de 
												conselho, mesmo porque para isto 
												eu teria que compreender todos 
												eles a partir de um contexto 
												histórico e social em que estão 
												situados para fazer esta 
												proposição. Entender sua origem, 
												composição, funcionamento, pelo 
												menos ao meu ver, não é 
												suficiente, se não tiver como 
												pano de fundo o contexto 
												histórico e social. 
												Bem, o que propus foi saber 
												se eles funcionam e como 
												funcionam numa dada realidade 
												histórica. Ora, o que percebemos 
												é que podem funcionar, mas serão 
												limitados. Primeiro não têm 
												poder de coerção, dependem 
												basicamente do impacto que a 
												publicidade sobre a discussão de 
												uma reclamação pode causar num 
												dado jornal, de uma histórica 
												tradição, de uma região 
												específica.  
												
													
														
														
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														MENDES, Jairo Faria. 
														Ombudsman: o espaço para 
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														jornais. Na internet 
														(http://www.igutenberg.org/ombd24.html). 
														Atualizada em janeiro de 
														1999.  
														SODRÉ, Nelson 
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														Imprensa no Brasil. São 
														Paulo: Martins Fontes, 
														1983.  
													
												
												(*) Jornalista; especializada 
												em História pelo Departamento de 
												História da Faculdade de 
												Ciências Humanas e Filosofia da 
												Universidade Federal de Goiás. 
												Este texto foi inscrito no 
												núcleo de pesquisa Economia 
												Política e Políticas Públicas de 
												Comunicação no 25º Congresso 
												Brasileiro de Ciências da 
												Comunicação/Intecom 2002 – 
												Comunicação para a Cidadania  |