APROXIMAÇÃO
												
												O cineasta israelense Amos Gitai 
												traça interessante e até mesmo 
												desafiadora relação de problemas 
												pessoais com decisões políticas 
												em Aproximação, no qual 
												além de usar apurados recursos 
												de linguagem cinematográfica, 
												reúne quatro grandes estrelas: 
												Jeanne Moreau, Juliette Binoche, 
												Hiam Abbas e Barbara Hendrix, 
												esta cantando um tema de Gustav 
												Mahler.
												
												O roteiro, escrito por Gitai e 
												sua constante colaboradora 
												Marie-Jose Sanselme, tem 
												estrutura bem definida de 
												road movie, pois começa e 
												termina na estrada. A do início 
												é uma ferrovia pela qual 
												transita um trem de passageiros 
												em pleno território italiano. No 
												estreito corredor de um vagão se 
												encontram, e se enamoram, um 
												israelense Uli (Liron Levo), com 
												passaporte francês, e uma 
												palestina Hiam (Hiam Abbas), com 
												documentação holandesa.
												
												A ação se transfere então para a 
												cidade de Avignon, na França, 
												aonde Uli chega para assistir ao 
												enterro do seu pai adotivo, um 
												professor universitário, que 
												está sendo velado pela filha 
												legítima Ana (Juliette Binoche). 
												Gitai explora um magnífico 
												plano  sequência de Christian 
												Berger – indicado ao Oscar por 
												seu trabalho em A Fita Branca, 
												de Michael Hanecke - para 
												descrever o ambiente fúnebre, 
												pontuando-o pela voz e pela 
												imagem de Barbara Hendrix, 
												admirável soprano negra 
												americana, que adotou a 
												cidadania sueca, cantando a 
												canção de Mahler.
												
												Evidencia-se, pelo diálogo, a 
												relação conflituosa que havia 
												entre os filhos e o pai, assim 
												como a atração sexual que sente 
												Ana – pronta a se divorciar do 
												marido a quem não ama - por Uli, 
												soldado do exército israelense, 
												que há muito tempo não via, mas 
												não é por ele correspondida. Uli 
												não aceita dormir no quarto que 
												ela lhe mandara preparar na 
												residência, preferindo ir se 
												alojar num albergue, onde dorme 
												em meio a uma gente estranha e 
												desconhecida. Mas recebe, ao 
												lado de Ana, as honras fúnebres 
												prestadas ao pai pelas 
												autoridades da cidade.
												
												Ao saber que, pelo testamento, o 
												pai nada deixara para Uli, a não 
												ser um carro, Ana tenta 
												falsificar o documento de forma 
												a lhe outorgar uma parte dos 
												bens. Ela, entretanto, é logo 
												demovida de seu intento pela 
												advogada do pai, Françoise 
												(Jeanne Moreau), também velha 
												amiga da família. Esta, com 
												autoridade, lhe revela haver o 
												falecido condicionado o 
												recebimento por ela da herança 
												ao reencontro com a filha, Dana 
												(Dana Ivgy), abandonada em 
												criança, que vive, como 
												professora primária, no 
												assentamento da Faixa de Gaza, 
												prestes a ser desocupado pelas 
												forças israelenses.
												
												Diante disso, Ana insiste em 
												acompanhar Uli na longa viagem 
												de volta a Israel, pois tem ele 
												a incumbência de liderar o 
												destacamento militar, que irá 
												promover a retirada dos 
												fanáticos religiosos assentados 
												no território, reivindicado 
												pelos palestinos. Com muita 
												habilidade técnica, Gitai vai 
												atenuando, aos poucos, as 
												questões pessoais para dar mais 
												relevância ao sibilante problema 
												político. E ele o faz a partir 
												de um longo plano, de efeito 
												significativo, que focaliza Ana 
												em frente ao casco negro de um 
												navio, tendo a echarpe, 
												envolvida ao pescoço, sendo 
												agitada pelo vento.
												
												A começar de Liron Levo, ator 
												regular dos filmes de Gitai, e 
												por ele destacado talvez em 
												demasia, como na cena do 
												acampamento, todos os 
												integrantes do elenco exibem 
												atuações memoráveis. Hiam Abbas, 
												que aparece apenas no breve 
												episódio do trem de ferro, está, 
												como sempre, esplêndida.  Jeanne 
												Moreau, impecavelmente bem 
												vestida, marca com sua 
												magnetizadora presença, um 
												momento de extrema importância 
												para a evolução do argumento da 
												película – exibida no Festival 
												de Veneza -, embora de curta 
												duração. E Juliette Binoche 
												brilha intensamente, como a 
												desestruturada Ana, tanto na 
												cena em que ela tenta seduzir o 
												irmão Uli, como na do reencontro 
												com Dana, a filha, em meio ao 
												burburinho da desocupação de 
												Gaza, em que ambas se abraçam 
												forte e ternamente.
												
												
												
												REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
												ROTEIRO, Brasília, Revista
												
												
												
												www.theresacatharinacampos.com
												
												
												www.arteculturanews.com
												
												
												www.noticiasculturais.com
												
												
												www.politicaparapoliticos.com
												
												
												www.cafenapoltica.com.br
												
												FICHA TÉCNICA
												APROXIMAÇÃO
												DISENGAGEMENT
												
												França, Alemanha, Itália e 
												Israel - 2007.
												Duração – 118 minutos
												Direção – Amos Gitai
												Roteiro – Amos Gitai e Marie 
												Jose Sanselme
												Produção – Amos Gitai, Laurent 
												Truchot, Michael Tapuach
												Fotografia – Christian Berger
												Trilha Sonora – Simon 
												Stockhausen
												Edição – Isabelle Ingold
												
												Elenco – Liron Levo (Uli), 
												Juliette Binoche (Ana), Jeanne 
												Moreau (Françoise), Hiam Abbas (Hiam), 
												Barbara Hendricks (Barbara), 
												Dana Ivgy (Dana).