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														LOPE 
														
														  
														
														
														É evidente 
														que o brasileiro 
														Andrucha Waddington 
														tinha pouco a dizer, em
														Lope, sobre as 
														aventuras e desventuras 
														de Félix Arturo Lope de 
														Vega y Carpio, 
														dramaturgo do  século 
														XVI - considerado a era 
														 de ouro da cultura 
														espanhola pelo 
														predomínio do barroco -, 
														um dos mais prolíficos 
														escritores que o mundo 
														conheceu. 
														 
														Mesmo se 
														baseando num roteiro 
														elaborado por espanhóis 
														– Jordi Gasull e Ignácio 
														del Moral -, que 
														focaliza apenas um 
														episódio da juventude de 
														Lope (Alberto Ammann), 
														quando ele retorna da 
														guerra em Portugal, 
														perde a mãe Paquita 
														(Sonia Braga) e se 
														endivida para fazer um 
														funeral de luxo para 
														ela, com brasão, etc. e 
														tal, Waddington, 
														demonstrando insegurança 
														na abordagem do tema, 
														apela para o 
														convencionalismo mais 
														desbragado. 
														 
														Não há 
														dúvida de que a 
														ambientação – de 
														Federico Ghio e Isabel 
														Viñuales -  em que ele 
														situa a história é 
														apreciável em termos de 
														observância da desolação 
														causada, no meio social, 
														pela crise econômica que 
														assolava a Espanha. 
														Falta , porém, conexão 
														entre as personagens e 
														as ideias que mais 
														sensibilizavam a 
														população no que diz 
														respeito, 
														particularmente, à arte 
														cênica, gozando então de 
														pleno prestígio popular. 
														 
														Assim, 
														quando o irmão Juan de 
														Vega (Antonio de la 
														Torre) propõe a Lope que 
														ingresse no seminário, 
														ele se decide, ao 
														contrário, pelo teatro, 
														onde – é claro – havia 
														muitas mulheres, que já 
														o perturbavam. Escreve a 
														primeira comédia, que 
														espera ser lida pelo 
														produtor Jerónimo 
														Velázquez (Juan Diego). 
														Como qualquer produtor 
														teatral, porém, 
														Velázquez não quer saber 
														de um novo dramaturgo. 
														Recusa-se a recebê-lo. 
														Mas a filha dele, Elena 
														Osório (Pilar López de 
														Ayala), sensibilizada 
														pelos versos que Lope 
														lhe dissera  ao pé do 
														ouvido, consegue as boas 
														graças do pai para 
														ler-lhe o texto. 
														 
														À primeira 
														leitura, Velázquez se 
														entusiasma e contrata 
														Lope, não para montar a 
														sua comédia, mas como 
														copista do drama O 
														Cerco de Numância, 
														de Cervantes. Ao copiar 
														o texto, entretanto,  
														Lope introduz, nele, 
														modificações que 
														marcariam o início da 
														reforma a ser por ele 
														proposta, mais tarde, – 
														a Arte Nova de Fazer 
														Comédias – a fim de 
														romper com a tradição 
														clássica do teatro. 
														Entre outras novidades, 
														Lope propunha a mescla 
														de gêneros (tragédia e 
														comédia) numa narrativa, 
														o que causa repulsa ao 
														conservador Velázquez, 
														tal como está no 
														roteiro. 
														 
														É sob esse 
														aspecto  que o tom da 
														linguagem de Waddington  
														nada tem a ver com Lope 
														de Vega., que expressou 
														em seus escritos muito 
														do que ele era, agia e 
														pensava. Para narrar, 
														por exemplo, o 
														envolvimento do 
														dramaturgo com Elena 
														Osório e com Isabel de 
														Urbina (Leonor Watling), 
														já prometidas a dois 
														nobres poderosos – Tomás 
														de Perrenot (Miguel 
														Angel Muñoz) e Marqués 
														de Navas (Selton Mello) 
														-, a ironia teria de, 
														necessariamente 
														prevalecer, mas não é o 
														que acontece. Waddington 
														mergulha o protagonista 
														num redemoinho de 
														acontecimentos, 
														colocando-o 
														aparentemente como 
														vitima, quando, sendo 
														comediógrafo, ele era o 
														agente contestador da 
														realidade que o cercava, 
														mesmo a provocada por 
														suas conquistas amorosas 
														e, como tal, batia 
														sempre  em retirada para 
														salvar a  própria pele. 
														 
														Em vista 
														disso, é equivocada a 
														linha de interpretação 
														dada por Waddington aos 
														atores. O argentino 
														Alberto Ammann é, sem 
														dúvida, o mais 
														prejudicado na sua 
														tentativa de 
														personificar Lope.  
														Ainda assim, experiente, 
														ele consegue convencer 
														em alguns momentos. A 
														bela Pilar Lopes de 
														Ayala, como Elena 
														Osório, tem atuação 
														pouco inspirada, 
														deixando de repetir, 
														portanto, o seu bom 
														desempenho como a 
														protagonista de Juana 
														La Loca, de Vicente 
														Aranda. Leonor Watling, 
														como Isabel de Urbina, é 
														pouco expressiva e Luis 
														Tosar, como Frei 
														Bernardo, apenas faz 
														figuração, o mesmo 
														acontecendo com os 
														brasileiros Sônia Braga 
														– irreconhecível sob a 
														maquiagem, no papel da  
														moribunda Paquita – e 
														Selton Mello, como o 
														Marqués de Navas. 
														 
														REYNALDO DOMINGOS 
														FERREIRA 
														ROTEIRO, Brasília, 
														Revista 
														 
														
														
														
														www.thresacatharinacampos.com 
														
														
														www.arteculturanews.com 
														
														
														www.noticiasculturais.com 
														
														
														www.politicaparapoliticos.com.br 
														
														
														www.cafenapolitica.com.br 
  
														
														FICHA 
														TÉCNICA 
														
														LOPE 
														
														
														Espanha/Brasil/2010 
														
														Duração – 
														106 minutos 
														
														Direção – 
														Andrucha Waddington 
														
														Roteiro – 
														Jordi Gasull e Ignacio 
														del Moral 
														
														Produção 
														– Mercedes Garnero, 
														Jordi Gasull, Andrucha 
														Waddington 
														
														
														Fotografia – Ricardo 
														Della Rosa 
														
														Trilha 
														Sonora – Fernando 
														Velázquez 
														
														Edição – 
														Sérgio Melder 
														
														Elenco – 
														Alberto Ammann (Lope de 
														Vega), Pilar Lopes de 
														Ayala (Elena Osório), 
														Leonor Watling (Isabel 
														de Urbina), Sônia Braga 
														(Paquita), Juan Diego 
														(Jerónimo Velázquez), 
														Luis Tosar (Frei 
														Bernardo), Miguel Angel 
														Muñoz (Tomás de 
														Perrenot), Selton Mello 
														(Marqués de Navas)  | 
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