Theresa Catharina de Góes Campos

  ELOGIE DO JEITO CERTO


Por Marcos Meier

Recentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste
muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média
dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas.
Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida,
foram divididas em dois grupos.

O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. "Uau, como você é
inteligente!", "Que esperta que você é!", "Menino, que orgulho de
ver o quanto você é genial!"... e outros elogios à capacidade de
cada criança.

O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. "Menina, gostei de ver o
quanto você se dedicou na tarefa!", "Menino, que legal ter visto seu
esforço!", "Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou,
até conseguir, muito bem!"... e outros elogios relacionados ao
trabalho realizado e não à criança em si.

Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à
primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram
obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem
qualquer tipo de consequência.

As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das
crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As
crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as
crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.

A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar
nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que
possam ser desagradáveis. As crianças "inteligentes" não querem o
sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois
isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. "Se eu não
conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente". As
"esforçadas" não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não
consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos
casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular,
enquanto aqueles jovens "médios" obterem a vitória. Os inteligentes
confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar
adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente
preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais,
resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada
uma das disciplinas.

No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares,
nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética.
Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito,
adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se
consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de
cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir
assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao
comportamento esperado.

Nossos filhos precisam ouvir frases como: "Que bom que você o
ajudou, você tem um bom coração", "parabéns, meu filho, por ter dito
a verdade apesar de estar com medo... você é ético", "filha, fiquei
orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de
tê-la excluído como algumas colegas fizeram... você é solidária",
"isso mesmo, filho, deixar seu primo brincar com seu video game foi
muito legal, você é um bom amigo". Elogios desse tipo estão
fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança
que tenderá a repeti-los. Isso não é "tática" paterna, é
incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual.
"Que linda você é, amor", "acho você muito esperto, meu filho", "Como
você é charmoso", "que cabelo lindo", "seus olhos são tão
bonitos". Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em
comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e
interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão
fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e "charminhos". Quando
adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a
fragilidade emocional estará presente.

Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como
carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os
derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas
grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da
terra fértil.

Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa
postura firme e carinhosa.
Marcos Meier é mestre em Educação, psicólogo, professor de
Matemática e especialista na teoria da Mediação da Aprendizagem em
Jerusalém, Israel.

De: Tereza Lúcia Halliday
Data: 6 de junho de 2011 18:19
Assunto: Re: ELOGIE DO JEITO CERTO
Para: Theresa Catharina de Goes Campos



Texto digno de repassar amplamente.
Grata pela excelente seleção.
Beijo, Tereza Lúcia.


De: se fariasdemenezes
Data: 7 de junho de 2011 15:49
Assunto: RE: ELOGIE DO JEITO CERTO
Para: theresa.files


Theresita, gostei muito do artigo "Elogie do Jeito Certo".Beijos. Sé
 

 

Jornalismo com ética e solidariedade.