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								HABILITAÇÃO PARA A CONVIVÊNCIA 
								 
								Tereza Halliday – Artesã de Textos 
								 
								Iniciamos o ano de 2012 com mais de sete bilhões 
								de habitantes na Terra. A contagem é do Fundo de 
								População das Nações Unidas. Se qualquer coisa 
								na casa do bilhão já é desmesurada, que dirá 
								gente! É de fazer pensar no alívio de um 
								eremitério. Mas, com raras exceções, somos seres 
								gregários. Inventamos até a convivência virtual 
								pela Internet, para nos precaver contra a 
								solidão, ou minorá-la. Mesmo assim, sete bilhões 
								de cohabitantes... é dose! 
								 
 Não vou começar o ano ventilando problemas demográficos e ecológicos 
								gerados por esse montante assombroso: o consumo 
								e descarte das coisas consumidas - de comida a 
								equipamentos eletrônicos e plásticos que levam 
								séculos para desintegrar. Problemas à espera de 
								nossa competência, bom senso e esforços, após a 
								ressaca do Réveillon. 
								 
 Não obstante, uma reflexão é cabível neste novo ano, que começou num 
								domingo, celebrando o Dia Mundial da Paz e o Dia 
								da Fraternidade Universal: como conviver em paz 
								com tanta gente? Como desenvolver, de fato, o 
								sentimento de fraternidade universal? O velho 
								Sartre dizia: “O inferno são os outros” – 
								afirmativa comprovada em vários espaços privados 
								e públicos. Mas, sem convivência, o bebê humano 
								morre e o adulto definha. Então o aprendizado da 
								convivência fraterna deveria ser prioridade 1. 
								 
 Se o bebê/criança é tratado com gentileza ele/ela aprende a ser gentil. Se 
								é tratado com respeito, aprende a respeitar. Se 
								uma das formas de amor que ele recebe é ter 
								limites no que pode fazer e dizer, aprende que o 
								mundo não é só dele nem foi feito apenas para 
								ele. Ao assimilar gentileza, respeito e limites, 
								torna-se apto a conviver bem e para o Bem. 
								 
 Somos sete bilhões de diferentes a precisar do respeito às nossas 
								diferenças. Sete bilhões de iguais desafiados a 
								praticar a igualdade de direitos e deveres 
								inerentes à nossa categoria “Humano” – a única a 
								prevalecer. As demais (religiosas, políticas, 
								étnicas) só alimentam complexos de 
								superioridade. Viver em paz uns com os outros, 
								compartilhar, cooperar – eis o desafio e a 
								premência – na família, condomínio, igreja, 
								escola, empresa; na rua, nas fronteiras. Ah! 
								Respeitar fronteiras da alma e do território, 
								mas sem fazer delas muralhas. 
								 
 Sete bilhões de terráqueos! É muita gente carecendo, gastando, abusando, 
								sofrendo, querendo ser feliz. Sete bilhões de 
								paridos cheios de necessidades e desejos. É 
								muito desafio para um só planeta! Que seria de 
								nós se não fosse a esperança, renovada a cada 
								janeiro? 
								 
								(Diário de Pernambuco, 02/01/2012, p.A-11) 
								 
 Tereza Lúcia Halliday, Ph.D. 
 Artesã de Textos 
								Que crônica objetiva, humana e pragmática - 
								e, no título, o cerne , o âmago de toda a 
								questão. Que precisão no alvo! Parabéns e muito 
								obrigada por me enviar o texto para publicação 
								também nos meus sites. No jornal Diário de 
								Pernambuco, houve o destaque da ilustração. 
								Beijos de Therezita 
								 
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								Therezita: 
								Muito grata por seu incentivo. 
								Você sabe bem, no métier de escrever, às vezes 
								uns textos dão mais certo do que outros. 
								 
								(...) 
								 
								Muito sábias as suas considerações sobre a 
								passagem/presença das pessoas na vida da gente e 
								em como nada devemos esperar nem exigir. 
								 
								Saúde, Segurança e Serenidade continuem sendo 
								suas companheiras em 2012. 
								 
								Com carinho, 
								Tereza Lúcia.  | 
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