| 
	
		
			|  |  |  |  
			| 
							
								|  | SEGREDOS, de LUIZ DIAS BAHIA 
 Muito obrigada, prezado Luiz, por seu 
										e-mail e, de novo, lhe agradeço o envio 
										de " Segredos ", coletânea de poemas de 
										sua autoria. Quando lhe escrevi pela 
										primeira vez, já havia manifestado os 
										meus comentários, porque a resposta foi 
										elaborada somente depois que li todas as 
										poesias incluídas na obra.
 
 Assim, repito as observações: (...) uma 
										bela oferta de sua parte - o livro 
										"Segredos", muito bem apresentado (capa 
										e contracapa evocativas suaves de 
										paisagens), trazendo poemas originais e 
										modernos, de rico vocabulário. Parabéns 
										pela obra, que também traz um suave - 
										mas pungente - momento de prosa lírica. 
										E posso detalhar, atendendo ao pedido de 
										você... Nem sempre, entretanto, lhe digo 
										isso com a mesma sinceridade dos 
										comentários anteriores, apreciei a 
										crueza realista-surrealista de alguns 
										versos, nem a constatação de que 
										recorreu a palavras vulgares.
 Entre os poemas de que gostei, destaco 
										"Rio Jequitenhonha", pelas idéias 
										precisas, apresentadas em ritmo que 
										aumenta o lirismo evocativo das imagens, 
										numa precisão burilada com aparente 
										espontaneidade. Outro destaque eu faço: 
										os versos finais da poesia dedicada a 
										Ferreira Gullar - "Mina de Morro Velho", 
										com perguntas objetivas e concisas, 
										apesar de não aguardarem uma resposta 
										exata: "sobrará remorso/a mover a sombra 
										nas varandas ?/amargura/ a descorar sem 
										alarde os móveis?// sobra-nos, 
										talvez,/um dia antes do próximo? /// 
										Registro, ainda, outra preferência 
										pessoal, que assinala a missão e o drama 
										de quem se vê diante da inspiração que 
										vem e foge, ao compor , escrever poesia: 
										"um poema no poema/de buscar/enquanto a 
										letra/escapa.//" ("Encontro").
 
 Pela correspondência que trocamos, eis 
										que ambos concordamos sobre o que você 
										me definiu como questão essencial:
 
 "O problema fundamental de um escritor, 
										como me parece, é conhecer a impressão 
										do que fez em outros e sair de sua 
										autoapreciação. Alguém poderia escrever 
										algo sensacional para si mesmo, e isso 
										nada dizer aos outros. O escritor, para 
										mim, busca o outro como destino de seu 
										trabalho. Se essas partes foram 
										significativas para você, elas passam a 
										ser mais significativas para mim do que 
										foram, quando escrevi. Que continuemos a 
										manter contatos em torno de literatura 
										e, quando acontecer, a nos conhecermos 
										pessoalmente."
 
 Que você continue produzindo e 
										publicando a sua obra. Porque estará 
										partilhando com os leitores os seus dons 
										- revelados nos trabalhos comoventes de 
										poeta.
 
 Theresa Catharina de Góes Campos
 Brasília-DF, 02 de abril de 2012
 |  |  |  |