Theresa Catharina de Góes Campos

  TELEMARKETING: INVASÃO DE DOMICÍLIO

Tereza Halliday – Artesã de Textos

Estava eu “posta em sossego”, como a famosa Inês de Castro, quando me estragaram o merecido cochilo terapêutico, após horas de trabalho no computador. Muitas pessoas jurídicas se apossaram do meu número de telefone residencial a fim de perpetrar o assédio comercial que atende pelo nome de telemarketing. Meu descanso, refeições, leituras, horas de trabalho em casa sofrem ruptura por parte de uns “sem noção”, que sabem muito bem o que estão fazendo. Como a Inês do poema de Camões, também sou inditosa, porque vítima dessa invasão de domicílio travestida de legitimidade: o telemarketing.

Se e quando eu estiver interessada, buscarei a informação. Oferta comercial por telefone residencial é desrespeito ao “sagrado recesso do lar”. Entre os assediadores mais importunos estão os Bancos. Antigamente, banco prestava serviços. Hoje, empréstimo, abertura de conta, investimento, poupança não sei das quantas, é tudo chamado de “produtos”, oferecidos ao telefone como se fossem dádivas dos deuses. E o meu sossego é afanado. Em tempo de campanha eleitoral, piorou, graças aos marqueteiros políticos, que também desrespeitam a privacidade dos telefones residenciais. Atendo ao toque e uma voz gravada emite: “Sou Fulano e peço um minuto da sua atenção”. Não dei. Se estivesse considerando votar nele, não votaria mais. Horas depois, outro aspirante ao emprego de vereador tentou seduzir-me como eleitora. Mas a gravação estava toda enrolada, truncada, incompreensível. Bem feito! Quem manda invadir o domicílio alheio abusando da tecnologia telefônica?

Se atendo ao telefone da minha casa é, unicamente, na expectativa de assunto pessoal: necessidades de uma mãe idosa, confirmação de consulta médica, parente pedindo informação, voz de amigo a temperar meu dia com uma pitada de carinho. Respeito os telefonistas propagandistas, pobres assalariados num emprego muito estressante. Renego o campo que lhes dá emprego – o tal do telemarketing - por desrespeitar a privacidade do espaço onde se situa um telefone residencial. Deveria haver um cadastro de cidadãos que não queiram contatos via telemarketing. Quem constasse dele, estaria protegido de ser infernizado por papo de vendedor ao pé do ouvido. Outro dia, recebi mensagem escrita em meu celular: “Por determinação da Anatel, se não quiser receber mensagens desta operadora, envie SMS indicando “Sair”. Taí uma determinação sensata! Coloquem-na em prática nos telefones fixos residenciais, valendo para qualquer empresa.
(Diário de Pernambuco, 09/10/2012)

De: guilherme jose campos barros
Data: 10 de outubro de 2012 08:04
Assunto: RE: TELEMARKETING : INVASÃO DE DOMICÍLIO - Tereza Halliday
Para: Therezita Campos


Excelente matéria!!
Eu e Adriana, praticamente, não atendemos mais o nosso telefone residencial !
Beijos!! Guilherme

 

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