Theresa Catharina de Góes Campos

  FALTA UM INGREDIENTE NA DIETA

Tereza Halliday – Artesã de Textos

Vegetarianos de todas as categorias têm, pelo menos, três razões para não comer carne: motivos de saúde – vários estudos médicos apontam melhora na qualidade de vida quando se exclui carnes do cardápio; motivos ecológicos - a criação de rebanhos para produção de carne é altamente danosa ao meio-ambiente; e motivos éticos - não querem ser coniventes com o abate doloroso de animais para consumo, sacrificados em massa pelo bem da nutrição e da gastronomia. Os veganos, além da dieta vegetariana, procuram também afastar-se, o quanto podem, de produtos derivados de animais (artefatos de couro, p.ex.).

Por mais corretos e bem intencionados que o vegetariano e o vegano estejam, esquecem de que os vegetais – seres vivos – também são sacrificados para consumo. Segundo o paradigma da Física Quântica, “somos todos um” com o universo e tudo o que nele existe. Tudo na Terra é ser vivo e inter-relacionado, comungando de uma mesma matriz energética: pedra, água, planta, animal, gente. Tomemos a cenoura como exemplo dos demais vegetais comestíveis: também sofre violência, como os animais abatidos para consumo humano. Arrancada da terra com puxão ou lâminas de trator, cortada em pedaços com faca; ralada, picada, dilacerada ou morta por cocção, em água fervente. Crua ou cozida, tem pele, nervos, polpa, estraçalhados pela mastigação humana. Ou seja, quem não come carnes também precisa matar seres vivos para se alimentar ou deleitar-se gustativamente.

Fazer uma hierarquia entre os chamados “reinos da Natureza” - mineral, vegetal, animal - já não se sustenta à luz da Física Quântica: matéria é energia e a energia permeia tudo o que habita o planeta – o que acontece em um componente do universo afeta todos os outros. Os nervos do peixe, galinha, couve ou cenoura, levam-lhes prazer ou dor. Até as pedras sentem, à luz de novos estudos energéticos. Os humanos sempre imolaram minerais, vegetais e animais para sobreviver, recorrendo aos processos rudimentares do tempo das cavernas ou aos modernos laboratórios e cozinhas. Não estou fazendo a apologia do carnismo, apenas proponho ver o ato de comer sob o ângulo do respeito por tudo o que se come – de cápsulas de zinco a ovos.

Um sábio me alertou: o cerne da questão não é se abster de carne, ou deixar de sacrificar uma cenoura ou um peixe. A verdadeira comunhão com o universo é consumir tudo com moderação e reverência. No momento de comer, ter consciência de que tudo o que se come vem de um sacrifício em benefício do comedor. E ser grato a tudo o que se transformou em comida, assim como a quem a preparou. Mas, com os iphones, ipads, ipods e ipuds da vida, quem tem tempo para essa reverência? Sou otimista: se chegamos a tais píncaros tecnológicos, podemos atingir píncaros de sensibilidade. Coloquemos Reverência na dieta.

(Diário de Pernambuco, 22/10/20

De: guilherme jose campos barros
Data: 23 de outubro de 2012 12:41
Assunto: RE: prioridade máxima)) FALTA UM INGREDIENTE NA DIETA - Tereza Halliday
Para: Therezita Campos

Excelente Artigo!!

 

 

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