Theresa Catharina de Góes Campos

 

BLADE RUNNER - o Caçador de Andróides
Theresa Catharina de Góes Campos 
BLADE RUNNER (Blade Runner - EUA, 1982 - 125 min. - de Ridley Scott) é o MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA, dizem os melhores cientistas do mundo.


Em pesquisa publicada ontem, "The Guardian" divulgou que os 60 (sessenta) dos mais importantes cientistas do mundo, consultados pelo jornal britânico, afirmaram que "Blade Runner - o Caçador de Andróides " (1982) é o melhor filme de ficção científica já realizado, em todos os tempos.

Stephen Minger, biólogo do King´s College, em Londres, especializado em células-tronco, explicou:

"Blade Runner" se adiantou muito a seu tempo; e a premissa toda da história - o que é ser humano, quem somos, de onde viemos - retoma questões eternas.

O filme "Blade Runner" tem duas versões: a original, lançada em 1982 pela Warner Brothers e renegada pelo diretor Ridley Scott (não gostava da narração em "off" do personagem de Harrison Ford, colocada no trecho final do filme), que fez severas críticas aos cortes e à edição da película); e uma outra, lançada em 1993, a versão aprovada pelo diretor. 

Procure e assista à versão lançada originalmente nos cinemas em 1982, mais profunda e reflexiva.

(Atenção: meus comentários se referem à primeira versão conhecida pelo público- e preferida por mim-, com a narrativa de Harrison Ford, e o belíssimo travelling final, que transmite um sentimento menos pessimista; portanto, não trato, aqui, da versão original do diretor, somente depois encontrada. Em 2007, houve o lançamento mundial dessa versão original de Ridley Scott, em cópia de excelente qualidade. 

Os temas e personagens, as cenas românticas continuam se destacando no roteiro de Blade Runner, ainda seminal e atualíssimo na estética e nas reflexões críticas.)

 No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e semelhante em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, esse incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, entretanto, isso não é chamado de execução, e sim, de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) recebe a missão de caçá-los. 
 

Gênero: ficção científica; história policial, com suspense e ação; o desenvolvimento da engenharia genética; questões filosóficas; drama e romantismo.

Roteiro: Hampton Francher e David Webb Peoples

Gênero: ficção científica, drama, suspense e romantismo.

Elenco:- Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young,
Daryl Hannah, Edward James Olmos, Joanna Cassidy, M. Emmet Walsh

Produção: Michael Deeley

Filme especialíssimo, sucesso no cinema, nas locadoras de vídeo, entre os críticos, nas pesquisas de opinião e nas lojas de discos (trilha sonora), Blade Runner - o Caçador de Andróides (Blade Runner - EUA, 1982 - 125'- de Ridley Scott, com música original de Vangelis) é uma obra-prima de imagens, sons e palavras. CINEMA em toda a sua beleza plástica. Uma aula de cinematografia e de reflexão crítica sobre a vida: ontem, hoje e amanhã.

Com ação e suspense característicos de histórias policiais, este filme seminal é, não só uma linda narrativa romântica, mas um debate filosófico íntimo sobre a importância dos sentimentos e das emoções. 
Em Los Angeles, em pleno século XXI, um ex-policial (afirmando "não querer mais matar...") vê-se obrigado a perseguir e aniquilar cinco andróides ou replicantes que, de tão perfeitos, são quase impossíveis de se distinguir dos seres humanos. "Surpreendente pelo seu toque trágico e existencial", foi indicado para o OSCAR de 1983, na categoria de efeitos especiais. Trata-se de um filme de alta qualidade, pois exige do público uma atitude positiva de questionamento em nível superior e até de pós-graduação. A magia de suas imagens, o mistério de suas perguntas fundamentais sobre a existência humana e, sobretudo, a excelente combinação forma-conteúdo (cenas criativas, sonoplastia atraente, interpretação comovente, diálogos marcantes, a beleza dos momentos de amor), tudo, enfim, nesta obra, justifica o cinema admirado como arte e instrumento permanente de conscientização.

Apesar das cenas de violência, é um filme pró-VIDA, pró-sentimentos; a favor da solidariedade e do amor. Inspirado no romance de Phillip K. Dick (a quem foi dedicado, in memoriam). "Não sei por que ele me salvou. Talvez porque, nos últimos momentos, ele amasse a vida mais do que nunca. Não somente a sua vida. A de todos. A minha vida."

Do diretor inglês Ridley Scott ( o mesmo de "Alien", "A Lenda", "Os Duelistas", "Perigo na Noite", "Chuva Negra" e "Thelma e Louise"), eis uma obra cinematográfica para ser vista e apreciada (partilhada e amada) muitas e muitas vezes. Uma advertência sobre o "progresso" científico. Uma discussão sobre valores morais, sociais e individuais, a ser debatida no íntimo de cada um. Um grito de alerta sobre um "futuro" bem próximo de nós, em que a "ciência", ignorando os sentimentos e a consciência individual, se mostra desumana, desenfreada e lucrativa. Aliás, a mensagem maior está, principalmente, na salvação pelo amor, que vence todos os obstáculos, as dúvidas e a violência. Que filme espetacular! E achamos mais espetacular - e intrigante- a cada vez que o repetimos! Se eu só pudesse escolher um único filme para exibir e debater, eu escolheria "Blade Runner"... apesar de conhecer dezenas de outros filmes mais bonitos, mais interessantes e agradáveis de se assistir. Escolheria o "Caçador de Andróides" porque "mexe" com a nossa cabeça e desencadeia o pensamento filosófico, fazendo-nos refletir sobre temas essenciais e sempre atualíssimos. Na minha opinião, a cada dia que passa, a mensagem de "Blade Runner" será cada vez mais significativa e urgente.

No elenco, estão: Harrison Ford (da trilogia "Guerra nas Estrelas", "Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida", "A Testemunha", "Uma Segunda Chance", "A Costa do Mosquito", "Busca Frenética", "Jogos Patrióticos", "Secretária do Futuro", "O Fugitivo", "Seis Dias, Sete Noites" e outros); Sean Young ("Duna", "Sem Saída", etc.); Ruthger Hauer ("O Feitiço de Áquila", "A Conquista Sangrenta", "A morte pede carona", "Os Falcões da noite", etc.); Daryl Hannah ("Roxanne", "Wall Street", etc. ).

Mas, afinal, o que nos diz este filme perturbador, inquietante e envolvente, a nos sacudir da cabeça aos pés, de dentro para fora e do exterior ao mais profundo de nossa alma?

* Nenhum engenho, por mais aperfeiçoado que seja, pode substituir o ser humano. Se a "substituição" ocorre, o que aconteceu com o ser humano?!

* Os sentimentos, as emoções constituem a característica mais humana, o sinal identificador que nos diferencia das máquinas e de outros seres diversos.

* Vivendo, quotidianamente, com a angústia e o medo, as circunstâncias de nossa mortalidade, descobrimos que a vida se nos apresenta como um recinto sombrio, tenebroso, artificial e violento; e perdemos o entusiasmo pelo cotidiano e até mesmo a vontade de agir profissionalmente; e nos isolamos; e recorremos à bebida, aos diálogos insinceros, desistindo de entabular uma conversação que valha a pena ser começada...

* Nesse contexto tão aterrador, de repente, a amizade e o amor se revelam como eventos absolutamente extraordinários e, sobretudo, redentores, porque a sua força, suave, afetuosa tem o potencial de nos resgatar da inércia e da solidão, transformando a nossa existência, por mais deprimente que a situação nos pareça, libertando-nos das restrições que nos amarguram...

* E a amizade e o amor, assim como a verdade, nos libertam e nos conduzem mais alto, a paisagens onde reina a esperança das árvores.

* Amando e confiando, somos capazes de enfrentar as perguntas que antes não ousávamos formular, mas que devem ser colocadas diante de nós, seres humanos e, portanto, capazes de perguntar, escolher e AMAR.

* Que pode existir de mais precioso e criativo do que a vida?

* No entanto, como viver sem a presença do ser amado? E como é difícil se aceitar a morte! Principalmente, a morte de quem amamos acima de tudo e de todos...

* E a pergunta volta a nos incomodar, a nos inquietar: que existe de mais precioso ou superior à vida?

* A amizade; o amor... pois há momentos decisivos, transfiguradores de nossa existência, em que tais sentimentos se revelam com tal poder e sinceridade que a morte não mais assusta... e a vida, tão preciosa, é oferecida,consciente e voluntariamente, com amor e convicção, em troca da vida de outrem.

* Antes de se iniciar uma "caçada a andróides", é preciso ter coragem de empreendermos uma caçada ao íntimo de nós mesmos e, conhecendo a nós mesmos, em toda a dimensão do ser humano, chegamos, afinal, a compreender, à luz da reflexão, a diferença fundamental entre andróide e pessoa humana: o amor é, antes de tudo, um ato de fé e coragem.

A LIÇÃO DO CAÇADOR DE ANDRÓIDES

Poema de Theresa Catharina de Góes Campos, inspirado no filme "BLADE RUNNER - o Caçador de Andróides (Blade Runner - EUA, 1982 - 125 min. - de Ridley Scott) - uma fábula para o século XXI, um filme para pessoas inteligentes e responsáveis.

 

As imagens, os sons e as palavras do cinema-fábula,

 lenda e saga futurista,

 cintilante de beleza plástica e filosófica

 provocaram uma reflexão crítica sobre a vida: ontem, hoje e amanhã.

Com ação e suspense de conto policial,

* este filme especialíssimo narrou uma história de amor

* cintilante de sentimento e emoção.

* No labirinto mágico do coração-mundo,

* nas sombras das luzes diurnas da cidade-universo

* e no mistério de suas perguntas essenciais

* sobre a razão e o destino da existência humana,

* embora reprimido, rejeitado e amedrontado,

* o amor se impôs finalmente...

* derrubando a frieza e a desilusão,

* a desmotivação e o desinteresse,

* o choro escondido, o terror disfarçado,

* o amor se impôs...

* abriu os lábios, os braços, as mãos;

* juntou os olhos, uniu os corpos, humanizou, SALVOU.

* A melodia inebriante do sentimento

* dobrou a força esmagadora

* e sacudiu as ilusões do progresso amoralmente cego.

* O amor destruiu a teia do desencanto,

* enfrentou as dúvidas e o desconhecido.

* Perturbador, inquietante e envolvente,

* o amor se impôs...

* atingindo as camadas mais profundas da alma em coma;

* identificando e diferenciando, movendo, transformando,

* o amor se impôs... e resgatou os sentimentos aprisionados.

* O mundo tenebroso, artificial e violento

* deixou de ser aceitável, pois o amor o rejeitou.

* Num contexto aterrador, o amor contestou...

* e venceu. Ressuscitou. Calou a descrença.

* Como evento extraordinário e redentor,

* o amor resgatou da inércia e da solidão,

* transformando a existência deprimente, restritiva,

* sem horizonte,

* em paisagem libertadora onde reina a esperança das árvores

* e a promessa do espaço azul, infinito,

* acima das montanhas mais inacessíveis.

Amando e confiando,

somos capazes de enfrentar as perguntas

 que antes não ousávamos formular,

mas que devem ser colocadas diante de nós,

seres humanos e, portanto, capazes

de perguntar, escolher e AMAR.

E nos momentos decisivos,

transfiguradores de nossa existência,

os sentimentos se revelam

 com tal poder e sinceridade

 que a coragem nos envolve,

nos fortalece e

nos faz caminhar com decisão.

 Convictos, confiantes no amor,

ILUMINADOS E TRANSFIGURADOS POR SUA CHAMA,

frágeis e fortes, trêmulos e fortalecidos,

 empreendemos uma caçada ao íntimo de nós mesmos

 e, procurando conhecer o nosso espírito,

e buscando compreender o próximo

(ouvindo, também, o seu coração...),

em toda a dimensão sombra-luz do ser humano,

chegamos, afinal, a entender,

à luz da reflexão,

a diferença fundamental

 entre andróide e pessoa humana:

o amor é, antes de tudo, um ato de fé e coragem.

 

Brasília, 13 de junho de 1997

Theresa Catharina de Góes Campos

Departamento de Fundamentos

Faculdade AEUDF

LEITOR APRECIA COMENTÁRIO SOBRE O FILME " BLADE RUNNER"

De: "Yan Jacobina" 
Data: Tue, 28 Mar 2006 20:41:16 -0300
Assunto: BLADE RUNNER

Theresa:

Navegando pela web e pesquisando sobre "Blade Runner", li seu artigo sobre o filme e quero dizer que nunca senti tanta inveja, como senti de você por escrever tão bem e fazer tão belo comentário sobre Blade Runner.

Você foi simplesmente Fantástica, parabéns...
Você escreveu tão bem, que deu vontade de ver de novo esse filme, que para mim é realmente uma obra dos deuses.

Ouvi dizer, não sei se você está sabendo, que se planeja um "Blade Runner" 2, baseado no livro que tem uma continuação na qual o policial Deckard iria a julgamento por ter matado um ser humano que ele julgou ser um replicante... é uma boa premissa para uma continuação, mas o primeiro foi tão perfeito para mim que se pudesse proibiria uma continuação (nem que fosse o Spielberg) do Blade Runner, não acha?
Acho que, em DVD, só existe a versão do diretor, ou já saiu a versão tradicional, cult? Se tiver, compro na mesma hora, até vou pesquisar no site da locadora, pois eu tenho em VHS, quando a Warner lançou seus primeiros filmes em VHS no Brasil.
Para terminar, queria dizer que achei o máximo o trecho em que você diz: " É uma obra-prima de imagens, sons e palavras".
Simplesmente você conseguiu resumir o que é o "Blade Runner"...
Bem, fiquei tão empolgado com seu texto que resolvi lhe escrever, mesmo não tendo o seu talento de traduzir em forma de palavras o sentimento do espetáculo que é este filme "BLADE RUNNER".
Grande abraço e que Deus lhe abençõe, dando cada vez mais inspirações
para outros textos tão lindos como esse...
Yan


Data: Wed, 13 Dec 2006 21:31:36 -0200 
De: "Theresa Catharina de Góes Campos"
Para: "Walter Filho"
Assunto: Sinto-me honrada em ser citada, tanto no seu livro como nas palestras

Prezado Dr. Walter Filho:

Sinto-me honrada com os seus elogios, assim como por ser incluída em seu livro, nas suas palestras, enfim, nos seus comentários.
Como esclareci em resposta a seu e-mail anterior, todos os meus textos podem ser reproduzidos e citados, desde que se registre a minha autoria.

Muito obrigada! Deus lhe pague!
Cordialmente,
Theresa Catharina
--------------------------------------------------------------------------------

Wed, 13 Dec 2006 03:43:15 +0000, "Walter Filho" escreveu:

Jornalista e Professora Theresa Catharina:

Não conseguiria dormir sem te enviar este e-mail. Ao  ler seu artigo sobre Blade Runner mergulhei no mundo do filme e viajei na música de Vangelis. Assisti ao filme várias vezes. Vou guardar para sempre sua frase: "Se eu só pudesse escolher um único filme para exibir e debater, eu escolheria "Blade Runner" . Eu digo o mesmo. Apesar de amar outros filmes maravilhosos e este não ser o meu favorito. Peço permissão para colocá-la no meu livro. Se possível,  leia o outro e-mail. De coração! Será citada em todas as minhas palestras sobre cinema. Estou encantado com seu trabalho. Agora dormirei melhor...abraços. Walter Silva Pinto Filho.


De: Dra. Márcia 
Data: 28 de novembro de 2012 19:24
Assunto: Blade Runner

Theresa,Entrei agora no seu site e o primeiro filme que busquei para ler o comentário foi exatamente o filme mais importante de minha vida, que faz parte das minhas coleções, e considero um dos melhores filmes de todos os tempos. Confesso que sua crítica é simplesmente maravilhosa.
"Blade Runner" é um filme atemporal. Um ícone do cinema e da eternidade.Cada cena do filme e sons da trilha sonora se perpetuam dentro de mim, como se eu o visse pela primeira vez, a cada vez que assisto a "Blade Runner" novamente. (...)
A cena de Hutger Hauer com Harrison Ford, quase no final, tem uma das fotografias mais intensas que eu já vi na vida:“...esses momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer....” Parabéns por eternizar, nas suas palavras, este"cult" , eternizado em celuloide e no coração dos amantes do cinema. 
______________________________

Dra. Marcia Rachel Ris Mohrer
Advogada
Rua Ribeiro de Lima, 453 – sala 704 – Bloco D São Paulo – SP – 01122-000


THERESA CATHARINA foi CITADA NA TRIBUNA DO CEARÁ por esta matéria referente a Blade Runner.
 

Jornalismo com ética e solidariedade.