Theresa Catharina de Góes Campos

  GUIAS TURÍSTICOS – INFORMAÇÃO E CONTEMPLAÇÃO

Tereza Halliday – Artesã de Textos

E-mail de primo cearense, radicado no Recife, deu o mote para este artigo. Transcrevo: “Sábado pela manhã, estive no Alto da Sé, centro histórico de Olinda, onde levei minha irmã para conhecer o mirante da caixa d´água. Eu também não conhecia. Muito bom! Uma vez dentro da igreja, tentei me concentrar diante do túmulo de Dom Hélder Câmara, para uma breve oração, mas o “guia” (não contratado, diga-se de passagem), com seu lero-lero não me permitia... Uma das informações que ele me passou foi que Dom Hélder era pernambucano. (...) Fora isso, tudo ótimo, inclusive a cervejinha supergelada no bar próximo.” Para muita gente, o famoso arcebispo de Olinda e Recife é um orgulho do Nordeste e do Brasil. Não precisa ser falsamente reivindicado como pernambucano. D. Hélder nasceu em Fortaleza em 1909 e faleceu no Recife em 1999. Era cidadão do mundo.

Guias turísticos precisam receber e transmitir informações corretas. Outro requisito desejável no desempenho de sua tarefa é uma boa dicção, pausada e clara, inclusive pronunciando os infinitivos dos verbos com o “r” final. Além disso, aumentaria a qualidade da experiência dos visitantes, conduzi-los a momentos de silêncio, seja diante de túmulos, seja diante de peças de arte ou belas paisagens. Em Paris, também tive de aturar o lero-lero de uma bem-intencionada guia, que não me permitiu um segundo sequer de curtição da paisagem a bordo de um “bateau-mouche”, enquanto o barco deslizava sobre o rio Sena e sob as pontes. O jorro do discurso turístico, com informações pertinentes, mas despejadas sem fôlego, quebrava o encanto do passeio. Atualmente, a atenção silenciosa só acontece de olho grudado nas telas dos i-phones da vida. Nas visitas a lugares belos, a atenção plena tão sabiamente defendida pelos zen budistas, terapeutas e muitas outras pessoas de sensibilidade e bom senso, ainda não se tornou “in”, como aconselharia o colunista João Alberto.

Em suma, informações fidedignas, boa dicção e pausas para contemplação precisam fazer parte da prática e da função educativa dos guias turísticos. (Diário de Pernambuco, 28/1/2013).

 

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