Theresa Catharina de Góes Campos

 

TÁXIS NO CARNAVAL

Tereza Halliday - Artesã de Textos

Relatos de motoristas com quem tenho conversado justificam o déficit de táxis no carnaval. Eles reconhecem que o ganho é muito bom no período momesco. Mesmo assim, muitos preferem não rodar durante os dias de folia. “É muito aborrecimento, madame. E acabo tendo prejuízo”. Que prejuízo? “Estresse e despesa”.

Ter de lavar o carro em lava-a-jato porque o passageiro bêbado urinou no assento. “Até mulher, porque não se aguenta, devido à escassez de banheiros. Aí, faz na saia, dentro do carro”. “E pense ter de higienizar e tirar o fedor de xixi do estofamento! Posso ter de ficar dois dias com o carro parado!”. Outros assinalam que o pior é o vômito dos passageiros muito embriagados. E a falta de respeito. Há os que agridem, entram querendo brigar. Outros deixam a educação básica em casa: “Chegou um e foi logo botando os pés no painel. E se zangou quando eu pedi para ele botar os pés no chão. Meu carro tem bom trato, todo limpinho. Não posso permitir bagunça e falta de educação”.

Outro passageiro, suadíssimo, pediu para ligar o ar condicionado. “Não posso, doutor. Primeiro tem de secar o suor no vento, com as janelas abertas”. O passageiro ofendeu-se e saiu batendo a porta. “Um favor que ele me fez”. O motorista deplorava a inhaca de suor em ambiente pequeno e fechado, como também sentia medo de “pegar alguma doença respirando aquele suor”.

Há comportamentos abusivos de certos motoristas recusando corrida curta e não cobrando pelo taxímetro. Os órgãos competentes estão de olho. Mas é impossível coibir os abusos de passageiros alcoolizados, como nos casos citados, Certo, “se beber não dirija”. Mas, quando pegar táxi, não urine nem vomite dentro do carro. Difícil de cobrar de quem bebeu demais. Por isso, vários taxistas retiram seus carros de circulação no carnaval, preferindo perder dinheiro a ganhar aborrecimento.

CORREÇÃO – No artigo anterior – “Guias Turísticos – Informação e Contemplação” (DP,28/1/2013) houve um erro conceitual: “guia turístico” é o livro, “guia de turismo” é a pessoa que desempenha esta função. Grata aos leitores Alice Cardoso e Chico Marques por reduzirem minha ignorância, explicando a diferença.

(Diário de Pernambuco, 11/2/2013)

 

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