Theresa Catharina de Góes Campos

 
NOTA BAIXA EM HIGIENE
 
Tereza Halliday – Artesã de Textos
 
Salvo honrosas exceções, a higiene está fraca em alguns recintos que deveriam praticá-la com rigor. Certos profissionais da saúde usam o jaleco fora do ambiente de trabalho, num perigoso leva e traz de germes patogênicos. Vi placa em restaurante self-service proibindo o uso dessa vestimenta funcional.  E vi portadores de jaleco dar o “jeitinho brasileiro”: não vesti-lo, mas carregá-lo dobrado no braço. Eita falta de noção! Corremos riscos também com os aparelhos usados para exames de vista, em clínicas oftalmológicas. Salvo louváveis exceções, não são sistematicamente higienizados, no atendimento em série, antes que o próximo cliente encoste o queixo e a testa neles.  Outra fonte de contágio é aquele instrumento de medição que as óticas usam no rosto dos clientes antes de aviar a receita de óculos. Eu mesma peguei uma infecção dermatológica na face após contato direto com um deles.
 
Em academias de ginástica, barrigas de tanquinho estão contraindo dermatite no contato com o resto de suor de quem usou os equipamentos anteriormente. Eca! O chão é mantido relativamente limpo, mas falta higienizar os equipamentos a cada uso.  É preciso desinfetá-los continuamente, pois recebem mãos e corpos diferentes, muitas vezes por dia. Instrutores nem sempre assumem essa higienização e alunos não devem interromper o ritmo e a sequência dos exercícios para passar álcool 70 em barras e estofados. Alcool que, por sinal, acaba e nem sempre é reposto. Há também descuido com a qualidade do ar – filtros de ar condicionado sem manutenção tornam o ambiente nada asséptico e gerador de gripes e outras doenças. 
 
Salvo honrosas exceções, essas academias acabam por sabotar seus nobres propósitos de templos da Saúde e Bem-Estar - tornam-se focos de doenças de pele e respiratórias. Tudo por não honrar normas de higiene, inclusive na ventilação dos banheiros, lavados porém malcheirosos. A poluição sonora é outro aspecto nocivo das academias de ginástica. Altíssimo nível de decibéis – mesmo agradando a muitos – não condiz com ambientes que se propõem a vender alta qualidade de vida. A não ser que sejam estabelecimentos exclusivos para deficientes auditivos.   
 
Usuários de jalecos, diretores de clínicas, óticas e academias: seu dever é tirar nota dez em higiene e assepsia!
 
(Diário de Pernambuco, 20/5/2013)

"Se avexe não. Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada"
(Accioly Neto)
(Avexar - forma nordestina de vexar, significando apressar-se, afligir-se)
 

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