| 
	
		
			|  |  |  |  
			| 
							
								|  | COMO FIQUEI, DEPOIS QUE ELES SE FORAM... 
 
 Os que partiram - aquelas pessoas
 queridas que tanto amei, em décadas
 de minha vida - e tanto continuo a amar -
 levaram consigo, a minha suposta,
 falsa inteireza. Era apenas aparente...
 
 
 Restaram-me partes dispersas,
 sem a totalidade que busco
 incessantemente, sem a inteireza,
 o vigor que pareciam tão visíveis.
 
 
 Do pouco e do muito que sempre fui,
 ficaram sombras fugidias, rastros do tempo
 que não consegui preservar por inteiro.
 Nem com a lembrança tão viva,
 dos gestos e das palavras de amor,
 quando vivos estavam...e no presente.
 
 
 Tudo estava nítido nos sonhos
 do que deveria ser, comunicar.
 Mas, na realidade passageira,
 nada havia de permanente,
 nem mesmo a espiritualidade
 dos laços de afetos e tantos
 gestos de carinho, renovados.
 Era uma passageira realidade.
 
 
 Como os que se foram,
 embora tão queridos,
 hoje ausentes da realidade,
 o falso integral se desfez
 em todas as separações.
 
 
 Nem tudo foi como deveria.
 Ficou a dor do nunca ter sido,
 o sofrimento da imperfeição -
 latejando fundo, sem parar -
 a dor de nunca ser tudo
 o que esperavam de mim.
 
 
 Gotícula que se foi no rio,
 pétala da flor desfolhada na brisa.
 Sombra incompleta na saudade
 lacrimosa do todo que se foi,
 em cada uma das separações.
 
 
 Na inteireza do amor, as partes, os fragmentos
 se completaram na espiritualidade, dispersos
 no brilho real das estrelas, que é consolador,
 em meio às incompreensões que ocorreram,
 às injustiças jamais desfeitas ou corrigidas.
 
 
 Peço que me perdoem por esses versos tristes.
 Há quase quatro anos tento lhes minorar a dor,
 sem conseguir. Desisti de apagá-los. Nem justo
 seria escondê-los por mais tempo. Reconheço,
 afinal: assim fiquei, depois que eles se 
								foram...
 
 
 Theresa Catharina de Góes Campos
 Brasília- DF, 13 de outubro de 2009.
 Última revisão:
 São Paulo - SP, 29 de junho de 2013
 |  |  |  |