Theresa Catharina de Góes Campos

  MEDITAÇÕES ANTE A PAISAGEM


Vou levar para casa, comigo,
no meu arquivo de imagens,
memorizadas no coração,
esta paisagem gentil que vejo,
e revejo, para acalmar a rotina
de horas e minutos irredutíveis
no relógio, rotina perturbadora
se procuro, questiono ausências.


Sei que o Lago, sem os devidos cuidados
para a sua preservação, pode ser finito...
esta minha vida terrena e frágil, também.


Vou levar comigo a beleza simples
da paisagem em azul, arrebatadora:
uma visão que me recebe, acolhedora.
Vou levar comigo para casa, agora,
esta paisagem gentil que contemplo
e revejo, para corresponder, solícita,
aos convites sutis para meditações.


Por demais surpresos, alguns me dizem,
sobre o encantamento que não entendem:
"na chuva, as águas barrentas se tornam,
a paisagem do Lago perde a beleza fugaz."


Não me fazem desistir, tais observações
que seriam racionais e desalentadoras.
Não me importo, continuo argumentando.
Gosto do que contemplo, mesmo assim...
Não desisto de levar comigo a imagem
do Lago que se transforma diante de mim
sem perder a magia inegável da paisagem.


Nós também somos assim...
Sofremos mudanças, reagimos
às chuvas de nossa vida finita,
às tempestades que desafiamos.
Nada, porém, consegue esconder
o brilho real de nossa humanidade,
a essência espiritual, indecifrável.


Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília-DF, 07 de outubro de 2013

De: Tereza Lúcia Halliday
Data: 8 de outubro de 2013 22:08

Belo e vero. Grata por compartilhar. Abraço, Tereza Lúcia.


De: Elizabeth Barros
Data: 11 de outubro de 2013 20:01

Linda, a sua poesia, Tia Therezita, gostei muito.
Que bom a senhora estar sempre se sentindo inspirada para escrever.
Isso é muito importante.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.