Theresa Catharina de Góes Campos

   

RESPONSABILIDADE E CORTESIA NO USO DOS CELULARES E OUTROS ELETRÔNICOS

No campo e na cidade, dentro e fora dos edifícios e veículos, uma praga se alastra como epidemia sem vacina, simulando progresso e liberdade. O uso desenfreado, descontrolado e abusivo, sem regras e sem responsabilidade, telefones celulares, bips e outros aparelhos eletrônicos interrompem conversas, invadem o espaço sonoro; perturbam os momentos de oração e lazer, as salas de aulas, as bibliotecas, as igrejas, os cinemas e teatros. Deterioram as relações humanas, familiares e sociais. Uma realidade que traz consequências deprimentes!

Na direção de veículo e no trânsito, CELULARES demonstram que podem MATAR OU FERIR COM GRAVIDADE! Os pedestres também precisam estar atentos, para não se tornarem vítimas ou provocarem acidentes. Aja diferente: seja exemplo, ensine como evitar acidentes.

As pessoas não parecem entender que, ao invés de se comportarem mostrando evolução, poder, eficiência e posse, estão revelando incompetência no uso de seu precioso tempo. Afinal, se deixam envolver em compromissos supostamente inadiáveis, abdicam de seus momentos de privacidade, esquecem as mais elementares regras de etiqueta, agem como indivíduos descorteses, egoístas ao extremo.

Os celulares, smartphones, tablets, notebooks ou laptops levados nas mãos e utilizados até nos reservados dos banheiros públicos, costumam depois ser colocados nas mesas de restaurantes e nos balcões de lanchonetes, acintosamente transmitindo infecções e doenças, assim se transformando em grave problema de saúde pública. Nas clínicas e nos hospitais, a utilização irresponsável desses aparelhos invasivos, infectados pela constante ausência de higiene, com certeza deve causar malefícios em todos os setores.

Falta de educação, organização, planejamento...salta aos olhos dos que, incomodados e/ou boquiabertos, resistem a esse tipo de escravidão voluntária, sentem-se mal e aguardam que, num instante de reflexão, os viciados no uso ininterrupto de novidades eletrônicas e telefones celulares venham a compreender que se deixaram dominar por um vírus barulhento e visível.

Ora, não se trata mais de prova de status; aparelhos reais, ou de brincadeira, surgem nas mãos de todos... como armas quase tão perigosas como os revólveres e outros armamentos, inclusive "de brinquedo" (?!). Olhando à volta, vemos que apenas os bichos ainda não dispõem de celular e outros dispositivos portáteis. E por isso são mais saudáveis do que nós!

Que compreendamos sem demora, para o nosso bem e de nosso próximo: CELULAR não é gente; não faz companhia a ninguém!

Tenhamos a coragem de resistir às tendências inconscientes da sociedade incapaz de reflexão em que estamos inseridos, colocando limites aos exageros e abusos, dizendo "não" a esta nova forma de escravidão voluntária.

Nosso descontrole já se reproduziu nos comportamentos habituais dos adolescentes e das crianças, com efeitos negativos em sua vida.

Conscientes da liberdade que precisamos conquistar a cada dia, reconhecendo os direitos e a dignidade do próximo, aprendamos - e tenhamos orgulho de mostrar que sabemos exercer tal domínio - a manter nossos celulares e outros "objetos inteligentes", apesar de ativos, agradavelmente invisíveis e calados, aguardando que a nossa inteligência e cortesia determinem quando, em que momento, ou como identificarmos uma situação de urgência, para que necessitemos utilizá-los!


Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília-DF, 2010 (texto revisado, ampliado e atualizado em 30 de janeiro de 2014)


De: Tereza Lúcia Halliday
Data: 4 de janeiro de 2011 18:39

Querida Therezita:

(...)
O seu texto em prosa sobre o uso dos celulares, diz tudo o que eu sinto sobre o assunto.(...)

Um carinhoso abraço,
Tereza Lúcia

 

Jornalismo com ética e solidariedade.